A Nissan quer mostrar que está completamente empenhada na mobilidade elétrica e que aposta em Portugal para levar a cabo as suas estratégias.

Ponz Pandikuthira, vice-presidente para planeamento de produto da Nissan Europe, veio fazer uma abordagem do que poderá ser o ecossistema do futuro electrificado e justificar por que é que ele é necessário, desejável e inevitável.

Uma forma de olhar para isto é ver como a indústria automóvel está a olhar para este mercado .

A Nissan espera que, em 2020, existam 300 mil elétricos em circulação na Europa, mas uma média de projecções de várias fontes afirma que, cinco anos depois, poderão ser dois milhões (LMC:600k/yr, Blommberg:1,4M/yr, Norway Projection: 2,8M/yr, COP21: 2,6M/yr).

O negócio, dada a tecnologia possível nos elétricos, é gigantesco. A visão tradicional do mercado automóvel dizia que a oportunidade é de 1,6 mil milhões de dólares:

80M novos carros vendidos X 20k dólares/carro = 1,6 mil milhões de dólares

Mas uma visão mais actual diz que o mercado automóvel pode valer mais de 10 mil milhões de dólares:

Mil milhões de viaturas X 10k milhas/ano X 1 dólar/milha = 10 mil milhões de dólares

Sendo que a oportunidade de criação de serviços durante as viagens nas viaturas é ainda maior:

10 mil milhões milhas/ano X 25 mph = 400 mil milhões horas

O ecossistema de mobilidade de mobilidade integrada vai ter então operadores tão diferentes como locadoras, agências de viagens, plataformas de software ou operadores de transporte público.

 

De zero para 30 TB de dados

A Venian, que esteve também presente no evento, tem o seu modelo de negócio assente numa visão parecida. O objectivo da empresa que nasceu no Porto é aproveitar o crescimento destes dados e oferecer a plataforma capaz de os gerir.

Hoje em dia, exemplificou, nas Ramblas, em Barcelona, 400 pessoas produzem um tráfego de 330 MB/hora, mas 50 carros nem sequer produzem 0 MB. Em 2025, este volume vai crescer para 1,6 GB nas pessoas e 160 GB para apenas 20 viaturas!

 

E isto porque a capacidade de geração de dados aumenta com a complexidade da informação partilhada. Uma viatura com um sistema de telemetria está apenas a emitir 0.34 GB/mês, mas um modelo com wi-fi para os passageiros pode chegar aos 10 GB/mês. A nova geração de viaturas, com serviços de mobilidade agregados poderá chegar aos 50 GB/mês e os sistemas de condução autónoma poderão gerar um trafego de 30 TB/mês.

 

Grandes decisões, precisam-se!

Houve ainda espaço para recados deixados aos governantes portugueses. Brice Fabry, diretor de Estratégia e Ecossistema de Zero Emissões, aproveitou o debate onde esteve presente para dizer que são as “grandes decisões” que fazem com que a mobilidade elétrica avance mais depressa.

José Gomes Mendes, o representante do governo que mais tem dado a cara por esta questão, confirmou que se trata de uma questão de apoios e de como investir o dinheiro.

 

“Há dois anos, o que aconteceu foi que era preciso retomar a rede de carregamento elétrico e parte do budget [que poderia ser para incentivos às compras de viaturas] foi para aí”, disse. E que os incentivos futuros estão em cima da mesa, dependendo de limitações orçamentais para acontecerem.

Mas, no futuro, e sublinhando que era a sua própria opinião, a fiscalidade irá incidir sobre a utilização. As métricas vão ser os quilómetros percorridos e as emissões de CO2. Poderá haver um sistema de créditos que beneficie os utilizadores, de forma a incentivar cada vez mais a utilização deste tipo de viaturas.

Da parte da Nissan, foi anunciado o programa da Leaf4Trees, com o qual pretende plantar o dobro das árvores que correspondam às não-emissões de CO2.

Considerando o período desde abril de 2017 até março de 2018 (ano fiscal da Nissan), estima-se que os quilómetros percorridos, sem emissões de CO2, pelos Nissan LEAF e e-NV200, em Portugal, sejam de cerca de 20 milhões. O que representa uma não emissão de cerca 2 mil toneladas de CO2, com base nas emissões médias da Nissan em Portugal em 2017 (dados oficiais ACAP).

Ou seja, os automóveis zero emissões da Nissan que circulam em Portugal têm, anualmente, um impacto positivo sobre o Ambiente equivalente ao “trabalho”, durante esse mesmo ano, de quase 150 mil árvores.