Com 25 viaturas já atribuídas em car-pooling, a Câmara Municipal de Oeiras conseguiu uma redução da sua frota em cerca de 16%. O maior constrangimento foi a “resistência” dos colaboradores, mas agora são estes mesmos que oferecem os carros dos seus departamentos para incluir na pool de viaturas
Tudo começou com uma auditoria energética.
No documento que fez a radiografia à frota da câmara de Oeiras, uma das conclusões apontava para que se aproveitassem mais as viaturas. Sobretudo os ligeiros de passageiros, que o relatório dizia serem utilizados pouco mais de duas horas por dia.
A Câmara Municipal de Oeiras começou a instaurar uma política de car-pooling na sua frota. Até aí, cada unidade orgânica tinha um leque de viaturas atribuído. O primeiro passo foi assumir que uma parte das novas contratualizações não era atribuída a nenhuma unidade orgânica, ficando para utilização comum. Passado algum tempo, já havia menos quinze viaturas afectas diretamente.
Três meses depois, havia mais outro leque de viaturas para entregar. Destes, renovou apenas sete e colocou-os na pool de viaturas. A “resistência” começava ser sentida. Os colaboradores queixavam-se da falta de meios e pensavam também que a operacionalidade das suas equipas iria ser perdida.
Inicialmente, as marcações das viaturas de pool podiam ser feitas para dois períodos: manhã e tarde. Mas os horários nem sempre coincidiam, por causa das horas em que determinados serviço iniciavam.
“Os encarregados da secção de limpeza da manhã iam atribuir o serviço às 6h30 e depois já só precisariam do carro ao fim do turno, às 12h00”, explica Ricardo Barros, o vereador do pelouro. Outras unidades, com outros picos de utilização, também tinham os carros parados. E os responsáveis por este projeto, onde se encontrava também Nuno Guerreio, gestor de frota, avançaram para a marcação das viaturas à hora em vez dos períodos manhã/tarde.
Dado que os períodos eram mais curtos e as ocorrências poderiam aumentar, a autarquia adquiriu um software específico para gerir a utilização das viaturas. Mas, por precaução, os utilizadores marcavam as viaturas para mais tempo do que efetivamente necessitavam. Nasceram novamente horas em vazio.
O passo seguinte foi ligar as viaturas existentes nos quatro polos, entretanto criados, a uma ferramenta de geolocalização. Além disso, criou-se um mecanismo de partilha entre as garagens com o intuito de minimizar o overbooking que pudesse acontecer em qualquer uma delas.
E também se alterou o regulamento de utilização de viaturas. À medida que aumentavam as horas em que se pretende utilizar a viatura e também a distância para que são necessárias, o nível de autorização ia subindo.
Havia, tal como agora, quatro polos para levantar e fazer as entregas das viaturas. Prevendo um overbooking de pedidos de carros para um destes locais, foi também criado um mecanismo de partilha entre as garagens, sem que os utilizadores tivessem disso conhecimento. Um conjunto de motoristas para transportar os carros de uma “garagem” para a outra.
Na segunda fase do projecto, não foi renovada nenhuma viatura. Desafectaram-se 24 carros, ficando 14 para a pool e 10 entregues. Juntando às ações anteriores, a redução de frota com car-pooling foi de 12%. A pool serve agora 1.800 utilizadores.
A câmara está a preparar a saída de mais de dez viaturas da frota. O próximo passo será acabar com as viaturas atribuídas diretamente, garantindo o nível de serviço. Com a georeferenciação, a CM Oeiras pretende ainda fazer um programa de car-sharing, onde uma mesma viaturas serve simultaneamente várias equipas de trabalho. “Podemos até alocar um motorista só para isto”, diz o vereador.
A mentalidade mudou. “São as próprias pessoas a dizer que não é preciso ter sempre um carro afecto. E elas próprias a propor os seus carros para a pool”, comenta Nuno Guerreiro. “Já não temos resistência, mas antes proactividade”, diz o vereador. “As unidades já sabem que não vão perder operacionalidade”.