A intenção de criar o IONIQ 6 parece ter sido a de maximizar a oferta de espaço, de conforto e de eficiência. A estética pode causar alguma desconfiança, mas aquilo que ressalta, depois de conduzi-lo, é que todos propósitos foram cumpridos
Quando o olhar percorre a silhueta da zona frontal em direção à traseira do carro, dá a sensação que o projetista que começou o esboço abandonou o projeto a meio e que outro, com menos sentido de estética, finalizou a parte traseira. E antes que soe a expressão “gostos são gostos e haverá quem goste e quem não goste”, é preciso dizer que o design do IONIQ 6 é quase todo inspirado num protótipo espetacular revelado em 2020, o Prophecy, cujo aspeto futurista evoca até o desenho de certa banda-desenhada futurista muito popular em meados do século XX.
Isto conduz-nos à designação Prophecy, ou profecia em português, já que a intenção deste concept era testar soluções futuras de interpretação do conforto e da funcionalidade do interior, através da organização e de um melhor aproveitamento do habitáculo, bem como a maior fluidez aerodinâmica da carroçaria e a utilização de materiais mais leves e sustentáveis, essenciais para melhorar a eficiência de um automóvel elétrico.
A explicação ajuda a entender o cerne da inspiração das formas do IONIQ 6, muito próximas das linhas do concept car, com as adaptações necessárias a um carro de estrada. Como resultado, embora seja um carro esguio e baixo, a posição de condução mostra-se confortável e prática e o habitáculo proporciona um espaço inesperado aos ocupantes, incluindo para aqueles que ocupam o banco traseiro.
Com um coeficiente de arrasto ou de resistência ao vento (Cx) de apenas 0,21 que o coloca, neste aspeto, ao nível dos desportivos de topo, a revelar-se um aliado tácito não apenas da eficiência, como também do conforto, devido à total ausência de ruídos aerodinâmicos pressentidos em andamento.
Face ao IONIQ 5, carro com o qual partilha plataforma, mecânica e parte do tablier, o Hyundai IONIQ 6 pretende assumir uma atitude mais executiva, desafiando modelos com presença habitual em empresas. Aos condutores mais ativos talvez cative o apêndice aerodinâmico por baixo do vidro traseiro, que acaba por lhe conferir uma imagem ar mais dinâmica e levemente desportiva. Porém, se a posição de condução, próxima do solo (embora seja possível elevar muito o banco), o formato original do volante, a disposição dos comandos, as portas lisas de botões (a abertura/fecho dos vidros está na consola central), a possibilidade de variar o modo de condução no volante (de Eco a Desportivo) podem contribuir para uma ideia de carro mais atlético, talvez esse não seja o seu real propósito.
Efetivamente, apesar da aceleração rápida típica de uma pronta disponibilidade de binário (própria de uma motorização elétrica, apesar de 228 cv não serem uma potência muito expressiva), ou de revelar uma atitude segura e estável se não exagerarmos, falta ao IONIQ 6 a impulsividade de certos concorrentes elétricos do seu segmento. Porque na verdade, a intenção deste carro é maximizar o rendimento da bateria de 77 kWh, ao assegurar eficiência dos consumos.
Em circuito misto, em condução normal, será possível percorrer cerca de 500 km com a versão equipada com jante de 18’’ (Premium), embora na de 20’’, como o Hyundai IONIQ 6 da imagem (Vanguard), a distância real seja de pouco mais de 420 Km. Dependendo do tipo de percurso, os consumos médios desta versão mantiveram-se abaixo dos 20 kWh/100 km, chegando ao fim do ensaio com um consumo misto próximo dos 17 kWh/100 km.
Com motor traseiro, a bateria de 800V pode receber carregamento rápido até 232 kW, recuperando dos 10 aos 80% da sua capacidade em 18 minutos, segundo a Hyundai.
Impressões
O tom preto da viatura que surge nas imagens não ajuda a realçar as formas do Hyundai IONIQ 6. A sua estética será sempre discutível mas depois de alguns quilómetros a condução suave não dececiona e faz até apreciar o exterior com outro olhar.
Poderia ser um automóvel familiar não fosse pela bagageira, não tanto pelo espaço que oferece, apenas 400 litros (sob o capot há também um espaço extra), antes por causa do seu acesso e pouca altura interior. Neste campo, o IONIQ 5 é muito mais prático e versátil.
A qualidade visual do interior não deslumbra mas não compromete. E o ecrã central, apesar de ter só 12,3″, possui um menu de funções com leitura fácil e de habituação rápida. Fora da tela digital existem botões com acesso direto ao sistema de climatização, a funções multimédia e de navegação, para uma maior segurança durante a condução.
Custo de aquisição, valores de renting e características do Hyundai IONIQ 6 Vanguard 77 kWh
Custo de aquisição | 46.722 euros + IVA |
Renda 36 meses | 935 euros + IVA |
Renda 48 meses | 981 euros + IVA |
Motor elétrico | 228 cv |
Binário máximo | 350 Nm |
Consumo combinado | 14,3 kWh/100 km |
Bateria | 77 kWh |
Autonomia | Até 614 km (combinada) |
Carga máxima AC | 11 kW |
Carga máxima CC | 350 kW |
*Valores Ayvens. Quilometragem anual contratada: 25.000 km – Serviços incluídos: aluguer/IUC/seguro (franquia 4%)/manutenção/gestão de frota/pneus ilimitados/veículo de substituição |