O processo de descarbonização da distribuição urbana por parte da DPD Portugal envolve a renovação da frota com furgões comerciais elétricos, bem como a instalação de pontos de carregamento que garantam as necessidades operacionais das viaturas.
A primeira e segunda parte da entrevista que Rui Nobre, diretor geral adjunto de operações (COO) da empresa concedeu à FLEET MAGAZINE e que fez capa na edição de Novembro de 2021, aborda as diversas etapas desse trabalho, que arrancou com um acordo entre a DPD Portugal, a Mercedes-Benz Vans e a Repsol.
A terceira e última parte dessa reportagem mostra o modelo de gestão e controlo da frota seguido pela empresa em Portugal, revelando algumas ferramentas e recursos utilizados, nomeadamente os que servem para aumentar a segurança das operações.
Como está estruturada a gestão da frota de um grupo, que inclui viaturas muito diversificadas e grande parte de uso intensivo, além do facto de estarem dispersas por várias áreas geográficas?
A gestão da frota e as compras estão centralizadas na sede do grupo DPD em Lisboa. Há responsáveis em Lisboa e no Porto que tratam da gestão operacional, incluindo a inspeção visual dos veículos e que asseguram que cumprem com os requisitos de manutenção preventiva, por exemplo. Há uma equipa para isso, incluindo entregar e levantar as viaturas quando se deslocam à oficina.
As decisões de distribuição das viaturas são baseadas na quilometragem efetuada por cada veículo. Uma vez que estabelecemos contratos de aluguer operacional para 150 mil quilómetros, vamos rodando as viaturas de modo a que não excedam essa quilometragem no final dos 36 meses do contrato de AOV. Repare: em Lisboa, os nossos carros fazem uma média de 80, 100 quilómetros por dia, enquanto nos nossos armazéns em Évora, Vila Real, Torres Novas ou Guarda, essa média pode ser de 300 ou até 400 quilómetros.
Utilizam algum sistema de controlo do uso das viaturas operacionais?
Demos início a testes com um sistema de uma empresa israelita, a Mobileye. Mais na área da segurança.
Trata-se de uma tecnologia que se instala no veículo e que emite vários tipos de alerta, por exemplo, para uma distância de segurança reduzida. Dá-nos também informações sobre o tipo de condução praticada, permitindo-nos concluir aspetos como o modo como o condutor descreve a curva, se sinaliza a manobra com o sinal de pisca, se tem tendência para sair da sua faixa de rodagem… situações que nos permitem identificar atempadamente algumas fraquezas em termos de condução, para nos focarmos mais no treino desses pontos.
https://fleetmagazine.pt/2017/08/08/mobileye/
Como decorre a gestão das viaturas administrativas do grupo DPD?
Está tudo mais ou menos centralizado na gestão de frota.
O utilizador da viatura, se tiver um problema, comunica-o diretamente à gestão de frota. Incluindo quando a viatura avisa sobre a necessidade de manutenção, quando comunica alguma avaria ou quando acontece algum sinistro.
No caso das viaturas operacionais existe ou está equacionado colocá-las na esfera pessoal do colaborador, com a tributação em sede de IRS?
Para já não está equacionado.
Como decorre o processo de seleção e aquisição das viaturas?
Estabelecemos sempre um concurso com os critérios definidos para cada modelo que pretendemos. Primeiro às marcas automóveis, depois às gestoras de frota. A decisão é tomada com base nas melhores condições versus melhor preço.
Existe algum sistema de pool ou de partilha de viagens?
O mais parecido que temos é um grupo de dez carrinhas que sevem para fazer face a avarias, idas inesperadas à oficina, acidentes, qualquer tipo de imprevisto.
Logo, é uma pool das carrinhas que hoje podem estar duas em Lisboa, amanhã podem ser necessárias em Coimbra.
A repartição dessas carrinhas varia consoante as necessidades dos nossos sectores/armazéns, que se estendem de Faro a Vila Real. Assim evitamos recorrer ao rent-a-car, até porque nem sempre há uma viatura disponível da tipologia que necessitamos.
Com o regresso da atividade económica, alguma coisa mudou ou vai mudar na frota?
A nossa frota operacional vai continuar a existir, vai continuar a fazer entregas de encomendas. Antes da pandemia, durante a pandemia, depois da pandemia, será sempre igual.
A atividade deste sector cresceu porque a digitalização e o comércio eletrónico aceleraram durante os confinamentos. Quem nunca tinha comprado pela internet experimentou e tornou-se “cliente” do serviço. Em alguns meses, a penetração do comércio online acelerou e atingiu um volume que se perspetivava acontecesse em dois, três ou mesmo quatro anos.
No que respeita à frota administrativa, vão manter, independentemente de serem elétricas ou não, o vosso sistema de atribuição de viaturas?
Em princípio, a frota administrativa também deverá manter-se igual. Poderia mudar dependendo da decisão em relação ao teletrabalho, mas ainda não está decidido o nosso modelo de trabalho pós-pandemia.
Seguramente não será 100% teletrabalho, provavelmente também não será 100% presencial, é algo que ainda está a ser discutido a nível local, aferindo o grau de flexibilidade.
Mas não deverá alterar o modelo de atribuição de viatura, porque os comerciais vão continuar a precisar de visitar os clientes e as outras equipas vão continuar a precisar de acompanhar a gestão diária em vários armazéns.
Quem tem viatura atribuída realmente necessita do carro para a sua função. Portanto, não deverá mudar nada.
B.I. da frota DPD
- Número de veículos na frota DPD: 335 viaturas operacionais (ligeiras e pesadas de mercadorias), 81 viaturas com funções administrativas (ligeiras de passageiros). Apoio à gestão de mais quatro centenas de viaturas operacionais de frotas subcontratadas;
- Marca(s) e modelo(s) predominante(s): Renault Master, Peugeot Boxer e Mercedes-Benz eSprinter entre os veículos operacionais. Uma gama muito diversa de marcas e modelos ligeiros de passageiros;
- Veículos elétricos: 55 Mercedes-Benz eSprinter, 1 Renault Kangoo E-TECH Electric, 1 Renault Master Z.E., 1 Nissan e-NV200 e 1 Citroën ë-Jumpy;
- Idade média da frota: 24 meses nos ligeiros de passageiros, 18 meses nos ligeiros de mercadorias, 48 meses para os pesados de mercadorias;
- Modelo de aquisição habitual: AOV nos ligeiros, tipicamente 150 mil quilómetros/36 meses;
- Gestoras presentes: LeasePlan e Arval;
- Processo de contratação renting: todos os serviços, exceto pneus e viatura de substituição. Porque negoceiam poucas medidas de pneus e apenas um tipo de viatura em rent-a-car, conseguem valores mais atrativos contratualizando diretamente com os fornecedores;
- Gestão de combustível: cartão frota Repsol; nove postos de abastecimento próprio que representam 85% do consumo da empresa;
- Requisitos que façam sempre parte do caderno de encargos das aquisições: equipamentos de assistência à condução, nomeadamente travagem ativa e câmara para manobras em sentido de marcha-atrás;
- Sistemas instalados nas viaturas: fase de testes com tecnologia da Mobileye. O sistema ajuda nas distâncias de segurança e faz recolha de dados para análise do tipo de condução dos condutores, para atuar, com formação adequada, sobre os pontos individuais mais vulneráveis de cada condutor;
- Política de frota: sistema de bónus/malus com os motoristas de ligeiros de mercadorias, que representa a parte mais substancial da frota. Algumas iniciativas disciplinares para controlo da sinistralidade rodoviária;
- Frota decorada? Sim, por questões de imagem e divulgação da marca DPD.