Evento da DEKRA destacou as transformações que marcam o sector automóvel, da eletrificação ao mercado de usados, passando pela urgência em reduzir a sinistralidade rodoviária
A DEKRA assinalou o seu centenário em Lisboa, reunindo parceiros do sector automóvel para debater os desafios que marcam a mobilidade e a segurança rodoviária. O encontro serviu para refletir sobre o percurso da empresa em Portugal, onde está presente desde 1991, e para lançar pistas sobre o futuro de áreas críticas como o mercado de usados, os sinistros, a eletrificação e o papel das oficinas na próxima década.
Atualmente, a filial portuguesa conta com 292 colaboradores, uma rede de 17 centros de inspeção que realizam cerca de meio milhão de verificações anuais e um volume de negócios de 23 milhões de euros em 2024.
Até 2025, o investimento acumulado no país deverá ultrapassar os 100 milhões de euros, reforçando a presença local e a aposta em serviços de alto valor acrescentado para construtores, gestoras de frota, seguradoras e rent-a-car.
Os números partilhados ajudam a perceber a dimensão da mudança em curso. Em 2024, os veículos eletrificados representaram 43% das novas matrículas em Portugal, e até julho de 2025 já pesavam 66% do mercado. No entanto, no parque circulante nacional, estimado em 7,2 milhões de viaturas, a realidade é bem diferente: 97% ainda são veículos a combustão interna, percentagem que deverá cair para 64% em 2035. Esta coexistência prolongada coloca pressão no pós-venda, exigindo oficinas capazes de lidar em simultâneo com motores térmicos, híbridos e elétricos.
Em 2024, a DEKRA fez 32 milhões de inspeções de veículos em todo o mundo
Também o mercado de usados foi destacado, com os importados a crescerem 11% até julho de 2025. Quase 40% destes automóveis têm entre cinco e dez anos, refletindo a procura por soluções acessíveis num contexto de transição energética e de maior exigência regulatória. Até ao final do ano, as inspeções técnicas vão passar a recolher dados reais de consumo e emissões nos veículos mais recentes, medida que poderá alterar o perfil de importações.
Na vertente da segurança rodoviária, os dados continuam a preocupar: em 2024 registaram-se 477 vítimas mortais nas estradas portuguesas. Apesar de ligeiras melhorias, a meta da estratégia “Visão Zero 2030”, que passa por reduzir para metade o número de mortos e feridos graves até ao final da década, exige novas abordagens. O reforço da fiscalização, a inovação tecnológica e a integração de sistemas de dados serão fundamentais para travar esta tendência.
No final do evento, ficou claro que o sector automóvel enfrenta uma década de desafios: da adaptação tecnológica às novas exigências ambientais, passando pela pressão crescente da segurança rodoviária. A forma como empresas e operadores responderem a estas transformações será determinante para o futuro da mobilidade em Portugal.



