No final de 2018, a Beltrão Coelho deu início ao processo de eletrificação da frota, adquirindo dezassete Renault ZOE e três Toyota Yaris Hybrid para substituir unidades a gasóleo.
Um movimento arriscado que deixou de fora apenas três carros diesel, mas justificado por um conjunto de razões: aproveitamento dos benefícios fiscais que ainda vigoram – dedução do IVA e isenção de Tributação Autónoma –, custo da energia elétrica quando comparado com o gasóleo e a dispensa de pagamento do estacionamento em algumas localidades, Lisboa sobretudo.
Com sede nas Olaias, no centro da capital, a Beltrão Coelho teve desde logo de resolver o principal dos desafios de quem opta por uma frota 100% elétrica: os carregamentos.
Colocado de lado o recurso a postos públicos,a instalação de cinco pontos de carga na sede veio ajudar a solucionar as necessidades diárias dos utilizadores que, em média, circulam 80 a 100 quilómetros diariamente.
Em 2019, a Beltrão Coelho resolveu enfrentar um novo desafio: concorrer aos Prémios Fleet Magazine na categoria “Frota Verde, submetendo à avaliação da ADENE os dados de utilização da frota.
O certificado MOVE+, o primeiro entregue pela ADENE a uma empresa privada e parte do lote inicial de documentos emitidos, validou o esforço desta centenária empresa portuguesa prestadora de serviços de suporte e assistência na área de impressão, e Ana Cantinho, diretora-geral da empresa, não esconde a satisfação de ter decidido participar.
“Apesar de termos já alguns indicadores implementados para a medição da eficácia da questão energética das viaturas, através dos questionários fornecidos pela ADENE, conseguimos ainda acrescentar outras medidas facilitadoras para permitir atingir os objetivos a que nos propusemos.
Foi uma excelente ajuda!”
Como decorreu o processo junto da ADENE?
Todo o processo decorreu de forma fluída. Contámos com um excelente apoio por parte dos técnicos representantes da ADENE na candidatura ao prémio. Foram muito profissionais e sentimos bastante segurança na manutenção da confidencialidade dos dados que lhe transmitimos.
O que representou a vitória do Prémio Frota Verde nos Prémios Fleet Magazine 2019?
Quando preparamos e implementamos medidas que consideramos as melhores, não só para a empresa, mas também para toda a comunidade em geral, não o fazemos à espera de um reconhecimento.
No entanto, quando ele acontece, como foi o caso ao vencermos o Prémio Frota Verde, torna-se num estímulo para continuarmos a fazer mais e melhor.
Fizemos a divulgação do prémio nas nossas redes sociais e comunicamos em material institucional. Não conseguimos quantificar o impacto junto dos clientes, no entanto, já fomos congratulados por alguns. O que nos enche de orgulho, obviamente.
Quer recordar as razões principais que motivaram a aquisição de número tão substancial de carros elétricos?
O contrato de renting da nossa frota estava a chegar ao fim e tínhamos de decidir o que fazer: recomeçar outro nos mesmos moldes, ficando “aprisionados” a viaturas de combustão por mais 3 ou 4 anos, ou partir já para uma solução que acreditávamos ser ambientalmente mais responsável e economicamente mais favorável: uma frota de viaturas elétricas!
Sabíamos que iríamos ter muitas dificuldades, mas acabou por vencer o arrojo e a audácia!
Qual foi a reacção dos utilizadores à mudança?
Felizmente, os colaboradores da Beltrão Coelho estão habituados à nossa “loucura” saudável. Mas se dissesse que não encontrámos alguma resistência, estaria a mentir.
O importante foi conseguir sempre, com exemplos e argumentação válida, debelar as inseguranças que iam surgindo.
Criámos um grupo na nossa rede interna,que foi sendo alimentado pelos utilizadores das viaturas com alertas, dicas, sugestões, material de apoio…
Tenho orgulho em poder dizer que, hoje, os utilizadores destas viaturas são os maiores entusiastas desta mudança. Eu mesma fui de ZOE a Famalicão. Claro que demorei mais do que habitualmente, pois tive de parar para carregar. Mas cheguei. Foi um desafio ultrapassado.
Que destacaria como de mais positivo na utilização de um carro elétrico?
Desde logo um decréscimo de custos de cerca de 50% em combustíveis. Mesmo considerando o valor anual gasto com os carregamentos fora da empresa.
Mas o facto de serem viaturas com mudanças automáticas traz “descanso”, menos esforço físico associado à condução, principalmente para os nossos técnicos e comerciais que andam todo o dia na rua.
Claro, a vantagem do estacionamento gratuito em alguns municípios, principalmente Lisboa, reduz não só os custos, mas também em termos de tempo e preocupação do condutor.
Os Renault ZOE foram adquiridos em leasing com opção de aluguer de baterias. Voltaria a considerar a aquisição de carros eléctricos e o mesmo modelo de aquisição?
Ainda considero que fizemos a escolha certa. Os elétricos são os automóveis do futuro e só peca por tardio o investimento nas infraestruturas do território nacional para suporte deste tipo de veículos.
Considero o modelo de aquisição (leasing para as viaturas e renting para as baterias) a forma mais segura de aquisição. Além disso, deu-nos a possibilidade de ter acesso a alguns (poucos)subsídios ao nível de incentivos fiscais.
Dados frota elétrica Beltrão Coelho
• Número de viaturas: 23 unidades (17 elétricas, 3 híbridas e 3 combustão)
• Quilometragem total dos ZOE em 2019: 415.063 km
• Quilometragem média dos ZOE em 2019: 34.000 km
• Custo médio mensal por cada carro (prestação leasing, aluguer da bateria e seguro): 700 euros.
Ana Cantinho faz parte da terceira geração desta histórica empresa portuguesa. Neta do fundador, foi gestora de produto, diretora de eletrónica de consumo e diretora administrativa e financeira, antes de assumir a direção em janeiro de 2018.
João Marques está nos serviços administrativos da Beltrão Coelho há desde 2010. Compete-lhe a gestão operacional da frota da empresa, incluindo a articulação com os fornecedores.
https://fleetmagazine.pt/2019/04/22/beltrao-coelho-frota-eletrificada/