O Peugeot 3008 não é um automóvel com muita história, mas já existe há anos suficientes para se ter afirmado, e com provas mais do que dadas, num segmento (o dos SUV) iniciado por uma marca sediada mais a oriente
Se em 2007 apareciam os primeiros SUV em Portugal, apenas dois anos depois a Peugeot dava os primeiros passos numa gama chamada 3008, com uma primeira geração que durava sete anos e, a partir daí, com uma segunda geração responsável por quase 20 mil unidades matriculadas no nosso país. Mas esses números são apenas uma ínfima fração dos mais impressionantes registados a nível global: mais de 1.3 milhões de 3008 matriculados entre 2016 e 2024.
Agora, em 2024, a Peugeot estreia no 3008 a plataforma STLA Medium da Stellantis, uma evolução profunda da anterior EMP2, conferindo-lhe um caráter multi-energias. Partilhada com o novo Peugeot 5008, esta base foi concebida para melhorar o desempenho e eficiência dos modelos que a utilizam, mas também para aumentar a habitabilidade e possibilitar novos formatos de ergonomia interior.
Se por um lado esta nova gama, que permite a instalação de vários tipos de motor, se divide apenas em dois níveis de equipamento (Allure e GT), as possibilidades são muitas, uma vez que em cada nível de acabamento é possível optar por variadíssimos equipamentos, agrupados em pacotes consoante os níveis anteriores.
Elétricos com 800 km de autonomia. Stellantis apresenta plataforma STLA Large
Eficiência híbrida
No caso do 3008 Hybrid aqui ensaiado, este equipa, tal como o irmão “mais pequeno” e hibridizado 2008, uma solução mecânica composta por um bloco 1.2 Turbo a gasolina, apoiado por um motor elétrico alimentado por bateria de 48V. O trabalho conjunto destes dois motores debita uma potência combinada de 136 cv, sendo a transmissão e-DCS de dupla embraiagem e seis velocidades a responsável pelo desenvolver do carro em andamento.
O Peugeot 3008 Hybrid é um carro com pouco mais de tonelada e meia (535 kg mais leve que o seu irmão 100% elétrico); razão pela qual – e depois de a FLEET MAGAZINE ter tido contacto com ambas as versões – é seguro afirmar que as diferenças no comportamento são notórias. Nesta versão híbrida sente-se um carro muito mais leve e desenvolto, mesmo tratando-se de um carro equipado com motor a combustão, dependente de uma caixa de velocidades (que, por sinal, distribui muito bem os 136 cv pelas quatro rodas).
E, embora de grandes dimensões, é em ambiente urbano que este 3008 se destaca. Não tanto pela sua habilidade, mas sim pela eficiência do conjunto híbrido, que muitas vezes “silenciou” o bloco 3 cilindros a gasolina e deu lugar a uma condução zero emissões – tudo isto feito de forma quase sempre imperceptível.
Habitáculo envolvente
Ao volante do 3008 Hybrid somos aconchegados por um habitáculo envolvente, moderno e sofisticado. O Panoramic i-Cockpit é um dos principais responsáveis por este ambiente – parece-nos – bem conseguido.
Bem conseguido também foi o nível de insonorização a bordo. Ao volante, mesmo em regimes de velocidade mais altos, o isolamento de ruído é notório e o 3008 Hybrid, que possui um excelente pisar em terrenos menos sinuosos, não compromete o conforto a bordo.
Menos bem conseguido será, no entender da FLEET MAGAZINE, a posição do seletor de ordem de marcha (vulgo caixa de velocidades). Agora colocado junto ao volante, não reúne consenso quanto à sua praticabilidade, obrigando mesmo o condutor a desviar o olhar para aquela zona junto à coluna da direção mais vezes do que o que quereria.
Os assentos e os encostos do banco traseiro (40:20:40) são fixos em inclinação e não apresentam deslizamento longitudinal que permita aumentar ou reduzir a capacidade da bagageira. A sua volumetria é igual à geração anterior: 520 litros de volume útil sob a chapeleira (válido para todo o tipo de motor configurado neste automóvel).
Impressões
De design arrojado e mais futurista do que o que se verificava na anterior geração, o 3008 apresenta-se no quase já saturado mercado dos SUV como uma alternativa híbrida, principalmente junto dos clientes-empresa que procuram um automóvel robusto, moderno, e sem o ainda, porém cada vez menor, fator da ansiedade de autonomia, que aqui é rainha e senhora (exemplo disso é o facto de, ao fim de 428 km de condução em teste real, o computador de bordo ainda nos indicar uma autonomia – calculada – para 390 km).
Para empresas, a Peugeot preparou preços especiais a começar nos 33.509 euros (valor já com IVA) para esta motorização.