Nuno Morgado Marques, diretor da Citroën para Portugal e Espanha revela, neste resumo da entrevista publicada na edição de novembro de 2020 da Fleet Magazine, como o Citroën Ami pode assumir um papel para as atuais necessidades de mobilidade maior do que inicialmente previsto.
Este responsável, explica ainda a relevância do Berlingo para o crescimento no segmento dos comerciais ligeiros, uma presença que deverá reforçar-se com a chegada de novos comerciais e das suas correspondentes versões elétricas, num momento em que estas estão a merecer procura, por causa do aumento do comércio eletrónico e das distribuições urbanas.
Na primeira parte da entrevista, Nuno Marques explicou a estratégia de crescimento da Citroën no mercado B2B e a importância de modelos como o C5 Aircross e o novo Citroën C4 para o aumento da presença da marca no seio das frotas.
FLEET MAGAZINE – Que expectativas a Citroën tem para um modelo tão peculiar quanto é o Ami?
NUNO MARQUES – As expectativas são boas. Acho que é um objeto de mobilidade com um potencial gigante. Gigante!
Foi planeado antes da pandemia mas a verdade é que temos o produto ideal para o momento.
Porque as pessoas não querem andar de transportes públicos, não querem andar no meio de multidões mas precisam de continuar a mover-se. E o Ami é uma solução super acessível.
Vou dar-lhe um exemplo, com um preço em França, e não será muito diferente em Portugal: a partir de 6.900€, a pronto pagamento. Mas também iremos ter soluções de financiamento a partir de 20 euros por mês, ou os tais Free2Move ao minuto, e a partir daí podemos utilizar este produto de uma forma extremamente simples.
O céu é o limite em termos da nossa criatividade com este produto. Obviamente que a primeira sensação é pensar este produto numa lógica de cliente particular, puro e duro.
Porém, quando olhamos e o conduzimos, percebemos que há outro tipo de potencial. Hoje em dia, para uma empresa que trabalha só na região de Lisboa ou na região do Porto, ou outra grande cidade em Portugal, a questão é: para um profissional que tem de fazer deslocações urbanas há melhor produto do que este? Só disponho de 70 km de autonomia, mas quantas vezes faço 70 km nos percursos profissionais?
Ou na distribuição urbana, será que consigo arranjar soluções idênticas em termos de mobilidade e economia com algum espaço de carga?
Logo, acredito que há uma janela de oportunidade para o B2B, com este carro, ou com este objeto.
https://fleetmagazine.pt/2020/03/10/citroen-ami/
Porquê objeto e não carro?
Porque não é um carro. Segundo a legislação nacional é um quadriciclo. E um carro tem milhares de componentes. Este produto tem centenas de componentes.
É um produto feito com pragmatismo, da escolha dos materiais aos componentes para ser o mais simples possível, o mais leve possível, o mais prático possível e o mais funcional possível.
O Ami é um objeto de mobilidade, ou um produto de mobilidade, ou um veículo de mobilidade… ou um veículo.
É uma disrupção. Nos primeiros testes em Paris e na apresentação em Madrid, vi muitas pessoas voltarem a cabeça por onde nós passávamos.
Quero referir outra vantagem importante também para o B2B: além do preço, temos uma rede de distribuição e uma rede de reparação, ingredientes que consideramos trazerem segurança para o cliente.
Por isso, penso que temos tudo para convencer facilmente um cliente particular mas, provavelmente, como já referi, temos também mais argumentos para convencer um cliente B2B do que poderíamos pensar no início.
O facto de o furgão Berlingo ser produzido em Portugal é uma vantagem, em termos promocionais, para o nosso mercado? E em termos logísticos?
O Berlingo é já uma marca também. É uma submarca da Citroën.
Claro que ser produzido em Portugal é uma mais-valia. Não deixa de ser um produto “made in Portugal” e nós fazemos valer esse “made in Portugal” porque é importante essa perceção para os nossos clientes.
Como é óbvio, não só pelo orgulho de comprar algo que é produzido no nosso país, mas também porque existem grandes vantagens em termos logisticos.
O Berlingo chega muito mais rapidamente a um concessionário português do que chegará a um concessionário que esteja na Bélgica, ou na Alemanha. Porque sai de uma fábrica que está muito mais próxima.
Por isso, respondendo diretamente, sim, é uma mais-valia o Berlingo ser hoje produzido em Portugal.
E no final de 2021 vamos ter também versões Berlingo eletrificadas. Na anterior geração já existia, neste novo Berlingo haverá outra solução elétrica com mais autonomia.
https://fleetmagazine.pt/2021/01/11/citroen-b2b-c4-c5-ami-berlingo/
https://fleetmagazine.pt/2021/01/11/tco-citroen-c4-eletrico/