CannonUma frota que já foi gerida em renting e leasing operacional, mas que decide fazer aquisição directa para todos os seus veículos, é invulgar. Mas foi o que aconteceu à Cannon Hygiene quando, habituada à aquisição directa, decide testar outros modelos de gestão. O resultado, que se esperava que viesse a melhorar a gestão dessa frota, desanimou. O motivo? A empresa não ficou satisfeita com o serviço prestado pelos operadores escolhidos. Em concreto, os tempos máximos de imobilização dos veículos ultrapassavam o que a empresa exigia. E foi assim que a Cannon Hygiene passou a gerir o seu parque de viaturas, conseguindo resultados bastante satisfatórios.

“Não podíamos arriscar que um carro estivesse parado”, explica à FLEET MAGAZINE Luís Santos, director de operações da Cannon Hygiene. “É uma volta [de entregas e outros serviços] que deixamos de fazer, o que corresponde a cerca de 120 serviços diários que não são prestados”.

É nas viaturas operacionais, as que visitam as empresas dos clientes, que se coloca a maior pressão operacional. Todos os meses são reservados dois dias para revisões destes carros. E foi aqui que a Cannon ficou insatisfeita com o serviço das locadoras. “As nossas viaturas não podem ficar paradas muito tempo. O que acontecia era que o carro ficava parado por três dias, e isso colide com o planeamento muito apertado que temos”.

A frota desta empresa conhecida pelos seus serviços e produtos de higiene, mas que também faz serviços de “pest control” e desinfecção de espaços, consultadoria e formação, e destruição de documentos confidenciais, tem cerca de 100 viaturas, todas elas adquiridas por pagamento a pronto. Sessenta são viaturas operacionais, distribuídas por seis centros de serviços ao longo do país, 21 são viaturas comerciais, e 13 para quadros administrativos.

A empresa passou assim a adquirir directamente as suas viaturas e a fazer a gestão do parque por si mesma. Nas viaturas operacionais, que têm, neste momento, uma média de 90 a 100 mil quilómetros entre elas, a escolha recai praticamente para um modelo: Ford Transit.

A Cannon escolheu esta viatura pela segurança que podiam ter. “Temos Transit com vários tamanhos de caixa e motorizações não só porque se torna mais fácil gerir apenas uma marca como este era o modelo que nos dava mais descanso em termos de fiabilidade”, diz Luís Santos.

Na área comercial, a escolha não foi tão homogénea. “Estamos com o Ford Fiesta, já comprámos Peugeot 207, mas estamos também a experimentar os smart”, diz Luís Santos. Com o aumento do preço do gasóleo, a empresa tem sentido necessidade de experimentar soluções mais ecológicas. Os dois Smart Fortwo que têm, a título de experiência, já são vistos como uma solução muito mais económica em termos de consumo. “Mas estamos já à procura de carros eléctricos, porque somos uma empresa pro-ambiente em tudo o que fazemos”, acrescenta.

A contratualização de serviços, como reparações e manutenção, é gerida por uma pessoa da Cannon Hygiene que está alocada à frota. As manutenções são negociadas concessionário a concessionário na Ford, mas com a Peugeot (optou por esta por causa da sua rede) foi logo pedido um plano de manutenções com os custos previstos no decorrer da vida do veículo.

Um dos critérios exigidos para a selecção destes prestadores de serviço é que a oficina pertença à marca, “por causa das questões fora da garantia”. Mas outro é o preço. “É uma coisa que estamos sempre a tentar negociar”, diz Luís Santos. “Temos que exigir dos nossos fornecedores o mesmo que os nossos clientes nos exigem”.

O tempo que demora a reparação é outro item a que atribuem muito valor. “Se marcamos uma reparação para aquele dia, é para esse período que o carro tem que estar preparado”, diz Luís Santos. A oficina tem que ter sempre também disponibilidade para receber o carro da Cannon. Além disso, como a empresa tem seis centros de serviço, a proximidade com esses centros é também importante. “Até o facto de levantarem e entregarem o carro nas nossas instalações é uma condição que pode fazer a diferença”.

Mas quanto à escolha dos fornecedores de pneus, nem sempre os concessionários têm esse serviço. “Por vezes, conseguimos encontrar preços melhores junto de outros fornecedores”, diz Luís Santos. “Se surge um fornecedor com melhores condições financeiras, mudamos, mas só no caso de o fornecedor existente não cobrir essas mesmas condições”.

Mesmo o próprio escoamento das viaturas é feito pela empresa. A Cannon Hygiene tem vários anos de parcerias com stands de carros em segunda mão a quem vende os carros que quer trocar. Raramente os entrega como retoma no momento da aquisição. “Os concessionários oferecem-nos pouco pelo carro antigo”, diz Luís Santos. Este é um processo que exige mais disponibilidade por parte da empresa mas, no final, é compensado pelo valor que consegue pelos usados.

Mas nem todos os carros em frota têm um desgaste igual. Sendo a Cannon Hygiene uma empresa com serviços por todo o país, há viaturas com perfis de utilização diferente. Assim, um carro que esteja no centro de Alcains (Castelo Branco), percorre muitos quilómetros, ma sem distâncias médias. Um carro que faça a zona de Lisboa, poderá percorrer o mesmo número de quilómetros, mas com mais desgaste. “O que fazemos”, diz Luís Santos, “é trocar as carrinhas com outra área onde o desgaste seja menor mas a quilometragem mais vasta”.  Com esta troca a meio da idade média das viaturas, que será de dois anos, chega-se ao final com um desgaste semelhante e o mesmo número de quilómetros.

O maior desafio para a gestão da frota da Cannon é gerir as manutenções. Outro será o preço do combustível. Inclusive, a empresa tem um plano de contingência para que, quando o preço do combustível ultrapasse os 1,5 euros por litro, os consumos de combustível sejam minimizados. A Cannon vai exigir aos seus condutores que não se ultrapassem os 120 km/h em auto-estrada. “Isto não é pedir mais do que cumpram o Código da Estrada”, diz Luís Santos. “Estivemos a experimentar e a reduz-se cerca de 20 a 25% do consumo de combustível”.