A propósito do crescimento que o mercado automóvel tem conhecido desde o início de 2014, a Fleet Magazine questionou Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, sobre as razões desse aumento e aquilo que poderá prejudicar a recuperação do sector.
FM – A acreditar que o ritmo de vendas atual possa manter-se, o mercado automóvel em Portugal poderá chegar às 170 mil unidades em 2014. Como comenta este crescimento, que razões encontra para que esta situação esteja a acontecer?
HP – Como é sabido, o mercado automóvel em 2012 desceu para valores de 1985! O ano de 2013, embora com crescimento, foi o segundo pior desde 1985. Ora para 2014 a previsão é de forte crescimento percentual, embora os valores do mercado se encontrem abaixo dos anos anteriores a 2012. Os cinco primeiros meses do ano levam-nos a prever que o mercado total de veículos ligeiros possa crescer cerca de 23%, acima da previsão efetuada pela ACAP no início do ano. Como referi, apesar do crescimento homólogo positivo, as vendas ainda não atingiram os valores normais do mercado, se tivermos em conta a média dos últimos cinco anos, De qualquer modo, consideramos positivo que o mercado esteja a recuperar. Em nossa análise, esta recuperação deve-se mais ao mercado de empresas do que ao mercado de particulares. Nos dois anos anteriores, muitas empresas prolongaram o prazo dos contratos das suas frotas e, este ano, começaram gradualmente a renovar essas frotas.
FM – O que espera a ACAP do governo que possa estimular o sector? Ou temem a tomada de algumas medidas económicas que possam prejudicar este crescimento?
HP – A ACAP apresentou, ao Governo e à Assembleia da República, uma medida concreta para dinamizar o mercado automóvel: a renovação do Programa de Incentivos ao Abate de Veículos em Fim de vida. Fomos a primeira associação empresarial a apresentar uma Petição na Assembleia da República solicitando a reintrodução desta medida. Esta petição foi discutida no Plenário e todos os Partidos apoiaram a proposta. Mas o Governo ainda não considerou oportuna a sua reintrodução, ao contrário do que já fez o Governo espanhol. Por outro lado, discordamos frontalmente do agravamento das taxas de tributação autónoma, em IRC, no que respeita aos veículos adquiridos pelas empresas. É mais uma medida negativa para as empresas em geral e para o sector automóvel em particular.