Antoine de Saint-Exupéry nunca imaginaria que, 95 anos depois de escrever o livro ‘Correio do Sul’, romance que faz parte da lista de inspirações da DS Automobiles para a sua nova coleção, “daria vida” a este DS 4, um C-hatch híbrido plug-in com 225 cv de potência
A DS já conquistou, mesmo que com uma curta História no mundo automóvel, direito a ser sinónimo de luxo. De elegância. De excelência. É talvez o seu maior trunfo, num mercado quasi-saturado de propostas germânicas, sul coreanas e agora chinesas, que oferece às empresas soluções SUV por vezes até dentro do mesmo patamar de preço, mas com uma preponderância muito maior na hora de assinar contrato de aquisição de viatura.
Não deixa de fazer sentido, portanto, que o DS 4 Saint Exupéry (sobre)viva na já extensa lista de soluções para “carros de empresa” graças um certo savoir-faire francês e de uma presença carismática, ou não fosse o seu estatuto de SUV compacto uma das características mais procuradas pelos gestores de frota. Não só pelo facto de ser este o formato que veio substituir as tradicionais station wagons, mas principalmente por ser capaz de transmitir ambição e aventura conjugadas com uma certa praticabilidade, mantendo assim o seu lado familiar.
Ao volante do futuro, com um pé na terra e outro no céu
No interior deste carro saltam à vista os pequenos apontamentos evocativos da pena de Saint Exupéry. Acompanhada pelo desenho de um avião (o autor francês era, além de escritor, aviador), a frase “as estrelas determinam para nós as verdadeiras distâncias” está impressa no painel de instrumentos e nas soleiras das portas dianteiras.
Um pequeno toque de elegância que nem sequer era necessário para tornar acolhedor o habitáculo, já que todos os materiais e conforto a bordo são de um requinte e suavidade ao toque só disponíveis em gamas superiores.
Esta Coleção Antoine de Saint Exupéry, que assinala o 80.º aniversário da morte do autor, não é mais do que o posicionamento da marca na partilha de valores culturais, o gosto francês pela beleza e a sua atenção ao pormenor, aliada a um interior de aparência futurista, composto por variados elementos tecnológicos, bem dispostos no habitáculo e com uma cada vez mais espaço dado à componente digital dos instrumentos e do sistema de infoentretenimento.
“Night Flight”: o nome da pintura aplicada nesta versão deste DS 4 não podia ser mais apropriado – uma cor cinzenta com rasgos de púrpura que, com reflexos pérola, homenageia a obra “Correio do Sul”, escrita por Saint Exupéry em 1929 enquanto voava entre Casablanca e Dakar. A par desta cor, exclusiva nesta coleção, a DS preparou este SUV compacto com vários atributos de design exterior dignos de nota, como é o caso da grelha em preto, esculpida com inúmeros detalhes cromados e por uma assinatura dianteira luminosa Matrix LED Vision. Uma frente aguerrida impossível de ignorar.
Toda a silhueta deste automóvel é, de facto, impossível de ignorar. Devidamente esculpido e distinguível da concorrência, o DS 4 é facilmente identificável pela atrás referida grelha dianteira, mas também lateralmente pelas linhas vincadas da carroçaria e até pelas (pensadas exclusivamente para esta coleção) jantes de 19 polegadas em preto brilhante e com corte tipo diamante.
55 km sem ligar o motor a gasolina?
Talvez. A FLEET MAGAZINE não foi capaz de cumprir com os (anunciados pela marca) 55 km de condução puramente elétrica, mas a verdade foi que alcançar a meia centena já foi tarefa muito difícil.
Equipado com um bloco 4 cilindros a gasolina com 180 cv e com uma unidade elétrica que debita 110 cv, integrada na transmissão automática e-EAT8, este DS 4 plug-in garante uma potência total de 225 cv – mais do que suficiente para um automóvel com um caráter urbano e cosmopolita muito bem patente, sem perder a sua vertente de estradista. Na verdade, todo o equilíbrio apresentado por esta unidade pende mais para o conforto do que para as prestações, razão pela qual elementos como a direção ou a suspensão tenham sido criteriosamente afinados. Especial atenção dada à suspensão Active Scan, um sistema que conta com uma câmara localizada atrás do pára-brisas (auxiliado por quatro sensores que medem a estabilidade da carroçaria e três acelerómetros que medem as reações do carro) e que analisa a superfície até 20 metros adiante do DS 4. Ao fazer esta análise, o sistema deteta toda e qualquer imperfeição na estrada e antecipa a rigidez da suspensão para aquele momento – pode mesmo atuar independentemente nos quatro amortecedores e de forma imediata. O resultado? Uma viagem sem turbulência, bem ao gosto daquilo que qualquer condutor – e aviador – aprecia.
E a este nível de conforto juntam-se detalhes de exclusividade como o aquecimento ou arrefecimento dos bancos dianteiros ou até mesmo as funções de massagem, capazes de nos elevar a experiência para todo um novo patamar. Mais relaxado, pelo menos.
DS 4 Saint Exupéry: impressões
Seguramente que, nas suas muitas horas de voo, Saint Exupéry voava a bordo de máquinas fiáveis, porém nunca tão confortáveis e exclusivas como este DS 4. Ainda assim, o francês decerto ficaria orgulhoso por saber que serviu de inspiração a uma marca, sua congénere, para criar um verdadeiro lounge sobre rodas. Agora, 80 anos depois do seu desaparecimento, as muitas horas de voo dão lugar a muitas horas de condução [bastante apetecíveis], com os pés bem assentes… nos pedais. Ou não fosse também este um dos SUV compactos mais exclusivos e bonitos desta geração.