A França quer eliminar gradualmente a utilização de automóveis a gasóleo por parte dos automobilistas não profissionais e vai colocar em prática um sistema para identificar os veículos mais poluentes, anunciou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. “Favorecemos durante muito tempo o motor a gasóleo. Foi um erro mas vamos desfazê-lo progressivamente, de forma inteligente e pragmática”, concluiu.
Por isso, em 2015, o governo gaulês vai criar um sistema para identificar e classificar os veículos pela quantidade de poluição que emitem, de forma a facilitar o trabalho das autoridades na limitação dos carros mais poluentes nos acessos às cidades.
Em Portugal, uma das recomendações incluídas no anteprojeto de reforma da Fiscalidade Verde referia o agravamento dos impostos sobre viaturas mais poluentes e, num prazo máximo de 10 anos, equiparação da tributação entre o gasóleo e a gasolina.
Esta medida estaria em linha com a tendência verificada em outros países europeus, face aos desenvolvimentos recentes da indústria automóvel e ao apertar das emissões de poluentes dos motores a gasóleo.
O gasóleo ainda se justifica?
O diesel continua a ser a motorização mais procurada e vendida na Europa, indica um estudo da Bosch que analisou as preferências por tipo de automóvel, em todo o mundo. Atualmente, a opção pelo diesel representa 50 por cento dos carros novos europeus. Em Portugal, por razões fiscais e económicas é a solução utilizada pela maioria das frotas profissionais, mas também por muitos particulares.
Contudo, o apertar das normas ambientais em relação à emissão de poluentes, está a tornar cada vez mais cara a produção de motores e até do próprio combustível.
Está cada vez mais cara a produção de motores a gasóleo e até do próprio combustível
Por isso, a maioria dos grandes fabricantes automóveis está a apostar em desenvolver os motores a gasolina, tornando-os cada vez mais eficientes.
É nesse sentido que se explica o surgimento de motores a gasolina de reduzidas cilindradas, mais pequenos e mais leves e, contudo, mais potentes e menos gastadores. Atualmente, muitos dos novos motores a gasolina conseguem não só apresentar menos emissões do que unidades equivalentes a gasóleo, como se aproximam nos consumos.
A Peugeot é um dos construtores que enveredou por essa via. José Barata, diretor de relações externas da marca francesa em Portugal, evidenciou estas mesmas vantagens na 3.ª Conferência Gestão de Frotas organizada pela FLEET MAGAZINE em Novembro de 2014. (Galeria de imagens)
Poluidor pagador
Em Portugal, uma das medidas incluída no Orçamento de Estado para 2015, destinada a penalizar os modelos mais poluentes, é o aumento do imposto petrolífero e das taxas de carbono.
Em França haverá uma medida mais direcionada: o governo anunciou que vai aumentar o imposto especial sobre o consumo do diesel em 2 cêntimos por litro e o executivo está a trabalhar no sentido de ampliar os benefícios para a conversão de motores antigos a diesel, em áreas com projetos de combate à poluição.
Na linha do que acontece em Espanha, onde o governo garante fortes incentivos à compra de viaturas elétricas, também em França é oferecido um bónus de até 10 mil euros para quem optar pela compra de carros elétricos em vez de modelos a gasóleo.
O Orçamento de Estado português para 2015 prevê medidas idênticas, mas de menor valor, no caso de abate de viaturas com mais de 10 anos.