Empresa centenária e engajada nos propósitos de sustentabilidade, a Águas de Carvalhelhos está agora a dar os primeiros passos na eletrificação da sua frota automóvel. O processo é apoiado na produção de energia renovável proveniente de mais de um milhar de painéis fotovoltaicos, com que perspetivam conseguir reduzir em cerca de 45% a fatura de eletricidade

A Águas de Carvalhelhos é uma empresa com mais de um século de história. Comercializa diferentes tipos de água mineral engarrafada com características medicinais, gaseificada ou não gaseificada, captada na serra do Barroso, na localidade de Carvalhelhos, concelho de Boticas, em Trás-os-Montes.

Com uma imagem de marca que se identifica com a história da empresa criada em 1915, através de um alvará de concessão de exploração das águas, a Águas de Carvalhelhos foi pioneira na introdução das embalagens PET, um polímero termoplástico 100% reciclável, no mercado nacional de água engarrafada. Exemplo de sustentabilidade ambiental que recebe agora novo impulso, com a eletrificação da frota automóvel e instalação de 1.125 painéis fotovoltaicos, medidas com as quais a empresa estima poder deixar de ser responsável pela emissão de 258,6 toneladas anuais de CO2 para a atmosfera.

A substituição faseada das atuais viaturas por automóveis 100% elétricos altera também a tipologia da frota, ao ver aumentar o número de automóveis ligeiros de passageiros de cinco para 16 unidades.

“Anteriormente, os nossos vendedores e inspetores utilizavam carros comerciais de dois lugares. Passaram agora para ligeiros de passageiros, com cinco lugares, devido à isenção de impostos que impende sobre as viaturas elétricas”, explica Daniel Soares, administrador da empresa.

Outra consequência desta transição é o rejuvenescimento do parque automóvel: “antes do passo da eletrificação, a idade média da frota era de 14 anos. A aquisição das 13 viaturas elétricas, este ano, fez reduzir a idade média para os nove anos”, explica.

Que modelo de gestão de frota é utilizado pela empresa?

A gestão da frota encontrava-se centralizada na empresa. No entanto, neste momento, passamos a contar com a colaboração de um gestor de cada marca, através da linha de apoio disponibilizada pelas empresas de renting.

Que critério ou critérios utilizam para a escolha das viaturas com fins operacionais, neste caso, para os vendedores e inspetores?

O principal critério foi a autonomia das viaturas. Evidentemente, também avaliámos o custo mensal e a segurança dos nossos colaboradores, assim como a fiabilidade da marca.

E no caso das viaturas administrativas?

Seguimos o mesmo critério relacionado com as exigências funcionais laborais, com a autonomia das viaturas, o custo mensal, o conforto e segurança, e, também, a fiabilidade da marca.

Qual o grau de autonomia dos utilizadores na gestão das viaturas que utilizam?

Utilizamos a Via Verde para as portagens e para as SCUT, pelo que é um processo automatizado. E são os próprios utilizadores que providenciam as operações de rotina, juntamente com o Departamento de Aprovisionamento e agora, sempre que necessário, com os gestores de frota.

Daniel Soares, o primeiro a contar da esquerda na imagem, é administrador da Águas de Carvalhelhos. Há sensivelmente um ano que tem a gestão/ responsabilidade da frota a seu cargo.
Na foto estão ainda, da esquerda para a direita, Arnaldo Riesenberger, diretor comercial para o mercado nacional e Gonçalo Magalhães Ferreira, diretor comercial do mercado externo.

Eletrificação da frota

O que motivou a Águas de Carvalhelhos a avançar para a eletrificação da frota?

Como empresa monomarca, que explora e comercializa exclusivamente água mineral natural, a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente são temas e preocupações primordiais na visão estratégica da nossa organização.

Pesaram também na decisão os custos elevados de manutenção de uma frota envelhecida e, claro, a otimização do tempo de utilização das viaturas, que começaram a passar mais tempo em oficina para reparação.

As viaturas elétricas são muito mais simples e não requerem tanto tempo nas intervenções, além da eletricidade reduzir consideravelmente o custo de utilização.

Podem detalhar os passos desse processo, quer no que toca à substituição de viaturas, como na instalação de pontos de carregamento e de autoprodução de energia?

Temos em funcionamento a nossa UPAC, alimentada por 1.125 painéis fotovoltaicos instalados nos diversos telhados das nossas instalações fabris em Carvalhelhos, Boticas. Este projeto permite, além da utilização fabril, o carregamento de viaturas a um custo mui- to baixo, aproveitando o sol, que é uma fonte inesgotável de energia.

Avançaremos agora para a instalação de carregadores na residência de alguns colaboradores, de forma a aproveitar os horários em vazio e reduzir, ainda mais, o custo de carregamento. Vamos fazer isso em parceria com uma empresa especializada neste tipo de operação.

Ainda que estejam numa fase inicial, estão a cumprir-se as expectativas? Que desafios estão a enfrentar? Seja em relação à utilização diária das viaturas, nomeadamente carregamentos, como da parte dos utilizadores?

Ainda estamos no terceiro mês de utilização da frota e uma parte dos carregamentos são efetuados em postos públicos.

Numa próxima fase, muito em breve, vamos instalar carregadores residenciais, para que os nossos colaboradores possam abastecer as viaturas durante a noite. Além de ser mais económico para a empresa, torna-se mais cómodo e produtivo para a nossa equipa comercial.

Como planearam a atribuição e distribuição das viaturas, nomeadamente por razões de autonomia ou de carregamento?

Viaturas com maior autonomia foram disponibilizadas aos nossos inspetores de venda, que têm uma abrangência de cobertura territorial maior.

Para a nossa equipa de vendas diretas foram escolhidas viaturas com menor autonomia, mais ágeis e mais pequenas, com possibilidade de carregamento rápido, que podem ser carregadas a qualquer momento em diversos sítios espalhados pela área metropolitana.

É fundamental avaliar cada tipo de operação para atribuir a viatura mais adequada às necessidades diárias dos utilizadores.

Algum destes fatores pesou mais na decisão de eletrificação: benefícios fiscais que favorecem o TCO ou exigências ambientais/ de sustentabilidade, nomeadamente o cumprimentos de critérios de ESG/CRSC?

Todos os fatores citados são importantes para a nossa organização. Vale a pena ressaltar, também, que a instalação dos painéis fotovoltaicos contribuiu de sobremaneira para trilharmos este caminho da eletrificação da frota.

Baseado na experiência que estão a ter, que alertas ou recomendações gostariam de deixar para outras entidades que ainda estejam a ponderer ou a iniciar um processo de eletrificação da frota?

Existem inúmeras soluções no mercado e cada empresa e/ou instituição deve estudar bem as respetivas especificidades, de forma a escolher os sistemas e a viatura certa para a operação em causa.

A eletrificação já é uma realidade e um caminho sem volta. Mas a velocidade com que as novas tecnologias aparecem afasta um pouco os empresários da tomada de decisão para realização do investimento. Claro que haverá novas soluções no futuro, mas o mercado será assim daqui por diante: veloz, híbrido e sempre na busca de soluções ideais para cada tipo de negócio.

B.I. da frota Águas de Carvalhelhos

  • Número de viaturas: 22 unidades
  • Por tipologia:
    Ligeiros de passageiros: 16 unidades
    Ligeiros de mercadorias: 6 unidades Eletrificados: 13 Ligeiros de passageiros 100% elétricos, utilizados pelo Departamento Comercial e pela Administração.
  • Idade média da frota por classe de veículo: 9 anos
  • Modelo de aquisição: Renting, diretamente com as marcas vencedoras do concurso de renovação da frota. A Águas de Carvalhelhos utiliza os serviços de algumas oficinas parceiras e a gestão dos serviços corre por conta da nossa empresa.
  • Sistema (software) de gestão de Gestão de Frota: Não utiliza software específico, dada a dimensão da frota. Controlo interno com recurso a folhas de cálculo. No caso das viaturas elétricas, existe uma plataforma que concentra todas as informações de carregamento (dia, hora, consumo e custo de cada carregamento), para analisar, em tempo real, os custos de energia envolvidos na operação de cada viatura e da frota.
  • Sistemas de georreferenciação e/ou de controlo/gestão da frota instalados nas viaturas: Não se aplica
  • Política de frota: não se aplica
  • Frota decorada: não se aplica