Entre as iniciativas que a Arval está a promover de incentivo à Mobilidade Elétrica contam-se parcerias com marcas automóveis e fornecedores de sistemas de carregamento. Paralelamente desenvolve soluções internas de apoio à transição energética, incluindo para novos modelos de mobilidade
A gestão de frotas está a passar por mudanças significativas. Desde logo a eletrificação das viaturas, que obriga a novas práticas da parte dos condutores e à adaptação das infraestruturas, bem como a novos investimentos da parte das empresas. A necessidade de implementar processos mais eficientes e estabelecer práticas mais avançadas de gestão, redefinindo conceitos, rotas e critérios de atribuição, requerem a obtenção e tratamento de dados, implicam a digitalização e automação de processos, contexto no qual a telemática assume um papel fundamental.
Ciente de todas estas necessidades, a Arval diz-se preparada para ajudar as empresas a enfrentar estes desafios e outros, como o de repensar do conceito tradicional de mobilidade empresarial, que até agora, muitas vezes, envolvia apenas o automóvel. E isso porque os cidadãos, a mobilidade urbana e os compromissos de responsabilidade social das empresas levantam exigências que a gestora vem identificando, nomeadamente através de inquéritos regulares junto dos clientes, como aqueles que resultam em estudos como o Arval Mobility Observatory.
José Pedro Pinto é, desde fevereiro de 2022, diretor geral da Arval Portugal. Conhece a dinâmica do grupo BNP Paribas há quase duas décadas. Fez parte do Conselho de Administração do Banco e liderou o departamento de gestão de risco de entidades financeiras do grupo. Ora se há sector onde a necessidade de saber fazer gestão de risco é importante, ele é o que se encontra ligado ao automóvel e à mobilidade das empresas. Sobretudo no momento atual, em que as necessidades de transição energética e de investimento se conjugam com incertezas como a evolução da inflação e das taxas de juros, ou com dificuldades e atrasos na entrega de algumas viaturas.
Arval: parceria inteligente para a transição energética da frota
Há um modelo de gestão de frotas antes da pandemia e depois da pandemia? Que razões justificam as mudanças em curso?
O negócio de gestão de frotas e da mobilidade em geral está em profunda transformação. Vivemos uma disrupção tecnológica no mundo automóvel, um desafio imediato, mas também intra geracional de transição energética, novos modelos de distribuição de viaturas e nova regulamentação.
A pandemia veio acelerar a mudança. Trouxe novos métodos de trabalho que irão perdurar e também desafios conjunturais nas cadeias de abastecimento e operacionais relacionados com frotas de duração média superior. A pandemia exigiu um grande esforço de adaptação, mas trouxe também grandes oportunidades de desenvolvimento na forma como acompanhamos os nossos clientes, da oferta e da organização do trabalho.
Das soluções que foram surgindo entre 2020 e 2022, há alguma que acabou por se instalar e normalizar nas frotas? Nomeadamente alguma que continue a despertar interesse?
A evolução das necessidades de mobilidade é uma consequência da introdução do trabalho remoto e, paralelamente, de objetivos corporativos e de sustentabilidade mais exigentes.
Por outro lado, a inflação, seguida da subida abrupta das taxas de juro, também contribuem para a procura de novas soluções e para a necessidade da revisão da política de frota de muitos dos nossos clientes.
Prova disso é o crescente interesse pela nossa solução telemática Arval Connect, porque ela permite aumentar a eficiência das rotas e melhorar o comportamento de condução em termos ambientais, de consumo e segurança. E a procura das nossas soluções integradas para apoiar a eletrificação da frota, que já dispunhamos, como a disponibilidade do carregador mais indicado para cada caso e de cartão para utilização na rede pública, vai certamente acentuar-se nos próximos anos.
O aumento dos custos de aquisição das viaturas, dos juros, dos encargos com as manutenções, pneus, seguros… como é que a Arval tem gerido estes fatores junto das empresas, sabendo o impacto que tudo isto tem nas rendas, na fiscalidade, de uma forma abrangente no agravamento do TCO?
A pressão sobre os preços é grande por causa de tudo o que acabou de descrever.
A Arval tem procurado ativamente mitigar estes efeitos de duas formas. Em primeiro lugar preconizamos uma abordagem consultiva, visando a otimização do TCO. Com isso procuramos perceber ao detalhe as necessidades dos nossos clientes, para depois propor as soluções mais adaptadas. Seja no que se refere ao tipo de viaturas, tendo em conta as rotas e objetivos de otimização fiscal, seja no aconselhamento de regras de utilização e políticas de frota, no ajuste quilométrico… E, claro, na oferta de formação em condução eficiente para todos os utilizadores, conjugando-a com a partilha de informação obtida através do Arval Connect.
Adicionalmente a isto estamos a lançar novas soluções de mobilidade que vêm complementar a nossa oferta atual. É o caso do renting de usados mas também de outras formas de “soft mobility”, como é o recente lançamento da solução de renting para e-bikes, que está a despertar bastante interesse junto dos nossos clientes!
Arval lança renting de e-bikes para empresas. Rendas a partir de 59 euros (+ IVA)
A segunda vertente é a melhoria contínua dos nossos processos “end to end” incluindo, evidentemente, os serviços prestados pelos nossos parceiros de negócio. O aumento da eficiência, acompanhado da qualidade do serviço prestado, são fundamentais para conseguir ter uma oferta mais competitiva. E em paralelo também melhorar a experiência dos nossos clientes e condutores.
O trabalho de consultadoria continua a ser essencial para as empresas?
Sem dúvida. No contexto atual, a abordagem consultiva e as práticas de melhoria contínua são obviamente muito importantes. Na Arval, a orientação para o cliente, procurando continuamente soluções inovadoras e mais adaptadas, bem como a melhoria dos processos, vão para além dos desafios conjunturais; fazem parte dos nossos valores!
Por falar em aumento de encargos com a frota, em média, entre 2020 e atualmente, qual foi a percentagem de aumento de rendas típicas a 36 e a 48 meses?
O valor médio do aluguer cresceu significativamente. Algo entre 25% e 30%, dependendo dos casos. Estes valores resultam de um estudo elaborado pela Arval Consulting, decompondo os vários elementos de variação dos preços nesse período. Onde se destaca o aumento das taxas de juro.
Trabalhos de análise como este são fundamentais para ajudar os nossos clientes a terem elementos tangíveis para fundamentarem as suas decisões e resolverem o dilema entre o aumento de custo ou adaptação da tipologia de viaturas, onde as viaturas elétricas são cada vez mais consideradas.
Continua a existir relutância por parte de algumas empresas no que se refere à utilização da telemetria enquanto ferramenta de gestão? Como é que a Arval pode apoiar as empresas nesta questão em particular?
Nos últimos anos, a Arval tem conduzido estudos frequentes junto de clientes em vários países sobre a utilização dos sistemas de telemática, precisamente para melhor captar as suas necessidades e objetivos. Confirma-se o crescimento do número de empresas a equipar as suas viaturas, quer se tratem de frotas operacionais ou não. Mas também algumas dificuldades na sua implementação.
Os objetivos são claros. As empresas querem mais e melhor informação para otimizar o tempo de deslocações, a segurança e o conforto dos condutores, para reduzir os custos com o combustível… e também devido à crescente preocupação com a sustentabilidade.
Quanto às barreiras, estão essencialmente relacionadas com a geolocalização e com a preocupação com a proteção de dados. Adicionalmente, a falta de conhecimento e de recursos internos para maximizar as vantagens e o valor do investimento também constituem ainda um obstáculo.
Por tudo isto, decidimos a atualizar a nossa plataforma telemática Arval Connect. A atualização que está agora a ser lançada em todo o mundo, incluindo em Portugal, e já conta com mais de 400 mil viaturas conectadas.
O Arval Connect oferece grande segurança na proteção de dados e está certificado com a ISO 27001. É uma oferta muito competitiva, com um algoritmo incorporado que oferece várias oportunidades de retorno/poupança, e que torna possível atingir os objetivos pretendidos na grande maioria dos casos.
Mesmo sem a geolocalização.
Enquanto antigo diretor de risco, que perigos podem enfrentar os modelos atuais de gestão de frota?
A gestão do risco evoluiu muito nos últimos 10 anos. Os processos atuais de seguimento dos vários tipos de risco como o operacional, de crédito, de liquidez, de concentração, etc. são bastante mais completos e sofisticados.
A revolução digital, as novas tendências de consumo, a transição energética e a própria evolução regulamentar foram decisivos para esta mudança.
No negócio específico da Arval temos ainda evidentemente a necessidade de gerir corretamente o risco do valor dos nossos ativos num contexto de maior volatilidade do mercado automóvel. Neste sentido, parece-me fundamental:
- Ter um modelo de governação de gestão do risco adequado;
- Monitorizar frequentemente a eficácia dos modelos preditivos de suporte à decisão;
- Manter a coerência com a estratégia da empresa.
Neste ponto em particular, estando a Arval totalmente comprometida com a transição energética, está também disponível para assumir um nível de risco superior nas viaturas eletrificadas. E isso contribui para alcançar um TCO mais competitivo.
Estou perfeitamente consciente das vantagens de pertencermos a um grupo com a solidez financeira do BNPP, que garantidamente promove as melhores práticas internacionais de gestão de risco nas suas várias unidades de negócio e geografias.
E sendo a gestão do risco uma parte importante da nossa cadeia de valor, ao assumirmos o risco dos ativos, retirando esse ónus aos nossos clientes, num contexto de maior incerteza estamos naturalmente a valorizar a nossa oferta.
Arval Beyond: uma estratégia bem definida para o mercado português (II)