Com 152 viaturas ligeiras e uma dezena de veículos pesados, a Garcias está fortemente comprometida com a eletrificação da sua frota e com todos os processos que permitam melhorar a eficiência energética da sua atividade. Desde 2022 que vem eletrificando o parque de viaturas ligeiras de passageiros, com desejo de fazer estender a mobilidade elétrica à sua frota de distribuição. Mas, para isso, é preciso que surjam viaturas com condições de cumprir os requisitos de operacionalidade necessários

Fundada em 1981 no Prior Velho, em Sacavém, a Garcias tem atualmente a sua sede no Parque Logístico do Passil, em Alcochete. Fica aqui também o armazém principal da empresa líder no mercado da distribuição de vinhos e bebidas espirituosas, cuja rede de distribuição inclui seis bases logísticas distribuídas por Portugal Continental e Ilhas, além de contar com várias lojas espalhadas pelo país.

Com mais de 350 funcionários e um portofólio superior a 15 mil produtos, incluindo alguns bens alimentares de marca própria, a Garcias possui uma frota com 162 viaturas, entre veículos de passageiros ligeiros e comerciais, assim como 10 pesados de mercadorias. Parte substancial da frota de veículos ligeiros são unidades 100% elétricas afetas à gerência e a várias direções da empresa, aos colaboradores da área comercial e ainda para transporte de pessoal.

O relatório de sustentabilidade de 2023 produzido pelo departamento de Marketing e Sustentabilidade gerido por Raquel Almeida reafirmava o compromisso da Garcias “com a eletrificação da frota e com a otimização e controlo das rotas”. Contava também na parte da eletrificação com a instalação de equipamentos para produção e autoconsumo de energia solar fotovoltaica em algumas instalações da empresa, com o intuito de assim contribuir para a redução de emissões de gases com efeito de estufa na sua atividade.

Um trabalho que tem prosseguido em 2024 e que, no que se refere à frota, teve o episódio mais recente na distribuição de mais 19 viaturas elétricas à equipa comercial, cujo departamento conta atualmente com automóveis MG4 e Nissan Leaf.

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A gestão operacional de frota é totalmente centralizada e da competência de Dinis Almeida, que faz também a gestão diária de operações como as manutenções, pneus e gestão de acidentes.

Outros procedimentos, como a apresentação de despesas com a utilização das viaturas, combustível, portagens e, eventualmente, alguma assistência urgente, contam com um processo automatizado de regularização que decorre através de um sistema criado internamente.

A escolha das viaturas operacionais é baseada nas necessidades da sua utilização e de acordo com a atividade da empresa. A decisão de cada modelo elétrico tem em conta pontos importantes como a segurança, a eficiência energética, a tipologia de motor e a capacidade de carga e, no caso das viaturas afetas à área comercial, os benefícios fiscais associados à compra e utilização de viaturas elétricas também pesaram na decisão; por serem 100% elétricos puderam ser alvo da dedução do IVA e os encargos com o automóvel encontram-se isentos de Tributação Autónoma, como também aconteceria com uma viatura comercial ligeira.

Na empresa não existe sistema de pool, mas duas Opel Movano, também 100% elétricas, servem para apoiar o transporte de pessoal para as instalações da empresa em Alcochete.

O que motivou a empresa a avançar para a eletrificação da frota?

A Sustentabilidade é um dos pilares da nossa estratégia. Nesse sentido, a eletrificação da frota com o objetivo de diminuir a nossa pegada ecológica é uma questão premente atualmente na Garcias. Estamos realmente empenhados nesta mudança de mentalidades, que obviamente também nos traz uma enorme redução de custos.

Presentemente, qual destes fatores tem mais importância na eletrificação: os benefícios fiscais que favorecem TCO ou as exigências ambientais/de sustentabilidade, nomeadamente cumprimentos de critérios de ESG/CRSC?

Os dois fatores têm importância e pesam na nossa decisão. Por um lado, é uma decisão financeira que nos aporta uma redução enorme de custos, por outro, enquanto empresa líder na distribuição de bebidas em Portugal, sentimos que realmente temos esta missão e este propósito de cumprir metas ambientais.

Dinis Miguel, que tem a seu cargo a gestão/responsabilidade da frota da Garcias há dois anos, e Raquel Almeida, a atual Diretora de Marketing e Sustentabilidade da empresa

Como estão a trabalhar a comunicação interna no sentido de envolver as equipas e os utilizadores de viaturas nesse trabalho de assegurar bons indicadores de sustentabilidade?

A Sustentabilidade está na ordem no dia dentro da Garcias. Além de termos em todas as delegações mensagens alusivas ao tema, sempre que entregamos uma nova viatura elétrica é feita uma abordagem e sensibilização. Nas nossas comunicações internas e reuniões com as equipas, o tema Sustentabilidade e todas as metas atingidas estão sempre presentes.

Sentem que o processo de melhoria da eficiência energética e de descarbonização da frota é valorizado pelos vossos clientes e fornecedores? E que já existe uma consciência das implicações dos novos requisitos regulatórios?

Sentimos que é bastante valorizada e, além disso, sentimos que existe uma enorme curiosidade em perceber como gerimos o tema em equipas comerciais que percorrem distâncias tão alargadas.

Sobre a consciência e implicações de novos regulamentos, pensamos que ainda existe algum desconhecimento, no geral, deste futuro próximo.

Podem detalhar as fases de substituição das viaturas, de instalação de pontos de carregamento e de sistemas de auto produção de energia?

Primeiramente desenvolvemos uma análise aos padrões e necessidade dos utilizadores, nomeadamente a sua função na empresa, os quilómetros diários, os consumos de combustível, as despesas manutenção, etc. e, com base nisso, tomámos decisões.

Criámos condições e instalámos 28 pontos de carregamento (wallbox) para veículos elétricos, quer na nossa sede, quer nas várias delegações nacionais e ilhas. E temos instalado painéis fotovoltaicos, quer aqui, em Alcochete, mas também em Algoz e Vila do Conde. No final deste ano prevemos ter também nas instalações de Évora, Albufeira, Portimão e Setúbal.

Como foi planeada a atribuição e distribuição das viaturas, nomeadamente por razões de autonomia e preocupações de carregamento?

Como dissemos antes, a atribuição e distribuição das viaturas foi planeada após análise detalhada por utilizador, na questão de autonomia a média de quilómetros percorridos diariamente, os percursos em autoestrada, em cidade… Estes foram os indicadores mais relevantes.

A preocupação foi também que os utilizadores possuíssem viaturas idênticas, nomeadamente as equipas comerciais. Sobre o tema dos carregamentos, a área geográfica de trabalho de cada utilizador foi naturalmente um dos pontos principais, por vezes até decisivo, na decisão de atribuição da viatura elétrica.

Estes utilizadores beneficiaram de ações de condução elétrica ou desenvolvem iniciativas nas áreas da eco condução ou da prevenção rodoviária?

As nossas equipas são realmente impactadas regularmente por comunicação com temas de condução sustentável e da prevenção rodoviária.

Esta comunicação é feita via as plataformas habituais de comunicação, mas também é espelhada em peças de comunicação presentes nas nossas delegações.

Estão a cumprir-se as expectativas iniciais? Que desafios estão a enfrentar? Seja em relação à utilização diária das viaturas, nomeadamente carregamentos, como da parte dos utilizadores?

Não apenas estão a cumprir-se as expectativas iniciais, como obtemos um feedback muito positivo desde a alteração do modelo de condução à gestão de bateria. Mas os maiores desafios são, sem dúvida, a escolha e a disponibilidade dos pontos de carregamento.

Baseado na experiência que estão a ter, que alertas/recomendações gostariam de deixar a outras entidades que ainda ponderem ou esteja a iniciar o processo de eletrificação da frota?

A nossa maior recomendação é pedir aconselhamento a quem já iniciou o processo para que relatem a sua experiência. É importante dar o passo com confiança para que, quem anda diariamente com as frotas elétricas, sinta essa confiança. É um processo de alteração de mentalidades que tem de ser feito o mais rápido possível.

B.I. da frota da Garcias

  • Número de viaturas: 162 unidades
  • Por tipologia:
    Ligeiros de Passageiros: 77 unidades
    Ligeiros de Mercadorias: 75 unidades
    Pesados de Mercadorias: 10 unidades
    Eletrificados: 60 Ligeiros de passageiros 100% elétricos, utilizados pelo Departamento Comercial, pela Administração e para transporte de pessoal
    Modelos 100% elétricos: Por ordem numérica decrescente, MG4, Nissan Leaf, VW ID.4, Tesla e Opel Movano
  • Idade média da frota por classe de veículo: 2 anos ligeiros de passageiros/3 anos comerciais ligeiros
  • Modelo de aquisição: Renting
  • Sistema (software) de gestão de Gestão de Frota: Frotasoft
  • Sistemas de georreferenciação e/ou de controlo/gestão da frota instalados nas viaturas: Novatrónica. No caso das viaturas elétricas, controlo de carregamentos com localização do posto de carregamento.
  • Política de frota: Uso não autorizado e responsabilidade pelos danos e estado da viatura.
  • Frota decorada: Viaturas de distribuição (ligeiras e pesados) e também Ligeiros de Passageiros afetos ao Departamento Comercial.