Caso as empresas queiram atingir os objetivos de zero emissões líquidas a que se propõem, têm de estar atentas e dar prioridade às energias renováveis para carregarem as suas frotas compostas por veículos elétricos.
Recentemente, a TÜV NORD CERT foi contratada pela Volkswagen para fazer uma investigação sobre as emissões de carbono durante toda a vida útil de um ID.4 Pro, tendo por base diferentes cenários de energia.
O estudo agora divulgado concluiu que a fonte de eletricidade usada nos carregamentos é decisiva para a avaliação ambiental dos veículos elétricos movidos exclusivamente a bateria (BEV), que comparativamente aos seus equivalentes equipados com motores de combustão interna (ICE), possuem uma maior pegada de carbono quando saem de uma linha de produção – tal se deve principalmente à intensidade energética dos fabrico das baterias.
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Frotas elétricas versus Frotas a combustão
Recarregando o ID.4 Pro com a mistura de energia verde da União Europeia (UE), por exemplo, o carro supera o desempenho de um modelo diesel comparável após 66.000 km.
Mas recarregá-lo com o cabaz de eletricidade típico da UE, com energia gerada a partir de uma mistura de carvão, gás natural, biocombustíveis e energia nuclear, bem como energia solar, eólica e hídrica, atrasa o ponto de equilíbrio de carbono para 97.000 km.
Para as frotas que operam com ciclos de substituição de três anos, o ID.4 pode nunca ter uma pegada de carbono menor como carro de empresa do que o seu equivalente a gasóleo.
No entanto, a Transport & Environment argumenta que as frotas têm a responsabilidade de acelerar a eletrificação de todo o parque automóvel europeu e está a fazer pressão para que a Comissão Europeia regule de modo a que todas as grandes frotas (que operem mais de 100 veículos no total na UE) só possam alugar ou comprar carros eléctricos a bateria a partir de 2030.
Exemplo disso foi a consulta pública que a Comissão Europeia abriu há quase um ano, em fevereiro de 2024, para explorar possíveis iniciativas para acelerar a transição para veículos zero emissões nas frotas empresariais, tendo em vista a contribuição para a consecução dos objetivos da União Europeia em matéria de zero emissões no sector dos transportes.
Poupança de CO2 durante o ciclo de vida
De acordo com a TÜV NORD CERT, quer o ID.4 seja recarregado com a mistura de energia verde ou típica da UE, o automóvel acaba por poupar carbono em comparação com o seu equivalente a gasóleo ao longo de uma vida útil de 200.000 km.
Esta poupança pode atingir 50% se o carro for recarregado com eletricidade verde, mas reduz-se a 25% se for alimentado com a mistura de eletricidade normal da UE.
As redes públicas de carregamento, como a IONITY, a Fastned e a Tesla Supercharger, comprometeram-se a utilizar apenas energia renovável e muitas grandes empresas assumiram compromissos semelhantes em relação à eletricidade fornecida pelos seus próprios carregadores.
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Carregamento das frotas… em casa
Os condutores profissionais de ligeiros de passageiros e de ligeiros de mercadorias que ligam os seus veículos em casa representam um desafio ambiental maior, uma vez que os empregadores podem recomendar, mas não obrigar, os condutores a contratarem fornecimento de energia renovável para as suas casas.
Num inquérito realizado no ano passado a 3.400 condutores de veículos eléctricos em 13 países da UE, o Instituto Fraunhofer concluiu que a percentagem de tarifas de carregamento renováveis para o carregamento doméstico tinha diminuído em comparação com os resultados de 2021. No entanto, há números “animadores”, que dizem que 59% dos inquiridos na Alemanha, 58% na Áustria, 56% em Espanha, 51% no Reino Unido e 50% na Bélgica subscrevem uma tarifa de energia 100% renovável em casa.
O mesmo inquérito apenas encontrou dados estatisticamente robustos para as frotas na Alemanha, onde 59% dos gestores de frota afirmaram que os carregadores no local de trabalho tinham uma tarifa de energia 100% renovável, embora um terço não soubesse e apenas 11% afirmassem que as suas empresas não subscreviam uma tarifa de energia renovável.
Em todos os locais de carregamento domésticos, de trabalho e públicos, a percentagem de energia renovável contratada na Europa é de cerca de 61%, o que é superior ao cabaz energético geral, em que 49% da energia provém de fontes renováveis.
Investimentos OEM
Os fabricantes de automóveis (OEM) estão a investir em projetos de energias renováveis para reduzir a pegada de carbono do fabrico dos seus veículos elétricos e assim maximizarem a sua compatibilidade ambiental na estrada.
Em dezembro passado, a Volkswagen assinou um contrato de 10 anos para adquirir energia verde para a sua gigafactory de Salzgitter.
Jörg Teichmann, Diretor de Compras da PowerCo SE (o fabricante de células de bateria fundado pelo Grupo VW), disse: “queremos construir uma cadeia de abastecimento de baterias europeia robusta, que também estabeleça padrões elevados em termos de sustentabilidade”.
Atualmente a VW está envolvida em 18 centrais fotovoltaicas e oito parques eólicos em nove países europeus, que geraram cerca de 1,1 TWh de energia verde no ano passado. O construtor planeia aumentar os seus investimentos na produção de energias renováveis.
Sobre isso, Andreas Walingen, CSO e Diretor de Estratégia da Volkswagen Passenger Cars, diz: “o nosso compromisso com a sustentabilidade vai muito além da eletrificação dos veículos. Através do desenvolvimento em grande escala de parques eólicos e solares europeus, pretendemos apoiar os nossos clientes na região nos seus esforços para utilizarem sempre os seus veículos ID. de uma forma neutra em termos de carbono”.
*com Fleet Europe