O recente estudo da gestora indica um aumento da adesão das empresas portuguesas ao renting. Por outro lado, a Arval Portugal está a reforçar noutros segmentos do mercado, estabelecendo parcerias com instituições financeiras e marcas automóveis. Fatores que justificam um sentimento de optimismo em relação a este modelo de aquisição
As conclusões do “Barómetro 2019” do “Arval Mobility Observatory” fazem João Soromenho, diretor comercial da Arval Portugal, sentir-se otimista em relação ao crescimento deste modelo de financiamento em Portugal. Porém, reconhece que a gestora está a preparar-se para os novos desafios de mobilidade, potenciando a experiência obtida noutros países europeus.
Além disso, a Arval Portugal passou recentemente a gerir os serviços de renting de duas importantes marcas: a Opel, através do Opel Vauxhall Finance / Free2Move e da KIA, que se juntaram à parceria estabelecida com o BPI, fundamental para conquistar mercado de ENIs, PMEs e clientes particulares.
Alain van Groenendael, CEO da Arval, referiu o processo de transição de gestora de uma empresa de renting para um provedor de serviços de mobilidade. Numa altura em que, também em Portugal, aumenta o estímulo a novas formas de mobilidade, como é que a Arval está a preparar-se para esta possível transição?
A adaptação a um mundo em rápida mudança é uma exigência da estratégia da Arval. Mas a transição para uma empresa de serviços de mobilidade será gradual, acompanhando a maturidade de cada mercado.
Por exemplo, a Arval já disponibiliza uma plataforma de mobilidade na Holanda e mais recentemente na Bélgica, aproveitando a alteração legislativa que permite que empresas e colaboradores possam decidir entre o uso de viatura da empresa ou a opção por um orçamento de mobilidade.
A partilha de viaturas é um fenómeno ainda residual e o que o estudo do Barómetro 2019 nos mostra é que fatores como o WLTP e fiscalidade estão a motivar a opção por energias alternativas nas viaturas. Mas não vemos ainda nenhuma tendência para substituição de viaturas por outras formas de mobilidade em Portugal.
Que soluções europeias poderiam ajustar-se a Portugal?
Há espaço de oportunidade e progressão para outros modelos de mobilidade.
Modelos como o carsharing estão a crescer mas, no meio empresarial, a prática é ainda muito residual. No entanto, trabalhamos diariamente para garantir que somos capazes de responder às exigências e necessidades dos nossos consumidores, que, claro, incluem os millennials.
Olhando apenas para a realidade atual, qual a diferença do vosso serviço em relação a outras gestoras?
A Arval tem uma forma distinta de servir os clientes. Uma abordagem construída com base no que as empresas e as pessoas precisam, concretizado num serviço personalizado e próximo.
Somos diferentes, porque cada novo renting começa por acolher pessoalmente o novo condutor e dar-lhe informações necessárias para que se sinta acompanhado desde o início do aluguer; diferentes, porque promovemos a sustentabilidade, oferecendo a cada novo condutor uma formação profissional em condução eficiente, com viaturas de treino com motorização híbrida; diferentes, porque a nossa oferta inclui um conjunto de serviços completo, evitando que o cliente tenha outros custos para além do aluguer; diferentes, porque temos um service booking, em que o condutor só tem que nos dizer o que pretende para a sua viatura e nós tratamos de tudo por ele; diferentes, porque criámos as condições tecnológicas com aplicações digitais ou ferramentas web que facilitam a vida de clientes e condutores no dia-a-dia, com menos tempo perdido e aumentando a confiança numa relação de longo prazo; diferentes, porque damos realmente importância à melhoria contínua através de mecanismos de medição regular da qualidade de serviço; diferentes, porque na base de qualquer relação comercial colocamos sempre o respeito por valores e por uma conduta ética.
Face ao aumento da procura de veículos híbridos e elétricos por parte das empresas, identificada no último barómetro, a Arval Academy é convenientemente aproveitada pelos vossos clientes?
Claro que sim. A Arval Training Academy oferece a qualquer cliente que receba um carro novo um curso de condução eficiente sempre em viaturas híbridas, atendendo a que o comportamento do condutor pode contribuir para um aumento de até 35% do consumo de combustível e para 90% dos acidentes.
Mas apesar do crescimento da procura de híbridos e elétricos, a grande maioria de novas viaturas novas continuam a ser diesel ou a gasolina, pelo que motivar os condutores e oferecer-lhes treino e conhecimentos técnicos para os ajudar a conduzir com eficiência e segurança continua a ser fundamental para reduzir o risco e os custos da frota.
A telemetria surge como fundamental para o acompanhamento e melhoria contínua desses resultados. Porém, a questão da privacidade continua a ser a maior preocupação à sua utilização. A Arval tem soluções para, por um lado, apoiar os clientes a conseguirem uma gestão mais assertiva da frota, por outro, garantirem que ficam dentro do RGPD?
Sim. O Arval Active Link é uma solução de telemática em diferentes módulos, que se podem acionar de acordo com o perfil e necessidades de cada cliente e totalmente desenvolvida e gerida dentro do grupo.
Foi desenhado tendo por base a privacidade e em conformidade com os princípios do RGDP, permitindo ao condutor manter o seu próprio “diário de condutor”, onde todas as viagens podem ser classificadas como profissionais ou particulares.
Com o Arval Active Link, cada empresa pode promover uma condução mais responsável, com antecipação de eventuais desvios do contrato, com aumento de produtividade, com redução de custos e com maior segurança para os seus condutores. Por exemplo, a gestão otimizada de rotas reduz até 20% os custos de combustível e o aumento de produtividade é também na ordem dos 20%.
Mas a empresa promove também a maior segurança dos seus condutores através do controlo dos períodos de condução. Isso é crucial, por exemplo, em empresas de distribuição. E promove um melhor estilo de condução através de um feedback de condução personalizado, embora não esquecendo a possibilidade de o utilizador da viatura poder acionar o botão de privacidade.
Como é que os particulares e pequenos empresários estão a aderir ao renting? Quanto é que já representam para a Arval e de que forma é que este segmento é tratado?
O renting tem vindo a ter uma maior aceitação tanto a nível de PME, ENI e particulares. Para melhor chegar a estes segmentos, a Arval aposta em parcerias estratégicas, como a que foi estabelecida com o BPI e que nos permite chegar a PME e clientes particulares, o que até agora não nos tinha sido possível.
Neste momento temos também uma parceria com a Opel Vauxhall Finance (OVF) e com a KIA para gerir os contratos de renting da Free2Move Lease e da KIA Renting.
Qual a vossa expectativa para o mercado do renting e automóvel em 2019 e nos anos mais imediatos?
A expectativa da Arval é que o mercado do renting continue com a tendência de crescimento a que temos assistido nos anos mais recentes.
O Barómetro 2019 do Arval Mobility Observatory revela que o renting tem vindo a ganhar terreno entre as escolhas dos gestores. São já 20% as empresas portuguesas que utilizam o renting como método de financiamento para os seus automóveis. Um valor muito superior ao verificado em 2014, ano em somente 4% assumia utilizar este instrumento em detrimento dos modelos mais tradicionais. Isto significa que o renting é o método de financiamento automóvel que mais cresceu em Portugal nos últimos seis anos.
E que tendências a Arval adivinha para o mercado português?
No que diz respeito a tendências, obviamente que a mobilidade e a transição energética têm ganho cada vez mais relevância no panorama nacional. Mas acompanhamos as tendências de mobilidade e os modelos de negócio que emergem todos os dias, o que nos obriga a reformular os nossos serviços.
Estamos já a testar novas soluções de mobilidade na nossa “Hub de mobilidade” e estamos muito otimistas em relação ao futuro.