Há um novo modelo na já bem disputada arena dos SUV coupé. Chama-se Renault Rafale, deve o seu nome a um avião e quer afirmar-se com distinção no segmento D. E argumentos não lhe faltam

O Rafale é o primeiro Renault construído de raiz tendo por base a linguagem de design trazida para Paris por Gilles Vidal.

E embora inclua detalhes técnicos que lhe conferem caráter e sofisticação, preserva o ADN Renault, conforme afirmou categoricamente o designer responsável pelo Rafale.

Esta linguagem, que tão estéticos e bem construídos frutos está a dar à marca francesa (no final de 2024 colocou dois carros no top 10 de matrículas a nível nacional), converte-se agora num modelo que evoca outro famoso veículo que faz parte da história da Renault, o avião Caudron-Renault Rafale que, em 1934, bateu recordes de velocidade: 445 km/h.

renault rafale

Em 1933, a Renault adquiriu a Caudron e criou a Caudron-Renault. Todos os aviões foram batizados com o nome de um vento. Assim, o C460, um avião monolugar de corrida concebido para bater recordes, passou a chamar-se Rafale em 1934.

Renault Rafale e o avião Caudron-Renault Rafale, no Museu do Ar e Espaço Le Bourget, em Paris

Por alturas do seu lançamento, Fabrice Cambolive, CEO da Renault, dizia que o Rafale, simbolizava a evolução da marca e que estava no centro da Renaulution. Além disso, o ‘francês’ Rafale é agora o culminar de uma aposta numa presença que cobre todos os segmentos do mercado e que, sem surpresas, rivaliza com classe e categoria num segmento até aqui nitidamente dominado por propostas de marcas premium, muitas delas (ou quase todas) oriundas da vizinha Alemanha.

Onde também é notório este posicionamento premium é no interior do Rafale, recheado com materiais robustos e acabamentos de elevada qualidade. A estes junta-se o já tradicional sistema multimédia OnenR de fácil operação e integração com Google, o que facilita em muito a interação do condutor com o veículo, seja no simples uso de ferramentas de navegação (além do Google Maps, o Waze também é nativo no sistema, tal como nos modelos Austral e Megane, por exemplo).

Também no que respeita ao espaço a bordo – e que bem envolvidos são os ocupantes do Rafale por uma atmosfera sóbria e de requinte -, este é um automóvel que partilha com o Espace a mesma plataforma (CMF-CD) e, por conseguinte, a mesma distância entre eixos (2,74 m). Assim, tem 4,71 m de comprimento, 1,86 m de largura e 1,61 m de altura. No que respeita a espaço no interior, oferece um raio de 302 mm para os joelhos e 880 mm de espaço para a cabeça no banco de trás, mesmo contando com o tejadilho que, nesta secção traseira, tem um ângulo descendente, em virtude da sua silhueta coupé. Contudo, o espaço para os ocupantes do banco traseiro não é comprometido em nenhuma forma.

renault rafale

O espaçoso e confortável habitáculo é ainda harmonizado pelo teto panorâmico Solarbay (opcional), que a Renault introduziu no mercado com o Scenic e que permite escurecer o interior do veículo mais rápido do que recorrendo a uma tradicional cortina (e por secções).

Na bagageira contam-se 530 generosos litros de volume de carga, que aumentam para 1.600 litros quando rebatidos os bancos traseiros.

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E se o conforto é notável no interior do Rafale, tal também é conseguido pelo bom desempenho em curva e excelente capacidade de amortecimento, que tornam a experiência de condução numa tarefa fácil, prazerosa e cujo fim não queremos que chegue tão cedo.

Equipado com um motor a gasolina 1.2 litros de 131 cv, o Rafale junta-lhe dois motores elétricos (um com 68 cv, de tração, e outro com 34 cv, que se encarrega de garantir o arranque do bloco térmico 1.2 litros e de carregar a bateria de 1,7 kWh) para assim conseguir uma potência combinada de 200 cv – mais do que suficientes para a condução urbana, onde se perfila como um automóvel bastante económico. A FLEET MAGAZINE terminou o ensaio com uma média de 5,0 l/100 km, com condução maioritariamente em ambiente urbano, ainda que com algumas incursões em auto-estradas.

Impressões

Este topo-de-gama da Renault transporta-nos por caminhos de leveza e conforto, como que se de uma suave brisa se tratasse – ou não tivesse o seu nome relação direta com o vento.

Para um automóvel com jantes de 20” e pneus de baixo perfil seria de esperar um nível de conforto, no mínimo, comprometido. No entanto, tal não se verifica. A condução do Rafale é fácil, confortável e segura, com uma frente muito bem direcionada, em virtude duma direção extremamente precisa e eficaz. A isto junta-se o sistema 4Control de quatro rodas direcionais, uma solução que, não comprometendo a tração do veículo, permite que as rodas do eixo traseiro curvem, acompanhando assim o seu movimento em curva. Resultado? Mais agilidade, mais dinâmica e menos espaço necessário para manobras “mais apertadas”.

Disponível a partir de 45.500 euros na versão de equipamento Techno (seguramente a mais apetecível para clientes-empresa), o Rafale aqui ensaiado está configurado na versão esprit Alpine e tem, contabilizando todos os opcionais acrescentados, um custo de 57.807,10 euros. Um valor que ainda assim se revela bastante atrativo e competitivo, considerando o elevado conjunto de equipamento disponível nesta gama e a tecnologia (e até o próprio design do automóvel), geralmente apenas presentes em marcas premium, hangar no qual este Rafale já estacionou e do qual não sai tão cedo.

Custo de aquisição e características do Renault Rafale esprit Alpine E-Tech full hybrid 200 cv

Custo de aquisição57.807,10 euros
Motor a gasolina1.199 cc
Potência200 cv
Binário máximo205 Nm
Consumo4,7 l/100 km (em ciclo combinado)
Emissões107 g/km (em ciclo combinado)