O mercado de financiamento automóvel está a mudar em Portugal. Os players tradicionais estão a ser desafiados no terreno pelas financeiras das marcas que apresentam rácios de crescimento bastante interessantes ao apostar em soluções de financiamento mais simples, à medida do cliente, e que se traduzem em rendas mensais mais acessíveis.
Um importante trunfo que, em tempos de crise, pode fazer toda a diferença já que todos os indicadores apontam para uma forte travagem da atividade e intenções de investimento das empresas.
Até abril, o financiamento de viaturas através de leasing desceu 60%, com a consequência do prolongamento dos prazos do contrato, diz José Beja Amaro, presidente da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). Por outro lado, o renting vai continuar a aproximar-se do leasing como solução financeira para a compra de automóvel em termos de quota de mercado nas escolhas das empresas portuguesas, diz o barómetro Corporate Vehicle Observatory 2012 (CVO), estudo elaborado pela Arval.
De acordo com este documento, que pretende antecipar e divulgar as principais tendências na gestão de frotas automóveis empresariais, o aluguer operacional aumenta a sua taxa de penetração para 44%. No entanto, o leasing financeiro, com 45%, continua a ser o método de financiamento mais utilizado pelas empresas portuguesas.
Um bolo que as financeiras das marcas não querem perder. Aproveitando a menor liquidez da banca tradicional, as marcas apostam cada vez mais no mercado de empresas, como é o caso da BMW.
“Mais de um em cada três BMW novos, vendidos durante o primeiro quadrimestre de 2012, foram financiados pela BMW Financial Services. Esta performance corresponde à manutenção da taxa de penetração face ao mesmo período do ano passado”, diz à FLEET MAGAZINE o Relações Públicas da BMW Portugal.
João Trincheiras explica ainda esta evolução mais favorável pelo “vasto leque de produtos e serviços, que se destacam das ofertas da banca de retalho tradicional”, nomeadamente programas de manutenção, pneus, viatura de substituição, seguro automóvel com coberturas diferenciadoras e seguros de proteção de crédito.
Situação que não é muito diferente na rival Mercedes-Benz, outro player importante no mercado de empresas.
“Os valores são semelhantes a 2011”, avança Paulo Marques, da Mercedes-Benz Financiamento, que financiou 43,6% dos carros da marca vendidos em Portugal.
Quer BMW quer Mercedes destacam à FLEET MAGAZINE algumas das vantagens dos seus produtos. Na BMW, “o Select e o Renting, que se caracterizam por terem a melhor opção de prestação, quando comparado com os produtos de financiamento tradicionais e no mesmo prazo”. Na Mercedes-Benz, “a Opção Vantagem que permite ao cliente apenas decidir no final do contrato de financiamento adquirir o bem pelo Valor Residual (VR), devolver a viatura ou refinanciar o VR”.
Mas não são só as financeiras das marcas premium que registam boa performance.
O RCI Banque da Renault viu a sua quota de financiamento a empresas crescer para 70%, no 1.º trimestre. A Citroen Financial Services para 29,9%, a Peugeot Finance para 28,1% e FGA Capital (do grupo Fiat) para 29,3%.
Segundo a Peugeot Finance, este comportamento deve-se «essencialmente pela vantagem de ser especializada num produto financiamento automóvel. Somado ao facto de termos a capacidade necessária para não afetar em demasia a política de aceitação, permite ganhar vantagem face aos concorrentes mais diretos».
Diagnóstico semelhante faz a FGA Capital. “Ao contrário das financeiras generalistas, a vantagem que temos para benefício dos nossos clientes, tanto pode advir de campanhas conjuntas com as marcas (baseada em desconto, renda ou ambos) como com a possibilidade de financiar serviços adicionais específicos do setor automóvel (Extensão de Garantia) o que, por si só se torna um fator diferenciador face às financeiras generalistas que é claramente transformado em vantagem para o cliente final”.