“Para uma utilização intensiva de trabalho, para uma condução mais exigente, o renting acaba por ser demasiado penalizador quando chega a altura de devolver a viatura”

Paulo Carvalho, fundador e diretor geral da Carf, empresa especialista na distribuição de peças automóveis, explicou, aos convidados da 4.ª Conferência Gestão de Frotas organizada pela FLEET MAGAZINE, as razões porque a sua empresa está a abandonar gradualmente o renting para se dedicar à gestão direta da frota

Parte significativa do parque de viaturas da Carftem apenas 3 anos. Portanto, pode considerar-se uma frota relativamente jovem. Mas esta é apenas mais uma necessidade imposta pelo uso intensivo das viaturas, que percorrem 75 a 80 mil quilómetros por ano, e que têm de manter-se constantemente operacionais.

“Tínhamos mais de 90% da frota em renting e, há cerca de 2 anos, começámos a mudar o modelo”, explica Paulo Carvalho. “Ainda não temos uma grande perceção se está a ser benéfico, embora os elementos que já temos comecem a mostrar algumas vantagens”.

Para esta decisão, explica o orador, contribuiu o facto de há cerca de 6 anos lhe ter sido garantido que, com opção renting, deixaria de se preocupar tanto com a gestão da frota. Contudo, um conjunto de fatores levaram-no a colocar de lado a decisão:

“Não foi só a questão dos recondicionamentos que absorveu um valor elevado do orçamento, além de obrigar a um maior dispêndio de tempo. A verdade é que o tipo e a utilização que é dada à viatura acaba por ser decisivo para a decisão quanto ao método de financiamento. Para cargos de direção, de chefia, o renting poderá ser interessante. Mas para uma utilização intensiva de trabalho, para uma condução mais exigente, o renting acaba por ser demasiado penalizador quando chega a altura de devolver a viatura. Porque o desgaste de uma viatura de distribuição é completamente diferente”.

Com 72% da frota em leasing e o restante ainda em renting, Paulo Carvalho brinca com o facto de a Carf estar inserida no sector automóvel para conseguir os melhores contactos que lhe permitem garantir bons contratos de assistência e manutenção.

“A transição progressiva do modo de financiamento do renting para leasing”, explica o orador, “garantiu-nos a possibilidade de alterar algumas metodologias da gestão da frota: passámos a utilizar a viatura por períodos superiores a 5 anos e quilometragem acima dos 200 mil quilómetros, evitámos custos de recondicionamento elevados, conseguimos assegurar mais facilmente uma viatura de substituição com características iguais às da viatura imobilizada, gerimos com a ajuda dos nossos parceiros a manutenção e a necessidade de peças e acessórios e até podemos praticar a reciclagem ou a reutilização de peças entre viaturas.”

Paulo Carvalho conclui a sua intervenção convicto de que a “a Carf consegue tirar mais-valias em adquirir os bens, rentabilizando melhor este aspeto graças às parcerias. Agora, o grande desafio é conseguir reduzir a sinistralidade, através de ações de sensibilização ministradas aos motoristas”.

Em resposta a uma questão concreta por parte de um dos intervenientes reforçou ainda mais a certeza da aposta: “as gestoras não estão preparadas para prestar serviços com viaturas de utilização intensiva e nem uma política de frota responsável e interventiva pode ajudar a minorar questões de desgaste ou de sinistralidade, sobretudo quando a atividade da empresa assenta na rapidez da entrega.”