A candidatura conjunta de José Coelho e José Guilherme ganhou a categoria “Gestor de Frota” dos Prémios Fleet Magazine 2019. Conhecer o projeto vencedor dos CTT constitui uma oportunidade para descobrir uma frota bastante diversificada na sua composição, com uma gestão exigente e necessidades a que nem sempre o mercado tem respostas no imediato
Com quase 3.850 viaturas, 61% do parque automóvel do grupo CTT são automóveis ligeiros, maioritariamente veículos comerciais. A estes juntam-se 33,7% de velocípedes, ciclomotores, motociclos e quadriciclos (afetos sobretudo aos CTT Correios), sendo os restantes pesados de mercadorias, reboques e semirreboques.
Uma frota predominantemente operacional, que tem crescido e diversificado na sua composição, por força das alterações no domínio da distribuição postal e das restrições à circulação urbana.
Mas também pela expansão do grupo a novas áreas de negócio, como o sector da Banca.
A entrega de cartas e encomendas continua a justificar parte substancial da frota do grupo.
Do sucesso desta operação, depende um conjunto de veículos necessariamente adaptados à área geográfica que cobrem – vasta e muito diversificada em termos de condições do terreno e infraestruturas existentes – e ao tipo de distribuição que praticam.
Daí a atenção dedicada à escolha de soluções que garantam condições de operacionalidade, mas também adaptados à necessidade dos bens transportados e – fator muito importante para os CTT porque dele depende bastante o sucesso do serviço – capazes de garantirem a segurança de quem os utiliza.
Foi esta imagem que passou na longa conversa tida com José Coelho e José Guilherme, respetivamente Gestor de Frota e Gestor de Transportes dos CTT, co-autores do projeto que valeu um dos Prémios Fleet Magazine 2019.
Uma apresentação que revelou o conjunto de iniciativas e processos desenvolvidos nos domínios da eficiência energética e da segurança rodoviária, um e outro complementares no propósito de garantirem um melhor serviço com menos custos, e que mereceu a opinião favorável da maioria do júri, composto por representantes das principais Gestoras de Frota a operar em Portugal.
“O e-commerce revolucionou o sector do retalho, mas a capacidade de diferenciação nesta cadeia de valor coloca grandes desafios aos operadores de logística”, começa por explicar José Coelho.
“As encomendas e pacotes postais online B2C representam para os CTT mais de 20% do volume do seu total das encomendas, em Portugal e Espanha. E nos últimos anos vem crescendo anualmente acima dos dois dígitos . Um dos fatores mais relevantes do e-commerce são as entregas físicas das compras realizadas ‘online’, e os compradores tendem a querer receber o produto cada vez mais rápido e ao mais baixo preço. Às vezes até de forma gratuit”, prossegue o gestor de frota dos CTT.
“Ao concorrer ao Prémio, quisemos mostrar a complementaridade de duas áreas que trabalhamos afincadamente: claramente um projeto de segurança rodoviária, que depende da colaboração de muitas outras entidades da empresa. E o trabalho desenvolvido no domínio da eficiência energética. Juntos representam um conjunto enorme de processos de gestão de frota e de preparação dos condutores, para uma frota dispersa pelo Continente e Ilhas”, diz José Coelho.
Responsabilidade Partilhada
A rotatividade de condutores introduz preocupações acrescidas.
“Somos uma empresa com milhares de trabalhadores que têm de gozar férias e temos picos de serviço, como no período de Natal”, explica José Guilherme.
“Alguns desses condutores que chegam não conhecem a cultura de segurança que pretendemos ter na empresa e temos de os preparar previamente, envolvendo as chefias nessa responsabilidade. Porque, seja aos novos trabalhadores, com aos outros, temos que lhes pedir o maior cuidado na condução, sabendo o trabalho exigente que executam, num trânsito complicado e tempos a cumprir”.
A eficiência, a redução dos custos com o consumo de combustível, segue a par das preocupações com a diminuição da sinistralidade. A mobilidade elétrica veio dar um contributo inesperado a esta última preocupação, porque obriga a alterar hábitos de comportamento ao volante.
Porém, levanta outras ao nível operacional, a que o mercado nem sempre consegue dar resposta. Seja pela falta de autonomia dos comerciais de mercadorias sem emissões, seja pela reduzida capacidade de carga dos motociclos e triciclos com motor elétrico, quando essa é a única forma de mobilidade permitida nos centros urbanos.
“É um desafio constante. Hoje em dia já não se transportam só cartas, há uma transformação em volume devido ao e-commerce”, lembra José Coelho.
A frota do grupo CTT é predominantemente operacional e afeta às áreas do transporte e distribuição postal. Com o incremento do comércio eletrónico geram-se novos desafios na procura de soluções capazes de cumprirem os requisitos de eficiência, operacionalidade e segurança
“Quando vamos ao mercado não vamos para comprar dois ou três carros e, se queremos fazer um trabalho de sustentabilidade, temos de ter garantia de continuidade. Porque as especificidades do nosso negócio obrigam-nos a ter soluções imediatas para os veículos de trabalho, veículos operacionais em que é necessário gerir todo um ciclo que inclui manutenção, reparação, imobilização, etc., etc..”
“Isto exige previamente a realização de experiências internas de validações de produto, muitas vezes também a desafiar o mercado para encontrar e desenvolver soluções adaptadas às nossas necessidades”, explica José Coelho.
“Porque não basta anunciar intenções ou promover custos de eco condução”, conclui o gestor de frota.
“Os CTT são uma empresa pioneira na mobilidade elétrica, têm veículos elétricos na sua frota desde 1999 quando incorporou Citroën Berlingo Elétricos, é membro fundador da APVE – Associação Portuguesa do Veículo Elétrico, assumiu o compromisso de estar cada vez mais envolvido com a sustentabilidade pensando no futuro de todos e é reconhecida internacionalmente por isso. Mas tem de assegurar a melhor escolha em termos de produto, aquele que melhor se adequa ao serviço, mas também que ofereça garantias de não colocar em causa a qualidade do serviço prestado pelos CTT”.
https://fleetmagazine.pt/2020/04/20/frota-ctt-covid-19-jose-coelho/
B.I. da frota dos CTT
- Número de veículos: 3.845 unidades
- Tipologias: velocípedes, ciclomotores, motociclos, quadriciclos (1.293), viaturas ligeiras (763 VLP, 1.586 VCL), pesados de mercadorias, reboques e semirreboques (203)
- Tipos de energia: 1.945 automóveis ligeiros com motor a gasóleo e 261 veículos elétricos, dos quais 38 são automóveis ligeiros, incluindo uma unidade PHEV
- Frota afeta apenas aos CTT Correios, Expresso e Contacto: 3.546 unidades (92%)
- Modelos de Financiamento: 56% AOV, 43% Frota Própria
- Distância percorrida em 2019: 62.242.773 km (71,8% por automóveis ligeiros)
- Renovações 2019/2020: 1.291 unidades das quais 323 VLP e 646 VCL
- Frota a ser renovada com a nova imagem
A segunda parte da entrevista aborda sobretudo o trabalho dos CTT no domínio da sinistralidade e como esle envolve diferentes áreas do grupo. A relação deste trabalho com a melhora da eficiência valeu à empresa o reconhecimento internacional
http://fleetmagazine.pt/2020/05/06/frota-ctt-sinistralidade-prevencao-rodoviaria/