CARF

Foi só quando a frota cresceu é que a CARF começou a ter mais que uma marca de automóveis e também outra gestora. Até aí, as suas viaturas eram apenas de um construtor. O financiamento, em renting, era também da marca.

Mas o negócio de distribuição de peças automóveis foi crescendo e a empresa sentiu necessidade de ter mais fornecedores. Apareceu outra marca. E, com isso, outro fornecedor de financiamento.

Embora faça sempre financiamento através de aluguer operacional, a CARF estabelece sempre comparações com o leasing com serviços. E, entre estes dois modelos, o renting tem tido a proposta com o valor mais baixo.

Então para onde é que o gestor de frota da CARF olha quando compara estas duas soluções? Para o preço da renda. É que os outros serviços são geridos internamente.

Com a quase totalidade da sua frota em renting, a CARF tem apenas o serviço de manutenção associado ao contrato. Segundo diz o responsável por esta área na empresa, este é um dos poucos pontos onde as gestoras conseguem ser competitivas em relação ao preço. “Mesmo se compararmos com os contratos de manutenção que as marcas vendem separadamente, as gestoras ainda conseguem melhores condições”, diz João Gaspar. Os pneus, seguros e viaturas de substituição para as 41 viaturas da empresa são assim negociados e controlados diretamente.

 O efeito nas rendas faz-se sentir. “Acabámos por conseguir um bom compromisso entre o que é o custo da renda e o que seria um custo de financiamento com contrato de manutenção”.

Se encarassem por um AOV puro, explica o gestor de frota, as rendas teriam custos elevados.  As viaturas fazem, em média 75 mil quilómetros por ano em vários tipos de circuitos. A atividade da empresa exige um enorme desgaste das viaturas, que seria depois refletido nas rendas. Só nos pneus, teria que haver substituição quase duas vezes por ano. Com a contratação dos serviços noutras empresas, a gestora fica apenas a financiar o bem, deixando a renda muito mais leve.

Nos pneus, por exemplo, a compra é feita diretamente aos instaladores. Dada a sua concentração geográfica, torna-se possível ter poucos fornecedores. Já na viatura de substituição, existem duas alternativas. Uma delas passa pelo fornecedor de seguros, que garante ele próprio a viatura. Noutros casos, é a própria marca que fornece a viatura de substituição. Nos casos onde existem, por exemplo, reparações prolongadas, a CARF tem protocolos com o parceiro onde realiza essa reparação.

Por outro lado, mantendo a sua atividade exclusivamente centrada na distribuição de peças de automóveis, a empresa tem que ter sempre a frota disponível para as entregas, que chegam a ser quatro por dia por cada cliente.

Não há margem para erros. A empresa tem poucos disponibilidade para ter os carros parados nas oficinas. “Não podemos esperar para marcar uma revisão ou ter um carro parado um dia para marcar pastilhas”, diz João Gaspar, responsável de frotas na empresa. “Os nossos parceiros têm que entender esta nossa realidade e adaptarem-se a ela”.

Sendo uma empresa de prestação de serviços, neste caso de distribuição logística, um dos maiores centros de custos é a frota. E rapidamente João Gaspar percebeu que a melhoria de vários pontos está na mão dos utilizadores. Os custos onde o condutor tem alguma influência são os pneus, danos nas viaturas ou peças de rotação rápida.

Para fazer frente a esses custos, a CARF criou um programa de responsabilização dos seus condutores. “Tentámos criar um programa onde a forma de conduzir fosse avaliada, medida e comunicada aos colaboradores”, explica João Gaspar. Existe um prémio de produtividade atribuído aos colaboradores da área de distribuição, sujeito a alguns parâmetros de avaliação.

“Percebemos que muitos dos nossos motoristas nem sequer reparavam no impacto que o seu estilo de condução tinha nos custos”, diz João Gaspar. Numa dessas acções de sensibilização, tentou-se mostrar, com dados de consumo e tempo, como existe diferença na forma como se conduz.

Os resultados foram consideráveis. A empresa conseguiu reduzir os consumo em cerca de 35%. A sinistralidade, que está afecta à avaliação de desempenho, tende a diminuir.