Em quase 20 anos, a Dacia já vendeu 7,5 milhões de carros e o mercado de vendas a clientes privados coloca a marca num já sólido terceiro lugar em toda a Europa. Será seguro, por isso, dizer que a Dacia é uma marca essencial ao mercado?
Em Portugal, em junho passado, a Dacia ocupava o terceiro lugar na contagem de matrículas, tendo mesmo registado um aumento de 236,8% relativamente a 2021.
Razões de sobra para a marca avançar com um plano ambicioso: o de reforçar o seu posicionamento como uma marca atrativa e essencial.
E “essencial” é mesmo a palavra de ordem. O objetivo da Dacia está traçado: tornar-se líder na mobilidade acessível, com um novo ângulo sobre a modernidade e uma postura mais económica.
Para cumprir com todos estes objetivos, a Dacia apresentou, em Paris, o seu Manifesto: um plano que, sem deixar de lado a aposta na relação custo/benefício, se baseia nas seguintes mudanças:
- Nova identidade
- Novo logótipo
- Concessionários renovados
- Novo design e novas cores dos carros
E nestas mudanças, há quatro pilares fundamentais sobre os quais a Dacia baseia este novo capítulo da sua história:
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Dacia: uma marca essencial e com estilo
Antes de mais, a Dacia manifesta-se contra a ideia de que “essencial” significa “rústico ou austero”. Nada disso, diz a marca. “A Dacia é inteligente, criativa e cativante”. É assim que o construtor do grupo Renault se perfila no mercado, com avanços tecnológicos como o sistema Media Control ou acrescentos práticos e funcionais, como é o caso das barras de tejadilho modulares.
Mas a Dacia está ciente do caráter mutável daquilo que é ou não essencial. Por exemplo, há 18 anos, o ar condicionado não era essencial, porém hoje é praticamente imprescindível. Mas do outro lado e para tornar tudo mais simples, a marca acredita que a instalação de dois ou três ecrãs num cockpit não é essencial: “para quê, quando existe uma forma rápida e inteligente de emparelhar o smartphone dos proprietários com o automóvel?”, pergunta a Dacia.
Carros confiáveis, robustos e prontos para a aventura
Manter a confiança dos clientes nos carros. É um dos aspetos que tem sustentado o sucesso da Dacia na Europa. Diz a marca que, em média, os clientes Dacia mantêm o seu automóvel durante oito anos e 60% deles substituem-no por outro Dacia.
Noutro aspeto, também importante para os compradores de carros, o residual de um Dacia, quando vendido em segunda mão, “é aproximadamente 10 pontos superior ao valor médio dos rivais”, diz a marca.
A fidelidade dos clientes Dacia assenta, por isso, nestes pressupostos; e passa também a ser reforçada também por outra vertente assumida pela marca: a de consolidar a sua gama com modelos concebidos especificamente – porém não só – para a condução fora de estrada.
Por isso a Dacia promete continuar a oferecer sistemas de tração integral e equipamentos concebidos para atividades ao ar livre. Exemplo disso será o kit, disponível já em 2023, que permitirá montar, em um minuto ou menos, uma cama dupla no Jogger, sem esgotar (alguma da) capacidade de bagageira.
Carros económicos e ecológicos
Uma das premissas defendidas pela Dacia é a de que, deixando de fora tecnologias supérfluas ou características meramente cosméticas pode tornar os carros mais leves, o que ajudará na diminuição do consumo de combustível.
O novo Jogger, por exemplo, “é 300 kg mais leve do que os seus principais rivais de sete lugares”, diz a Dacia.
Outra das novidades, e prioridade para o futuro, é a aposta na utilização de materiais reciclados. A título de exemplo, 12% do plástico usado no Duster é reciclado.
E a pensar no futuro, a Dacia já traçou um novo objetivo: chegar aos 20% de plástico reciclado na nova geração Duster.
Experiência sem esforço para o cliente
Os concessionários Dacia vão mudar radicalmente, bem como a interação da marca com os clientes.
Um plano que já está em marcha, desde o segundo trimestre de 2022, e que vai tornar os novos showrooms da marca numa experiência focada, flexível e responsável ecologicamente.
E a Dacia nas empresas?
“Não somos contra as frotas. Somos contra, isso sim, grandes descontos”, começa por dizer Xavier Martinet, vice-presidente de Marketing, Vendas e Operações da Dacia.
Isto porque um dos fatores-chave para o sucesso da gama Dacia (não agora, mas nos últimos 18 anos), é o facto dos carros não terem desconto no momento da compra. Um dos benefícios fundamentais disso, refere Martinet, é que o valor residual do carro “é extremamente alto”.
“Não fazemos descontos, e essa é uma das razões pelas quais não há grandes frotas a utilizarem veículos Dacia, exceto quando o nosso produto é tão único que não há nada igual no mercado”, acrescenta. Martinet dá o exemplo do Spring, que “não tem muitos concorrentes à sua volta em termos de preço”.
Mas há outros exemplos. Martinet refere o Duster 4×4, com algumas empresas que têm de operar em terrenos mais acidentados, ou do Jogger, com alguns condutores profissionais que precisam de um carro com muita capacidade de transporte (quer de pessoas quer de carga).
“Com isto quero dizer que sim, que também temos alguns pedidos de empresas”, acrescenta Martinet.
O responsável, que diz que a presença da Dacia nas frotas também varia de país para país, refere alguns números: na Europa Ocidental, por exemplo, 85% das vendas são para clientes privados. “O resto são pequenas frotas, veículos de demonstração ou mesmo de exposição”, conclui.