O financiamento automóvel voltou a dinamizar o mercado automóvel em Portugal.

Esse é o único dado seguro, uma vez que os valores envolvidos cresceram face a 2017.

Mas as novas fórmulas de aquisição estão a baralhar ainda mais a capacidade de distinguir entre compras profissionais e particulares

Tal como em 2017, um volume maior de clientes/empresários em nome individual e de clientes particulares aderiram a fórmulas híbridas de aquisição que envolvem entrada inicial, renda com viaturas e serviços durante um determinado período e devolução no final do contrato, valor residual ou troca da viatura e efectivação de um novo contrato.

O aumento de contratos AOV de pequena e média duração aumentou em 2018 por este efeito, mas também pela crescente adesão às novas plataformas TVDE, onde o serviço de transporte por carro descaracterizado tanto é operado em nome individual, como por pequenos empresários que detém mais do que uma viatura.

Se para algumas grandes contas, como constatamos em algumas entrevistas realizadas junto de algumas empresas em 2018, também fez sentido contratos de renting com prazos inferiores a 24 meses, por outro lado, algumas marcas estimularam as gestoras de frota a activar campanhas AOV de curta/média duração, no sentido de dinamizar vendas e constituir stock de usados a breve prazo.

Outro grande pólo dinamizador das matrículas de carros novos voltou a ser a actividade do rent-a-car, com mais de ¼ do mercado, se adicionarmos, aos números disponibilizados pela ARAC, uma série de pequenos operadores que não são associados desta entidade.

Por fim, o forte aumento de auto-matriculas realizado até Agosto, antecipando a entrada em vigor das novas regras do WLTP em Setembro e por causa da indefinição fiscal até muito próximo dessa data, foi contrabalançado com a redução deste movimento até ao final do ano, com excepção em Dezembro, por parte de algumas marcas para consolidar quota de mercado.

Assim, com os dados possíveis de obter, a distribuição do mercado em 2018 foi:

• Empresas: 45 a 55% (estima-se que neste número possam existir 3 a 5% de clientes particulares em AOV)
• Rent-a-car: 24 a 27% (aumentou o número de pequenos operadores quer ao serviço do Turismo mas também de concessões automóveis)
• Auto-matriculas: 10 a 12%
• Vendas particulares registadas em conservatória: 10%

Significa isto que os particulares adquiriram apenas 10% do volume de carros novos em Portugal?

Não. Na realidade, os clientes não profissionais são cada vez mais tentados pelas campanhas e “feiras” promocionais de viaturas “semi-novas” e algumas até já anunciadas como “Km0”.

Estas iniciativas comerciais são muito “alimentadas” pelas unidades adquiridas nos meses anteriores para realizar volume de vendas ou ainda uma forma de reduzir o custo de aquisição do modelo sem a desvalorização do produto novo.