No decorrer de mais uma edição do Commercial Vehicle Show, que aconteceu no final do mês de abril de 2025 em Birmingham, a FLEET MAGAZINE teve oportunidade de conhecer em primeira mão a nova geração de furgões elétricos Renault.

Durante o evento, Sébastien Crochemore, vice-presidente da divisão LCV & Pick-up Product Performance da Renault (responsável pelo desempenho dos produtos comerciais Renault), conversou com os jornalistas acerca do posicionamento desta nova e disruptiva trilogia de comerciais concebidos em torno do software, com a capacidade de serem atualizados à distância. Esta garantia, dada pela própria Renault, assenta no pressuposto de que, ao serem atualizados à distância, estes veículos melhoram a experiência de condução e aumentam a produtividade dos utilizadores profissionais. Tudo porque um veículo com três ou quatro anos não perderá o seu valor na mesma medida, uma vez que terá sido melhorado com novas funções. Isto significa um valor residual mais elevado.

Assim, ao longo da sua vida, serão adicionados novos serviços conectados ao Trafic, Estafette e Goelette, o que melhorará a experiência de condução e a sua própria gestão.

“Isto traz-me segurança no que respeita a residuais (…) e aumentaria a competitividade destes comerciais, mesmo em termos de TCO”, começa por dizer Sébastien Crochemore.

Renault Master: prático e fácil de manobrar

Qual é o objetivo da Renault com esta nova gama de comerciais ligeiros?

O que queremos é mostrar uma reinvenção da gama de comerciais ligeiros sob a base de um ADN comum. Queremos fornecer soluções dedicadas para os nossos clientes com um design inteligente e pegada reduzida, mas mantendo a funcionalidade.

Relativamente ao desenvolvimento orientado para o cliente e ao facto de o seu feedback fazer normalmente parte do processo de desenvolvimento de um automóvel, neste caso particular de um comercial elétrico, poderia partilhar um exemplo concreto de como esse feedback moldou o produto final?

Por exemplo, e considerando o Estafette, não olhamos para o nosso cliente como uma pessoa a quem simplesmente queremos vender um carro. Queremos compreender o seu trabalho e quais as suas “dores”. Encontrámos muitas grandes empresas de logística que nos mostraram quais eram as suas “dores”: na atividade diária de entregas, essas empresas chegam a fazer mais de 100 paragens. Portanto, no mínimo 100 vezes por dia, os motoristas saem e entram no carro. Tendo isso em consideração, observámos e tentámos perceber o que podíamos fazer para melhorar a sua jornada de trabalho. Por exemplo, a porta de entrada: tentámos baixá-la para que o acesso ao carro fosse mais fácil. Este é um simples exemplo de inovação num automóvel.

Mas não se trata apenas de hardware. Temos a mesma mentalidade para o software: queremos fornecer uma solução eficiente às frotas e isso é também uma oportunidade para podermos fazer diferentes configurações dentro do cockpit.

Vamos abordar a hesitação dos clientes, principalmente das pequenas empresas, face à mobilidade elétrica. Algumas delas ainda estão preocupadas com a autonomia dos veículos e com outras questões relacionadas com as infraestruturas de carregamento. O que diria a um cliente que diz ainda não estar preparado para eletrificar as suas operações para o tranquilizar?

Primeiro, que somos especialistas em veículos comerciais ligeiros. Temos produtos que são totalmente dedicados. Acrescentamos a capacidade e já a demonstrámos com produtos dedicados a frotas.

Depois, com todos os dados que podemos fornecer, é muito fácil para um gestor de frota ter uma visão completa da autonomia e do seu parque de manutenção. E, para além disso, podemos interagir com o sistema deles para assim os ajudar na transição energética do seu parque automóvel.

Como é que a Renault adapta a sua rede de serviço pós-venda e de assistência às necessidades específicas dos veículos comerciais elétricos?

Atualmente, temos 600 concessionários dedicados aos veículos comerciais ligeiros. Relativamente aos veículos elétricos, temos hoje uma gama completa: O Kangoo é elétrico, o Trafic é elétrico, o Master é elétrico… por isso, o nosso serviço pós-venda é capaz de gerir isso.

Estamos agora a introduzir nesta nova família de comerciais o SDV com manutenção preditiva, por exemplo, o que pode mudar o jogo positivamente no futuro. Isso porque esse sistema, por exemplo, informará o concessionário com antecedência para que ele possa ter todas as peças prontas – o que resultará numa redução do tempo de inatividade do veículo. Estamos preparados para isso.

Olhando para o futuro, acredita que o futuro do transporte de mercadorias é 100% elétrico – ou ainda há um papel para as tecnologias híbridas ou alternativas a médio prazo?

Em primeiro lugar, temos de adequar a utilização. Com o Estafette, por exemplo, obtém-se um automóvel versátil, não se obtém apenas uma boa autonomia (450 km).

Também se obtém carregamento muito rápido. No entanto, se tivermos uma autonomia muito elevada e uma utilização em autoestrada… aí a atenção ainda recai sobre o gasóleo. É por isso que continuamos a comercializar variantes a combustão interna. E isso é bastante lógico, porque é pragmático e adequado às expectativas dos clientes.

Ainda assim, o mercado está a evoluir e, amanhã, se houver cada vez mais postos de carregamento e acesso ao carregamento rápido, diria que as viagens profissionais em autoestrada em modo 100% elétrico são uma realidade mais concreta.

A tendência é a eletrificação também porque a regulamentação obriga as empresas a seguir este caminho.