A Mobilidade do Futuro passa por uma aposta em informação clara e diversificada, em incentivos à mobilidade elétrica e na promoção de soluções para “smart cities”. Estes são os conceitos-chave que resultaram da conversa que procurou encontrar uma solução para a construção da mobilidade do futuro.

Foram partilhadas, nesta e-talk, as diferentes perspetivas e medidas adotadas pelas organizações que trabalham na construção daquilo que é a “mobilidade de amanhã”, tendo sempre por base a ideia da urgência por uma mobilidade mais verde e ecológica.

A mobilidade elétrica foi assim apontada como ponto-chave do trabalho de todas as entidades que se fizeram representar no debate, em forma de e-talk; A saber: BMW Portugal, Associação de Veículos Elétricos (UVE), Schréder Hyperion, EMEL e Critical TechWorks.

Há “um grande caminho a percorrer” e continua a ser essencial a criação de medidas que promovam o crescimento da mobilidade sustentável em Portugal.

“Os portugueses já estão a mudar os seus hábitos e mentalidades”

Posição assumida pela BMW Portugal, que na pessoa de Massimo Senatore, diretor-geral da marca no nosso país, assumiu que a mobilidade elétrica é já uma realidade para a maioria dos cidadãos portugueses.

Ainda assim, Massimo Senatore considerou que as infraestruturas públicas de postos de carregamento podem ser melhoradas.

https://fleetmagazine.pt/2020/09/23/leaseplan-chargeupnow/

Henrique Sanchez, presidente do Conselho Diretivo da UVE, por sua vez, defendeu que as marcas devem diversificar a sua oferta de BEV e defende um reforço da rede pública de carregamento e o alargamento dos incentivos do Estado. Sanchez citou ainda o exemplo da Noruega, que viu a procura por BEV aumentar depois de um conjunto de incentivos governamentais generalizados.

E as empresas?

Para que as organizações adiram a um pensamento mais sustentável, é necessária mais e melhor informação. “Ainda existe algum preconceito em relação aos BEV”, dizia Sanchez, que lançava um desafio às marcas e aos portugueses – o de fazerem test-drives por períodos mais alargados para que os consumidores possam integrar o veículo 100% elétrico na sua rotina diária.

Pedro Silva, CTO da Critical TechWorks, joint-venture entre o BMW Group e a Critical Software, acrescentou que Portugal está a reagir e que “começa a existir uma alteração de comportamentos e mentalidades, com uma maior oferta da gama de veículos BEV e uma maior penetração dos mesmos na sociedade”.

O responsável fez ainda questão de destacar o trabalho desenvolvido pela empresa com a BMW para a criação de um programa de fidelização – a app BMW Points, que será lançada em breve no nosso país. O programa de fidelização pretende analisar o “comportamento elétrico” da população. Como? Por cada km percorrido em modo elétrico, o condutor ganha 1 ponto, que pode depois ser usado como crédito para fazer carregamentos gratuitos nos postos de carregamento.

Eletrificação urbana

Luís Natal Marques, responsável da EMEL, referiu que o objetivo da empresa é transformar Lisboa numa “smart city”, inserida no contexto de Mobilidade do Futuro. Como tal, têm sido criadas ações concretas na resposta dada nos centros urbanos que contam com cada vez mais restrições à circulação dos automóveis.

https://fleetmagazine.pt/2020/10/20/sector-automovel-europeu-acea/

A visão da EMEL é clara: “é necessário apelar aos cidadãos para serem eles os protagonistas ao desafiarem os governos a adotarem medidas concretas neste sector”.

Nicolas Keutgen, criador da Schréder-Hyperion, por seu turno, fez questão de destacar os projetos que a empresa tem desenvolvido com a marca automóvel alemã: a utilização de postos de iluminação para carregar os BEV ou a colocação de câmaras que permitem aumentar a segurança ou medir o tempo que o veículo fica em determinado lugar do estacionamento.

Portugal na vanguarda?

Para o criador da Schréder-Hyperion, é possível que o nosso país se posicione na vanguarda do sector. Por ser um país pequeno, com cidades mais pequenas, onde as políticas públicas utilizadas são mais fáceis de integrar, Portugal tem “a vantagem de ter instituições públicas mais sensíveis à inovação” e à criação de uma Mobilidade do Futuro.