Ferramentas desenvolvidas com base de Inteligência Artificial podem ampliar as capacidades de gestão em tarefas como a programação de manutenções, monitorização em tempo real do estado da frota, incluindo recolha e tratamento de dados de utilização, além, naturalmente, do planeamento das melhores rotas em função do histórico, condições no terreno recolhidas em tempo real ou cruzamento de dados entre a localização de cada viatura e os locais da operação. Mas não só

Não há exatamente nada de novo que já não possa ser feito. Mas a utilização de algoritmos e o processamento mais rápido de informações (dados) podem permitir a atonomização de uma série de processos e estabelecer alertas de risco que, no seu conjunto, vão facilitar e tornar mais eficaz o trabalho de gestão.

Convém dizer que, quando falamos do uso de Inteligência Artificial, não nos estamos a referir ao recurso de plataformas como o ChatGPT, ou outras, questionando-as sobre “como posso melhorar a gestão da frota automóvel da minha empresa?”. A resposta pode ser útil pelo conjunto de ideias que entrega, mas necessariamente vaga de modo a abranger um conjunto vasto de empresas e interesses. Aquilo que é aqui tratado são ferramentas (software) precisas, com capacidade de processamento rápido de dados recolhi- do por dispositivos físicos, sejam estes sensores, câmaras ou simples gatilhos de ação baseados em espaços de tempo definidos.

Algumas das situações com utilidade quer para a eficiência, quer para o controlo de custos da frota, bastante simples de operacionalizar, respeitam à antecipação da obrigatoriedade de realizar manutenções preditivas dos veículos, ou outro tipo de intervenções, como troca de pastilhas de travões ou operações cuja necessidade de intervenção é avisada através de sinais próprios de alerta no painel de instrumentos da viatura, automaticamente transmitidas para uma plataforma.

O tratamento destes dados, além da utilização imediata para intervenção na viatura, pode ajudar a criar não só padrões de comportamento entre condutores (mesma viatura, necessidades diferentes; será pelo tipo de operação realizada ou pelo modelo de condução?), mas também elaborar históricos de padrões de desempenho/fiabilidade de determinado modelo de veículo. Sendo que este último fator pode ter capital importância no momento em que esta viatura tenha de ser renovada.

De igual modo, o ajustamento de rotas é algo que já está a ser praticado. Mas mesmo em empresas onde percursos rotinados respeitam há anos prazos de entrega ou a utilização segura de determinado veículo em função da geografia dos espaços, podem sentir necessidade de experimentar ferramentas mais avançadas. Principalmente porque a transição energética obriga a encarar novos fatores como a autonomia, tempos e locais de carregamento de veículos elétricos.

Sistemas de recolha de informação, conjugados com sistemas de navegação, podem ajudar a estabelecer rotas dinâmicas, variáveis em função das condições climatéricas ou de trânsito. Ou mesmo sugerir rotas que envolvam o transbordo de mercadoria entre viaturas de uma mesma empresa, por questões de operacionalidade ou autonomia. Algo que pode ajudar a reduzir prazos e custos operacionais, com melhorias de eficiência e consequente redução de emissões.

Inteligência artificial: entrevista improvável

Independentemente do modelo de frota ou da sua composição, a questão fiscal é muito importante e mais ainda em Portugal.

Também nesta matéria, ferramentas que façam uso de inteligência artificial são essenciais, não apenas para estabelecer uma visão global da frota no que respeita ao seu enquadramento fiscal (IVA e principalmente Tributação Autónoma), mas também porque podem permitir ao gestor antever o custo perante cada eventual alteração da política fiscal para as empresas. Afinado este processo, face às variações atuais de custos do combustível ou necessidade de reduzir as emissões na frota, o gestor pode também identificar, de forma mais rápida, viaturas cujos padrões de operação/utilização justificam a substituição por uma unidade elétrica. Bem como os ganhos de TCO que daqui resultam.

Apesar de todo o potencial que oferecem, a utilização de ferramentas avançadas não está isenta de riscos e desafios: custos de implementação, integração em sistemas já existentes na empresa, formação para a sua utilização, questões de RGPD quando envolvem a instalação de equipamento telemático, são alguns dos mais evidentes.

Contudo, empresas e gestores devem também estar conscientes da necessidade de estabelecer garantias de segurança cibernética. Porque, à medida que as operações se tornam mais dependentes de sistemas de recolha de informação com envio/atualizações “over the air”, a proteção de dados sensíveis e a prevenção de ataques informáticos obrigam a elevar as preocupações com a segurança para outro patamar.