Os prémios “Frota do Ano” e “Frota Verde” refletem um trabalho rigoroso dos CTT na gestão de um parque com cerca de 2.400 viaturas. Este esforço inclui a implementação de processos de melhoria de eficiência e identificação de oportunidades de eletrificação, bem como a adoção de medidas para reduzir a sinistralidade rodoviária. Aspetos essenciais numa frota onde a maioria dos veículos desempenha funções operacionais e percorre anualmente milhares de quilómetros

Os CTT são um operador logístico ibérico que atua principalmente nos segmentos postal, encomendas, banca e serviços financeiros. Esta ampla área de atuação resulta numa frota diversificada, composta por diferentes tipos de veículos. Além de viaturas ligeiras de passageiros e comerciais, os CTT contam também com veículos pesados, motociclos, triciclos e quadriciclos, cobrindo uma diversidade de necessidades logísticas e operacionais.

Com 35% da frota já eletrificada, o grupo adota a estratégia de renovar anualmente cerca de 20% do parque, considerando critérios como a antiguidade dos veículos, as oportunidades de melhoria na eficiência e a adequação das melhores soluções para a função específica de cada viatura.

José Coelho, à direita na imagem, tem a seu cargo a responsabilidade da gestão da frota desde 2018. Nuno Galão gere o departamento de Prevenção e Segurança Rodoviária dos CTT desde 2022.

Como é formada a estrutura de decisão em relação à frota automóvel, nomeadamente no que se refere à descentralização da gestão das viaturas por áreas geográficas?

O processo de gestão da frota total encontra-se centralizado no departamento de Recursos Físicos dos CTT, que recebe e analisa as necessidades apresentadas pelos clientes internos, apoiando a Comissão Executiva no processo de decisão, suportada em critérios de utilização, alocação e renovação de frota. A Gestão de Frota, em função das necessidades, define e regulamenta a política de aquisição, em conjunto com o departamento de compras.

Centralmente, é também definido o tipo de veículo a utilizar para cada execução operacional, havendo, contudo, uma análise regional que, com base em critérios de gestão de tráfego e/ou recursos, pode levar a uma adequação diferente da frota face ao planeado.

Além disso, a Gestão da Frota partilha indicadores de utilização e custos, controlando e sinalizando situações que necessitam de ações de alinhamento, de acordo com indicadores normalizados.

E no caso de rotas externalizadas a outros prestadores do serviço, nomeadamente no ‘last-mile’?

É efetuada uma análise de custo/benefício e disponibilidade de soluções, entre opções internas e externas. A decisão é tomada pela área de Gestão de Operações.

Que desafios enfrentam atualmente para controlar/reduzir custos e emissões, dado que a abrangência da área de atuação dos CTT nem sempre é favorável à eletrificação?

O controlo e redução de custos é uma ação transversal e contínua, independentemente do tipo de frota em cada momento.

Relativamente à eletrificação, a empresa assume o compromisso de descarbonizar as suas frotas para 2030, muito suportado na eletrificação da distribuição no “last-mile” em 50% até 2025 e em 100% até ao final da década.

Atualmente já contamos com 35% da frota própria eletrificada, reflexo de um processo contínuo de investimento suportado na avaliação de maturidade do mercado, soluções tecnológicas, tipo de operação e custos, em cada segmento. Ao nível dos pesados de mercadorias, estão em curso testes para garantir também a forma de descarbonização deste segmento.

O compromisso da empresa em termos ambientais implica uma pesquisa por soluções que respondam às diferentes necessidades de distribuição e transporte nas geografias onde esta opera e o alinhamento de todos os segmentos de frota, ligeiros de passageiros, ligeiros de mercadorias, pesados de mercadorias e veículos ligados à micromobilidade logística (bicicletas, motociclos, triciclos e quadriciclos).

Como é feita a seleção das viaturas operacionais?

O modelo de seleção de veículos operacionais implica uma análise robusta das necessidades dos clientes internos, evolução do desenvolvimento estratégico das operações de Distribuição e Transporte, sendo efetuada, de forma transversal e permanente, a análise da possibilidade de eletrificação, sendo as emissões poluentes um fator obrigatório da análise.

No caso dos veículos de suporte (administrativos), a seleção é efetuada em função das reais necessidades dos clientes internos, cruzando com os índices reais de utilização, existindo um trabalho contínuo de validação das necessidades e mantendo a eficiência de utilização da frota, maximizando o seu uso e reduzindo os custos.

Os utilizadores destas viaturas possuem ferramentas de comunicação que lhes concedam alguma autonomia, como a gestão de operações de rotina como manutenção preditiva, troca de pneus ou outra, como apresentação de despesas efetivadas com a viatura?

Os veículos de suporte (administrativos) estão sob responsabilidade dos serviços utilizadores e existe uma lógica de “self-caring” dos serviços, apoiada pela forma de aquisição que assim o permite (aluguer operacional).

A Gestão da Frota garante o controlo de utilização desta frota, com o objetivo de aumentar a eficiência e a sua otimização, recorrendo à produção e partilha de indicadores de custos e atividade da frota, para monitorização do nível de utilização.

Este controlo permite também à Gestão da Frota propor e/ou rever a dotação de veículos de suporte afetos a cada área.

Existe sistema de pool interna e que contributo tem para a redução de custos e/ou de emissões?

A pool interna permite que os serviços que não têm frota interna passem a ter acesso a um serviço de mobilidade. Este sistema permite também responder a picos de procura dos serviços que têm frota, mas que, em determinados momentos, necessitam de mais veículos.

A pool gere as necessidades de mobilidade específicas pontuais e/ou balizadas no tempo, sempre que se verificam deslocações em que, pela sua natureza, não seja justificável a atribuição de veículo. O contributo desta solução é naturalmente positivo, dado que permite evitar a presença de frota nos serviços utilizadores que teria um índice de uso reduzido, maximizando assim a utilização dos veículos.

Sendo a prevenção rodoviária uma reconhecida preocupação dos CTT, qual o sucesso (em termos práticos e de engajamento humano) das ações realizadas neste âmbito?

Os CTT definem e implementam um plano de prevenção da sinistralidade rodoviária, alinhado com a agenda global 2030 e respetivos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.

Este plano de prevenção baseia-se na análise detalhada das causas e consequências dos sinistros registados.

A nossa atuação assenta em três vetores:

  1. Reportes de gestão: Produção, análise e divulgação de reportes específicos sobre Sinistralidade Rodoviária nos CTT, focado nas causas, dividindo essa análise por tipologia de veículo, sendo calculado para toda a rede, o Índice de Sinistralidade Rodoviária (N.º de acidentes por milhão de km percorridos). Com base nestes indicadores, é definido plano de ações, seja ele global ou segmentado por tipologia de veículo.
  2. Comunicação: Elaboração de um plano de comunicação sobre os tópicos mais críticos e relevantes para a condução, focando-se nomeadamente nas principais causas da Sinistralidade Rodoviária nos CTT e divulgado em momentos críticos do ano: clima perigoso, período de férias, novos condutores ou picos de tráfego, acidentes graves, entre outros. Temos também a preocupação de produzir conteúdos específicos para veículos ou tecnologias específicas, que merecem um foco especial. Em parceria com a Associação Nacional de Segurança Rodoviária. articulamos também a divulgação conjunta de campanhas institucionais.
  3. Formação: Ponto fulcral na sensibilização, reciclagem e alerta para a necessidade de um comportamento ao volante que pugne pela condução defensiva.

O plano de formação engloba formações online, teóricas e teórico-práticas.

O desenvolvimento integrado das ações enquadradas nestas três vertentes permite a monitorização do nível de sinistralidade, identificando e definindo ações de comunicação e formação que têm sido fundamentais para a redução da sinistralidade rodoviária nos CTT.

O ano de 2024 foi extremamente positivo: o índice de Sinistralidade Rodoviária nos CTT passou de 27,4 acidentes por milhão de quilómetros percorridos em 2023, para 18,8 acidentes por milhão de quilómetros percorridos em 2024.

Utilizam instrumentos para acompanhar os processos de melhoria de eficiência energética e de prevenção rodoviária? Há algum benefício para os utilizadores ou para as equipas mais responsáveis?

Os CTT estão comprometidos com um PRCE – Plano de Racionalização de Consumo Energético, com indicadores de gestão baseados na auditoria energética efetuada e que faz parte dos seus compromissos e obrigações.

Este plano assenta em três pilares: a Formação Contínua, o Controlo da pressão dos pneus e a Renovação da frota.

Está a ser implementada uma ferramenta de Gestão da Segurança Rodoviária, a Telematics, que permitirá, com informação atualizada diariamente, obter melhores indicadores de Segurança Rodoviária e utilização de frota.

Esta ferramenta permitirá também adotar medidas de redução do uso de suportes em papel e evoluir para a gamificação como vetor adicional de gestão da Segurança Rodoviária, que nos permitirá proporcionar uma concorrência sã pelos melhores resultados, reconhecendo o trabalho das equipas.

E em matéria de sinistralidade?

O contributo da eletrificação da frota está em processo de avaliação, estando ainda em sistematização a evolução da sinistralidade de frota elétrica e a combustão.

Conforme referido anteriormente, está em curso a implementação de um projeto de gestão de Segurança Rodoviária, permitindo uma visão alargada do referencial de Prevenção, com mais e melhores dados, levando a um controlo ainda mais apurado da frota de veículos pesados de mercadorias e distribuição na last-mile. Tal permitirá atuar a montante, assim como melhorar a avaliação das equipas em termos de Segurança Rodoviária.

ctt

B.I. da frota CTT

  • Número de viaturas: cerca de 2.400 veículos. 16 marcas na frota de ligeiros de passageiros, 11 marcas no segmento de Ligeiro de Mercadorias.
  • Idade média da frota de Viaturas Ligeiras: 4 anos (VLP e VCL).
  • Quilometragem média anual:
    13,6 mil quilómetros nos Ligeiros de Passageiros;
    30,1 mil quilómetros nos Ligeiros Mercadorias;
    6,8 mil quilómetros nos Veículos Pesados;
    13,7 mil quilómetros noutro tipo de veículos.
  • Modelos de financiamento: AOV para Viaturas Ligeiras (VLP e VCL). Compra/Leasing para Veículos Pesados e outro tipo de veículos, como motociclos, triciclos e quadriciclos.
  • Uso de entidades externas na gestão de serviços relacionados com a frota: efetuada uma análise custo/benefício e utilizado um modelo híbrido, existindo assim serviços com gestão interna e serviços com gestão externa.
  • Software de Gestão de Frota: XRP. Em fase de implementação. Atualmente decorre a migração para esta plataforma de duas aplicações que efetuam a gestão de frota do grupo. O processo implica a alteração global da gestão de frota em todos os segmentos, nomeadamente ligações a SAP, gestão de plafonds, API de informação, gestão de prevenção rodoviária e sinistralidade, gestão de postos internos de combustível, gestão de imputações internas, pool, entre outros.
  • Sistemas de georreferenciação e/ou de controlo/gestão da frota instalados nas viaturas: um sistema de gestão de controlo baseado numa aplicação exclusiva para telemóvel, transversal a toda a frota. Também em fase de implementação, dará acesso a um conjunto de dados e informação de gestão, incluindo informação sobre prevenção de sinistralidade, eficiência e real utilização de frota.
  • Política de frota: documento que detalha a responsabilidade dos utilizadores, dos serviços que detêm a frota e da gestão de frota. A responsabilização dos utilizadores pelo correto, ecológico e preventivo uso são os vetores de maior relevo.
  • Frota decorada: frota operacional e de serviços de suporte decorada. Permite transmitir a imagem da empresa e aumentar a sua visibilidade e notoriedade. Parte da frota elétrica, operacional e suporte, com decoração específica, que reforça o compromisso dos CTT com os critérios assumidos de sustentabilidade ecológica da sua frota.