Quase como se fosse um carro novo. O Renault ZOE parece que cresceu e ficou mais bem comportado, e, porque está mais adulto, ganhou responsabilidade, atitude e autonomia para andar mais tempo sem precisar de voltar a ligar-se à tomada para ganhar nova energia

Que “novo” ZOE é este?

Se anteriormente tinha um aspecto interior mais “barato” e simplista – e não só, recordava insistentemente a condição de 100% eléctrico -, o atual acrescenta design e qualidade sem perder a descontracção, colocando-se quase ao mesmo nível dos novos Clio e Captur.

Com estes carros partilha até algumas partes, como a zona central que engloba o comando da transmissão e de onde se ergue, imponente, um vistoso ecrã digital táctil.

Ou seja, se antes era um carro que prenunciava o futuro, o ZOE tornou-se um carro dos tempos atuais, dirigido aos que, conscientes da mobilidade eléctrica, não precisam nem querem ser insistentemente lembrados dela. E faz isso retirando da frente do condutor informações insistentes sobre consumos e autonomia, até porque ela já não é – não deve ser – algo que gere ansiedade para quem conduz um carro sem emissões.

Nem é preciso senti-la a bordo deste reescrito ZOE, que já traz capacidade para percorrer tranquilamente mais de 300 km em estrada, graças à nova bateria de 10 módulos com 52 kWh, encaixada no lugar onde antes ficava outra de menor capacidade. Logo, sem retirar espaço ao interior e mantendo a refrigeração a ar.

Esta tem sido uma das vantagens do ZOE sobre muitos dos demais carros eléctricos que já existem e outros que aí vêm: ter sido concebido de raiz para ser um Z.E. (Zero Emissões), conferiu-lhe modularidade para receber diferentes tipos de motor, com a evolução da tecnologia e da capacidade da bateria a permitirem-lhe ir até cada vez mais longe.

Um verdadeiro laboratório para a Renault, que hoje pode reclamar um crédito de 8 anos de experiência nesta área, num segmento onde ainda há quem se esteja a adaptar e a adaptar plataformas para receber a electrificação

Talvez por isso, tenha sido tão fácil à Renault evoluir o ZOE e redesenhar um produto quase novo, com base no anterior. Que, apesar de manter a silhueta do exterior parece realmente novo, até pelo modo descomplicado e descontraído como se conduz, semelhante a qualquer utilitário com motor térmico e transmissão automática.

Porém, para quem leva a sério questões de economia também há com que se entreter: uma desaceleração fortemente regenerativa (selecionável, caso contrário o conjunto adquire capacidade de rolamento) e um modo “Eco”, que controla os ímpetos, reduz o consumo de energia e limita a velocidade máxima. Se essa for a opção e o trajeto muito urbano, a autonomia pode ficar no limiar dos 400 km.

Motivos de sucesso

O ZOE continua a não ser um carro familiar, antes a razão porque a Renault não sente pressão para electrificar totalmente o Clio

Descomplicado:

Com uma imagem exterior refrescada, uma postura em estrada mais agradável e decididamente mais dinâmica, equipamento e autonomia reforçados, este carro ganha créditos na capacidade de poder continuar a ser o modo mais económico de convencer quem ainda olha um carro eléctrico com desconfiança.

O interior evoluiu drasticamente. A sensação de qualidade é transmitida por um tablier novo e revestimentos mais macios, numa modernidade e funcionalidade próximas dos novos Clio e Captur.

A posição de condução, com o banco fixo em altura, pode continuar a ser menos confortável para utilizadores mais altos, o mesmo ocorrendo com os ocupantes de maior estatura do banco traseiro.

Como já se disse, o ZOE não é um carro para viagens familiares, escasseando, inclusivamente, capacidade de mala: só 338 litros.

Preço/flexibilidade/disponibilidade:

Pelos valores de aquisição, rapidez de entrega, flexibilidade de venda com ou sem baterias (Flex, sistema de aluguer de baterias) e disponibilidade de wallbox própria para uso doméstico ou empresarial (7 kW), o ZOE tem sido fundamental para a eletrificação das frotas, sobretudo as de organismos públicos.

Uma tendência que pode acentuar-se nos próximos anos, mesmo face ao aumento da concorrência, muita da qual sem o capital de conhecimento e massa crítica que o ZOE já deu à Renault.

Rapidez de carregamento:

Além de revisto na estética, no interior, no equipamento e mecanicamente, não menos importante do que aquilo que ganhou em atitude e autonomia, o ZOE conquistou rapidez de carregamento.

Assim, passa a poder visitar os postos rápidos para receber carga até 50 kW, onde 30 minutos ligados à ficha valem mais 150 km de autonomia. Já ligado a 22 kW, precisa de uma hora para recuperar até 125 quilómetros.

Como é lógico, este último valor está dependente do estilo de condução que molda o consumo de energia.

Um estilo que consegue ser muito dinâmico nas unidades com o novo motor Renault de potência equivalente a 135 cavalos e um binário quase imediato de 245 Nm, suficientes para transfigurar o ZOE num pequeno GTi sem emissões (ficando o “i” para “inteligente”, por exemplo).

Mas o anterior motor R110 de 80 kW, equiparável a 110 cv de um motor de combustão, está também disponível na configuração da nova bateria de 52 kWh.

Não existe uma diferença significativa no custo de aquisição, e quanto a consumos, praticando o mesmo estilo de condução, equivalem-se.

Ficha de Produto: Preço, rendas, consumo e motor

  • Preço:

28.865/29.272 euros + IVA (110/135 cv)*

  • Rendas:

545,37/552,09 €/mês + IVA (36m)*

511,59/517,88 €/mês + IVA (48m)*

  • Consumo médio e emissões:

0 gCO2/km

  • Motor elétrico:

80/100 kW (110/135 cv)

  • Binário:

225/500 às 3.395 e 245/1.500 às 3.600 Nm/rpm

  • Bateria:

52 kWh (iões de lítio)

  • Autonomia:

até 395 km (ciclo combinado) e 558 km (ciclo urbano) -WLTP R110

  • Eficiência:

172/177 Wh/km

(*)Valores LEASEPLAN. Quilometragem anual contratada: 30.000 – Serviços incluídos: aluguer/iuc/ seguro (franquia 4%)/manutenção/ gestão de frota/ pneus ilimitados/ veículo de substituição – quilometragem técnica máxima: 200.000 kms