Com um novo modelo de gestão de frota implementado recentemente, Mariano Tristan veio de Madrid a Lisboa para
explicar como tudo começou e o que pode esperar daqui

A apresentação de Mariano Tristan foi a mais surpreendente do dia, dado que nem sequer arrancou com a apresentação que levava e tentou manter uma conversa informal com os participantes da Conferência.

A história que tinha para contar era de como a Lilly, com cerca de 4.000 viaturas a nível europeu, procurou alterar completamente a sua política e de como o fez. O desafio, de conseguir as maiores poupanças possíveis, tinha um objectivo simples, mas uma concretização mais complicada.

“Um carro é emoção”, disse depois de ter explicado que era difícil quantificar o valor de uma viatura de frota. Os colaboradores vão sempre olhando para o que têm ao lado, para tentar ter algo parecido. “Eles [os RH] querem
manter um benefício que é muito atrativo dentro da vida das pessoas”, explicou.

O que é que pode então fazer para poupar nos custos com a frota? E avançou para uma situação imaginária, onde pensava tudo desde o zero.

“O que é que aconteceria se eu fundasse uma empresa amanhã e precisasse de uma frota de 4.000 carros? Escolheria muitos modelos ou poucos modelos? Poucos. Numa situação perfeita, aliás, seria apenas um modelo para toda a Europa”.

A definição do modelo era apenas o início.

“E quanto a locadoras? Muitas ou poucas? Apenas uma, e de preferência uma marca com poucas emissões”.

Esta metodologia, que de facto veio a ser a escolhida pela empresa, trouxe algumas vantagens.

“Tentámos recuperar o poder da Lilly. Anteriormente, o poder era um carro. Encomendava em função das necessidades pontuais, mas na nova empresa, vou poder encomendar 3.000 unidades de uma vez. E digo-vos, a diferença é enorme. A questão que se põe para as marcas é 120 carros (no caso de Portugal) ou zero.”

Outro desafio foi encontrar os parceiros certos para este jogo: conseguir condições locais, sem saber exatamente quantos carros vamos pedir e quem vai ganhar em toda a Europa.

“Foi isto que implementámos na Europa. Temos um fornecedor único para a locação, apesar de a decisão ser local, dois modelos de viaturas por categoria, no total quatro marcas diferentes”, explicou.

Desta forma, a Lilly conseguiu poupar, sem downsizing nos carros. Além disso, conseguiu ainda uma redução entre 25 a 30% no consumo de combustível.

“Foi uma oportunidade única, mas o verdadeiro jogo vai ser daqui para a frente, porque no futuro vamos trocar quatro mil carros e temos que manter boas relações com todas as marcas”, disse.

Nas questões, perguntou-se que tipo de conselho daria a um novo gestor de frota que não saiba nada deste negócio. A resposta suscitou novamente risos de quem assistia. “Rezar. É impossível realizar um projeto como este se não tivermos um verdadeiro compromisso da gestão de topo”.