A Iberdrola | bp pulse é uma joint-venture que nasceu da aliança entre duas empresas referência no campo da energia e tem como missão antecipar as necessidades futuras de um sector que vive uma transformação radical.

E se essa antecipação é parte integrante de uma estratégia já muito bem definida, Ricardo Pacheco, Country Manager da Iberdrola | bp pulse no nosso país, define, no âmbito dos objetivos da empresa, um ponto muito claro: duplicar a rede de carregamento ultrarrápido em Portugal até final de 2025.

Em entrevista à FLEET MAGAZINE, o responsável da Iberdrola | bp pulse diz que a empresa – que já é a maior operadora ibérica de carregamento ultrarrápido – tem uma identidade própria e que procura garantir uma infraestrutura pública, acessível, eficiente e 100% alimentada por energia renovável.

Quais são os principais desafios que a Iberdrola | bp pulse enfrenta ao integrar uma infraestrutura de carregamento rápido em Portugal?

A necessidade de reforço da infraestrutura elétrica nos locais onde queremos instalar as nossas estações de carregamento e que garanta a potência adequada para os carregamentos rápidos e ultrarrápidos. Apesar dos avanços significativos, persistem desafios estruturais nos processos de licenciamento e ligação à rede, que se revelam morosos, exigindo uma articulação complexa e eficaz com entidades locais e operadores de rede.

Preocupa-nos este desfasamento entre regras atuais, capacidade técnica e burocracia, e a rapidez de resposta necessária para acompanhar o crescimento da mobilidade elétrica. Neste contexto, torna-se evidente que o Regime Jurídico da Mobilidade Elétrica (RJME) carece de revisão urgente. A legislação atual, embora tenha sido fundamental numa fase inicial do sector, não responde às necessidades atuais de escala, velocidade e integração tecnológica.

Simultaneamente, é crucial garantir que a experiência do utilizador final seja simples, fiável e acessível, o que implica investimentos contínuos em tecnologia e digitalização, do qual a universalidade de pagamento com TPA na nossa rede é um excelente exemplo.

Como é que planeiam expandir a rede em Portugal, nomeadamente para suportar o aumento das frotas elétricas?

O plano é claro: atingir 600 pontos de carregamento em Portugal até ao final de 2025. Isso duplicará a atual rede nacional de carregamento ultrarrápido (postos com potência acima de 150 kW). Pensando no médio prazo, já temos direitos de exploração de espaços que nos permitirão instalar e operar mais de 1.000 pontos de carregamento adicionais, com um investimento previsto de 75 milhões de euros até 2026.

A expansão da rede em Portugal está centrada em três eixos:

  • Reforço dos corredores de longa distância com hubs ultrarrápidos;
  • Cobertura em zonas urbanas e periurbanas com elevada densidade populacional;
  • Soluções dedicadas para empresas e frotas.

Através da rede de estações de serviço da bp, de parcerias com operadores logísticos, centros comerciais, municípios, entre outros, estamos a construir uma rede que garante uma capilaridade nacional que responde às necessidades crescentes dos utilizadores particulares e empresariais.

Iberdrola | bp pulse inaugura carregador ultrarrápido de 400 kW em Odivelas

Quais são os critérios considerados ao escolher os locais para instalação para pontos de carregamento rápido/ultrarrápido?

Selecionamos localizações com base em critérios de:

  • Acessibilidade e conveniência, em zonas urbanas e corredores rodoviários principais;
  • Potencial de utilização, tendo em conta fluxos de tráfego e densidade de veículos elétricos;
  • Disponibilidade de potência elétrica;
  • Sinergia com serviços de conveniência (por exemplo: instalações sanitárias, bar, restauração, lavagem automóvel, loja de conveniência ou área de descanso).

Adicionalmente, estamos focados em garantir coesão territorial, promovendo a mobilidade elétrica também fora dos grandes centros urbanos. Atualmente estamos presentes em 62 concelhos e cobrimos 25 das 26 regiões administrativas de Portugal. A ambição é garantir que, proximamente, um em cada três concelhos terá pelo menos dois carregadores da Iberdrola | bp pulse.

Falou de soluções de dedicadas para empresas e frotas. Que soluções são essas?

Reconhecendo que 60% das utilizações da nossa rede pública em Portugal já são feitas por frotas profissionais, estamos em conversações com comercializadores de mobilidade elétrica, mas também com empresas detentoras de frotas e mesmo com construtores e concessionários, procurando encontrar soluções personalizadas de carregamento e programas de apoio à transição.

Em específico para empresas de logística e transporte de longa distância, estamos a desenvolver uma rede ibérica de carregamento preparada para camiões elétricos, onde se incluem vários projetos em Portugal (atualmente em fase de licenciamento), mas também localizações já em operação como o primeiro carregador com a tecnologia MCS (em Múrcia, Espanha) ou o acabado de inaugurar megahub de Fontes de Onor, junto à fronteira de Vilar Formoso.

Este é um pilar estratégico da nossa atuação para descarbonizar o tecido empresarial nacional. Por isso desafiamos todos os interessados a nos contactarem.

De que forma é que colaboram com os principais stakeholders (empresas de transporte, fabricantes de veículos e até entidades governamentais) para impulsionar a transição para uma mobilidade mais sustentável em Portugal?

A Iberdrola | bp pulse acredita firmemente na colaboração para acelerar a transição energética. Dessa forma, trabalhamos com:

  • Comercializadores de mobilidade elétrica procurando encontrar sinergias que beneficiem a rotação da nossa infraestrutura;
  • Municípios e entidades públicas para agilizar processos e identificar terrenos para carregadores;
  • Fabricantes e operadores logísticos, para alinhar a infraestrutura às especificidades dos veículos e operações;
  • Entidades reguladoras e decisores políticos, para promover políticas públicas e incentivos que facilitem a adoção do veículo elétrico.

Estamos também abertos a novas parcerias com quem partilhe a nossa missão: tornar o carregamento ultrarrápido acessível a todos, em qualquer ponto do país.

Quais as expectativas em termos de crescimento da empresa, e como é que planeia acompanhar essa evolução de acordo com as necessidades das frotas elétricas?

A nossa operação tem já contribuído para a redução de mais de 10.000 toneladas de CO2. Com a expansão da rede e o desenvolvimento da mobilidade elétrica, a expectativa é evitar mais de 25.000 toneladas até ao final do ano, consolidando o nosso compromisso com a descarbonização.

O investimento global projetado em Portugal até ao final de 2026 ronda os 75 milhões de euros, o que evidencia a nossa aposta contínua no crescimento da rede. Atualmente, operamos aproximadamente 200 pontos de carregamento em Portugal e ambicionamos alcançar cerca de 600 pontos operacionais até ao término de 2025.

Este crescimento será acompanhado por investimento contínuo em inovação, digitalização e talento, assegurando uma rede moderna, eficiente e pronta a responder às exigências de uma mobilidade elétrica em rápida expansão. Desta forma, perspetivamos um futuro de crescimento e reconhecimento como detentores da infraestrutura mais abrangente e inovadora na Península Ibérica.