A mobilidade empresarial entra numa nova fase. A transição energética, a procura por soluções alternativas ao tradicional carro de empresa e a crescente adesão ao renting são algumas das tendências que definem o futuro da mobilidade corporativa, segundo o Barómetro Automóvel e de Mobilidade 2025 do Arval Mobility Observatory

Numa conjetura atualmente marcada por exigências com o ambiente e pela necessidade de adaptação dos modelos de financiamento e utilização das frotas, as empresas portuguesas estão atentas, ainda que cautelosas, quanto ao caminho a seguir. Exemplo disso é a transição energética: 37% admitem que a gestão da sua frota será impactada por este processo nos próximos três anos. Ainda assim, apenas 7% já definiram objetivos concretos rumo à descarbonização.

Apesar disso, o estudo do Arval Mobility Observatory revela que a maioria das empresas está preparada e já implementou ou planeia adotar estratégias para o carregamento de veículos elétricos, e 30% prevê mesmo, no espaço de um ano, equipar as suas próprias instalações com pontos de carregamento. Além disso, um terço das empresas inquiridas tem o renting em vista como forma de financiar a próxima renovação da frota.

A estratégia portuguesa

Os motivos que impulsionam a eletrificação das frotas em Portugal alinham-se com os da média europeia. A redução da pegada ambiental, o reforço da responsabilidade corporativa, a poupança com o combustível e a redução dos encargos financeiros são alguns dos principais fatores de decisão dos gestores de frota de hoje.

Contudo, a forma como esta transição acontece varia. Segundo o Arval Mobility Observatory, 86% das empresas com frotas de ligeiros (passageiros e de mercadorias) já usam ou têm definida uma estratégia para o carregamento dos seus veículos elétricos.

As soluções, porém, dividem-se: 18% apostam no carregamento em casa, 15% privilegiam carregamento nas infraestruturas da empresa e 14% procuram o carregar na rede pública. Há também combinações destas modalidades: 11% combinam carregamento em casa e na empresa, 14% conciliam rede pública e instalações da empresa e 7% fazem a ponte entre casa do colaborador e a rede pública.

A instalação de carregadores nas empresas é uma realidade em 47% das organizações inquiridas – valor ligeiramente abaixo da média europeia (52%). Destas, 29% já têm a infraestrutura em funcionamento e 35% ponderam instalá-la no próximo ano.

Quanto ao modelo de utilização, 26% das empresas que já disponibilizam carregamento não cobram esse custo aos colaboradores com viatura da empresa, 16% permitem o carregamento de viaturas particulares e 58% dizem que o custo fica a cargo dos condutores.

Entre as que preveem carregamento em casa dos colaboradores (43%), 18% apoiam a instalação de equipamentos e 34% planeiam fazê-lo até ao final de 2026. Relativamente aos custos com o carregamento, 42% admitem reembolsar total ou parcialmente o valor da eletricidade consumida.

Mais opções, menos automóvel?

Apesar do carro de empresa continuar a dominar a mobilidade corporativa, as empresas estão progressivamente a abrir espaço a outras soluções. Em 2025, 79% dizem já ter implementado, ou planeiam fazê-lo durante os próximos três anos, pelo menos uma política de mobilidade alternativa.

Entre as mais comuns, destacam-se o reembolso de despesas com transportes públicos (24%) e a atribuição de plafonds de mobilidade (24%). Outras opções incluem o aluguer de curta ou média duração (15%) e o reembolso do uso de viatura própria (20%).

Estas novas abordagens refletem a obrigação de adaptar a mobilidade empresarial à diversidade de perfis e necessidades dos colaboradores. A flexibilidade, aliada ao controlo de custos e ao impacto ambiental, torna-se por isso uma prioridade.

A mobilidade partilhada ganha terreno

O estudo do Arval Mobility Observatory aponta também para um crescimento no uso de soluções de mobilidade partilhada. O carsharing já está presente em 17% das empresas e deverá crescer até 30% em três anos.

Outras formas de mobilidade, embora com menor expressão, revelam uma tendência crescente: 8% das empresas disponibilizam ou planeiam disponibilizar bicicletas para aluguer, 6% apostam na partilha de bicicletas e 7% utilizam serviços de TVDE. Apesar dos números ainda modestos, estas soluções representam uma tendência clara para diversificação e descarbonização dos modos de transporte usados no dia a dia das organizações.

Neste contexto, os objetivos ambientais assumem um papel central. A par das metas europeias de redução das emissões de CO2 e da crescente limitação ao uso de veículos poluentes, sobretudo em zonas urbanas, as empresas reconhecem também que a utilização de soluções mais sustentáveis reforça a sua imagem de responsabilidade social.

Renting ganha terreno, mas ainda abaixo da média europeia

O renting afirma-se como um método de aquisição cada vez mais relevante para as empresas. Em 2025, 23% das organizações dizem já recorrer a este serviço – um crescimento de 15% face ao ano anterior.

E embora Portugal continue abaixo da média europeia nesta máteria, o Barómetro do Arval Mobility Observatory mostra uma clara tendência de crescimento: 34% das empresas dizem que na próxima renovação de frota tencionam optar pelo renting.

O leasing financeiro continua a ser a opção mais utilizada (33%), seguido da aquisição com fundos próprios (32%) e, em menor escala, do crédito automóvel (9%).

Tamanho da frota: estabilidade à vista?

A maioria dos gestores portugueses não prevê grandes alterações na dimensão das suas frotas a curto prazo. Sete em cada dez empresas acreditam que o número de veículos se manterá inalterado até 2028. Apenas 17% equacionam aumentar o parque automóvel e 12% antecipam uma redução – valor que sobe face a 2024 e que, destaca o estudo, “revela um maior conservadorismo por parte das empresas nacionais, quando comparadas com a média europeia”.

O crescimento da frota está normalmente associado à expansão do negócio ou à criação de novas áreas de atividade, mas também à necessidade de atrair e reter talento. Já entre as empresas que esperam reduzir o tamanho da sua frota, os principais motivos prendem-se com a diminuição do número de colaboradores elegíveis para atribuição de viatura e com a quebra da atividade empresarial.

Frota gerida pela Arval Portugal cresceu 11% em 2024

Desafios no horizonte da mobilidade empresarial

A transição energética, a pressão para reduzir emissões e a adoção de novas políticas públicas colocam desafios cada vez mais exigentes às empresas. Segundo o Barómetro do Arval Mobility Observatory, 37% dos gestores apontam como maior obstáculo a adoção de energias alternativas nas frotas. Em igual proporção, são referidas as dificuldades associadas à adaptação a restrições à circulação de veículos com motores de combustão interna, que se adivinham mais apertadas nos próximos anos.

Outros desafios destacados incluem a necessidade de controlar o aumento do TCO – preocupação para 28% das empresas – e a promoção de comportamentos de condução mais seguros e responsáveis, também assinalada por 28% das empresas inquiridas.

Ficha técnica

O Barómetro Automóvel e de Mobilidade 2025, desenvolvido pelo Arval Mobility Observatory, baseia-se numa amostra de dados recolhidos junto de empresas, num total de 8.061 entrevistas realizadas em 28 países onde a Arval está presente.

Em Portugal, foram conduzidas 300 entrevistas com duração de 20 minutos junto de decisores empresariais dos sectores da construção, indústria, serviços e comércio. A amostra nacional foi estratificada de acordo com a dimensão das organizações: pequenas empresas (159 entrevistas), médias empresas (81 entrevistas) e grandes empresas (61 entrevistas).

O estudo foi elaborado em parceria com a Ipsos.

Esta é uma versão bastante resumida do estudo. O acesso ao documento global pode ser feito através deste link.