1.ª Parte de um Dossier sobre e-commerce vs distribuição INCLUÍDO na edição 39 da Fleet Magazine
Transportadores de longo curso a empresas com frotas de distribuição de proximidade estão a vivenciar e a sentir os efeitos de um momento em que a comunicação e a tecnologia são agentes modificadores de tendências e hábitos dos consumidores, mas também, simultaneamente, ferramentas essenciais para ajudarem as empresas a transitar para um novo paradigma do negócio do retalho.
Apesar de muitas mercadorias dependerem de outras formas de transporte para chegarem ao destino que não apenas veículos automóveis, podem analisar-se apenas alguns efeitos que o aumento do comércio online está a gerar em frotas mais ligeiras, com especial atenção sobre aquelas que atuam no quilómetro final, ou seja, as que realizam a entrega direta ao consumidor/comprador.
Desde logo, como primeiro efeito do crescimento do comércio eletrónico registou-se um aumento significativo do número de empresas de transporte e distribuição, principalmente de pequena e média dimensão, vocacionadas para operação urbana ou de curta distância.
Com atividade de distribuição para diferentes tipos de negócio, do mobiliário aos eletrodomésticos, do lazer à alimentação, incluindo a já confecionada (refeições individuais).
Naturalmente, este crescimento desencadeou um volume maior de veículos em circulação, de tipologias diversificadas, tanto quanto possível adaptados à função ou até às cada vez mais exigentes condições de circulação urbana.
Um número maior de produtos em circulação, com uma grande diversidade de formas, peso e condições de armazenamento e transporte, além de uma pressão financeira sobre o negócio (custo do transporte vs preço praticado ao cliente) forçou as empresas ao alargamento e maior especialização da sua cadeia logística, regra geral, única forma de acrescentar rentabilidade aos recursos existentes ou assegurar a viabilidade económica da marca.
Algumas vezes, também a solução possível para fazer face à concentração (ou concertação) registada entre grandes retalhistas (incluindo centrais de compras), que, com mais dimensão de negócio, estão constantemente a produzir novas pressões de preço sobre a atividade da distribuição ou acrescentam necessidades logísticas que acrescentam ainda mais desafios ao negócio das transportadoras.
Adaptação de veículos e das frotas
Exemplo concreto de uma empresa que sentiu necessidade de se preparar para uma nova economia de mercado muito assente no comércio online são os CTT, quando a redução do correio postal de pequeno porte (novas tecnologias, como o email ou aplicações telefónicas, estão a substituir a correspondência pessoal e profissional, como cartas, postais, faturas, etc.) foi acompanhado do aumento, em número e em volumetria, de pacotes de encomendas.
Já transportadores como a Chronopost, SEUR, DHL, TNT, UPS ou MRW, por exemplo, sentiram um crescimento da quantidade de embalagens de menor dimensão, de livros a equipamento ou acessórios eletrónicos e de comunicação, do vestuário a peças automóveis embaladas individualmente, obrigando estas empresas a dotarem-se de ferramentas mais complexas de triagem, para assegurar a rastreabilidade de pacotes de diferentes formatos.
E ainda encontrar tipologias de viaturas melhor adequadas ao quilómetro final da entrega, mais ágeis e com grande capacidade de manobra (essencial por razões de tráfego), não só ajustadas ao formato da distribuição, como ainda em condições de responderem às crescentes exigências de mobilidade urbana, como a locomoção elétrica para zonas sem emissões.
A bem da rentabilidade das operações, da rapidez aos custos da operação. Como os Transportes Paulo Duarte que criaram uma frota ligeira dedicada ao e-commerce.
Naturalmente, estas exigências também produziram reflexos sobre a indústria automóvel.
No que se refere aos comerciais ligeiros do tipo furgão, passaram a ser apreciados requisitos como caixas de carga moduláveis e bem esquadradas para reduzir a existência de ângulos mortos (aumentando a capacidade de carga), acessos melhorados e facilitados através de plataformas rebaixadas, aptidão de manobra e mais equipamento de segurança e ajudas à condução, como sensores ou câmara traseira e outros dispositivos de alertas, como desvio da faixa de rodagem, aproximação pelo ângulo morto do retrovisor, etc…, considerados vitais para redução de pequenos sinistros, uma vez que a maioria dos incidentes resulta de distrações ou da falta de visibilidade que este tipo de carro oferece.
Sem esquecer, naturalmente, motorizações cada vez mais eficientes e versões eletrificadas.
https://fleetmagazine.pt/2018/12/19/e-commerce-distribuicao-comercio-eletronico-frotas/