Qual foi a dimensão do mercado de carros usados importados para Portugal ao longo de 2017?
Qual foi o peso destes carros em relação ao número de registos de carros novos no mesmo período?
E por que razão algumas marcas foram preferidas em relação às restantes?
Esta é a análise que se pretende fazer nas linhas que se seguem.
O número total de viaturas importadas pelos canais oficiais e que motivaram novos registos de matrícula em 2017 foi de 66.193 para modelos de passageiros e 2.176 unidades comerciais ligeiras.
Em relação ao número total de matrículas de carros novos em 2017, estes valores representam 29,8% e 5,65%, respetivamente.
As 5 marcas com maior volume de importação de ligeiros de passageiros foram:
- Renault (12689)
- Mercedes-Benz (8725)
- Peugeot (8359)
- BMW (7969)
- Citroën (3895)
As 5 marcas com maior volume de importação de comerciais ligeiros foram:
- Citroën (470)
- Peugeot (362)
- Renault (359)
- Mercedes-Benz (283)
- Iveco (136)
A primeira observação vai para o não surgimento de nenhum marca do grupo Volkswagen neste lote de cinco marcas de cada um dos segmentos.
A explicação está na desconfiança do mercado de usados quanto às soluções preconizadas pelo construtor em relação à resolução da discrepância de emissões.
Como a maioria dos carros importados continua a dispor de motor a gasóleo, correspondendo ao desejo da procura nacional, o receio de não poderem ser efetuadas as correções preconizadas ou de os carros com os motores afetados poderem vir a criar problemas aos clientes em futuras IPO, levou os comerciantes a reduzirem a oferta de carros do grupo alemão.
Por outro lado, verificou-se a ascensão de marcas como a Citroen e Peugeot, não apenas de carros com motor a gasóleo (em maior número) como ainda de modelos híbridos das duas marcas (em numero significativo).
Assim, tanto do Peugeot 508 como do Citroen DS5 verificou-se um maior interesse por unidades híbridas destas duas marcas, uma vez que os valores baixos de emissões atenuam a componente CO2 no pagamento do respetivo ISV.
Pela mesma razão assistiu-se ao aumento da importação de unidades 100% elétricas, com destaque para o BMW i3 e para as mais de quatro dezenas de unidades da Tesla.
Além da Mercedes-Benz, Volvo e Audi, duas marcas premium conheceram um número significativo de importações: Porsche com mais de quatro centenas de unidades e Jaguar com quase duas centenas.
No entanto, convém ter presente que este é um mercado com uma faixa de idades das viaturas bastante ampla e que engloba também modelos com carácter histórico de marcas já desaparecidas, como a Saab, Austin, Rover, Triumph ou Simca, por exemplo.