A tecnologia 5G promete transformar as nossas vidas.
As redes da quinta geração móvel vão ser até 10 vezes mais rápidas do que as actuais 4G, apontando para serviços na ordem de 1 gigabit por segundo, com tempos de resposta (latência) muito menores (cerca de metade, 10 ms) numa primeira fase do desenvolvimento.
Quando totalmente implementada, apresenta-se como um salto gigantesco e uma revolução.
Muito mais que uma tecnologia, o 5G é todo um novo ecossistema em cima do qual vão emergir novos modelos de negócio, produtos e serviços inovadores.
Uma daquelas tecnologias a que podemos chamar exponenciais e que encerra em si mesmo um enorme potencial de disrupção para várias indústrias devido à quantidade de dados que vai poder transportar numa fracção do tempo.
Várias organizações, consultoras e a própria Comissão Europeia estimam um impacto positivo na criação de milhões de empregos e triliões no PIB mundial devido ao esperado efeito na produtividade e atividade económica.
Sabe-se, no entanto, que todo este potencial só será disponibilizado de forma gradual uma vez que a tecnologia não está ainda totalmente especificada e serviços mais complexos surgirão posteriormente.
Numa primeira fase estarão disponíveis os serviços do tipo eMBB (enhanced Mobile Broadband), uma extensão da actual banda larga móvel, com velocidades 10 vezes superiores, permitindo aplicações tão exigentes como vídeo 4k e Fixed Wireless Access (acesso fixo via rádio), entre outras.
Numa segunda fase, serão introduzidos serviços de muito baixa latência URLLC (Ultra Reliable Low Latency Communications) onde os valores descerão abaixo de 5 ms, podendo ser aplicados no controlo remoto e automatizado de máquinas e veículos, bem como aplicações industriais onde o tempo de reação e processamento locais (edge computing) são necessários.
Finalmente, numa terceira fase as mMTC (massive Machine Type Communications) têm a capacidade de servir milhões de sensores e terminais por km2, ou seja, a evolução das soluções de IoT atuais sobre 4G (conhecidas como Narrowband-IoT).
Todo o sector dos transportes e a indústria automóvel em particular beneficiará inevitavelmente desta emergente tecnologia uma vez que levará a comunicação e conectividade a um outro patamar.
A possibilidade de veículos estarem conectados a outros veículos (V2V ou Vehicle to Vehicle), peões (V2P ou Vehicle to pedestrian), infraestrutura (V2I ou Vehicle to infrastructure) e rede (V2N ou Vehicle to network) permitirá o desenvolvimento de múltiplos serviços revolucionários, prometendo beneficiar todo o ecossistema de mobilidade e acima de tudo salvar muitas vidas.
As possíveis aplicações são inúmeras.
Desde logo, numa primeira fase o eMBB irá promover a concepção de uma nova geração de informação e entretenimento a bordo. Posteriormente o URLLC permitirá o controlo remoto e redes V2X (Vehicle to everything) e finalmente o mMTC irá facilitar a disseminação de sensores distribuídos nos veículos e infraestrutura.
Imagine-se um mundo onde o constante fluxo de informação entre o veículo conectado, pedestres e infraestrutura rodoviária permite antecipar e evitar situações perigosas reduzindo o risco de colisões.
Ou o V2X ao tornar todos os veículos e a própria rede mais inteligentes dando origem a menos congestionamentos e consequentemente níveis de emissões mais reduzidos ao processar informações de trânsito em tempo real, optimizando rotas.
Estes são apenas alguns dos exemplos do que facilmente imaginamos ser possível. Mas o mais estimulante é o que não conseguimos sequer hoje em dia idealizar.
A Coreia do Sul foi o primeiro país do mundo a disponibilizar a nível nacional o 5G.
No entanto, hoje assistimos a uma corrida global pela adopção desta tecnologia, uma vez que isso significa ganhar uma enorme vantagem competitiva.
Em paralelo com a disputa geoestratégica que está em curso, entre os Estados Unidos e a China, vários pilotos decorrem em diversos países, com várias cidades espalhadas pelo mundo cobertas com a quinta geração móvel.
Na Europa, um dos projectos planeia ligar o Porto a Vigo através de um corredor 5G para veículos conectados e autónomos.
As melhores previsões apontam para que o 5G só atinja a maturidade dentro de dois ou três anos, em todo o caso em 2020 deverão surgir as primeiras redes comerciais com terminais disponíveis em maior quantidade, promovendo o processo de adoção da tecnologia.
Muito mais que uma tecnologia o 5G é todo um novo ecossistema em cima do qual vão emergir novos modelos de negócio, produtos e serviços inovadores.
Pode ainda demorar algum tempo a tirarmos total partido das redes da quinta geração móvel.
Mas uma coisa é certa, as peças começam a encaixar, o puzzle começa a tomar forma e podemos antever que as oportunidades serão imensas.