Com uma frota de cerca de três mil viaturas, 21% das quais são modelos elétricos ou híbridos plug-in, a EDP segue uma política rígida no que se refere ao compromisso assumido pela empresa: eletrificar 100% da sua frota ligeira de serviço, em todas as geografias do grupo, até 2030

O grupo EDP venceu as categorias Frota Verde e Frota do Ano da edição 2020 dos Prémios Fleet Magazine.

Denominador comum na conquista dos dois troféus, atribuídos por diferentes júris, é o trabalho que está a ser feito pela empresa no domínio da transição energética da frota, com apoio de ferramentas de melhoria de eficiência do seu uso que foram desenvolvidas internamente.

Ana Cardoso, atual responsável da frota do grupo em Portugal, explica o modelo seguido e a razão de algumas escolhas, realçando que os mecanismos de  comunicação criados para facilitar a interação entre os utilizadores das viaturas e os respetivos departamentos de controlo são fundamentais para a melhoria da eficiência dos processos de gestão de um parque automóvel tão diversificado e disperso pelo país.

Como está constituída a estrutura de decisão em relação à frota automóvel? Qual o modelo de gestão e como se processa a descentralização da gestão das viaturas por cada uma das empresas ou área geográfica?

A gestão de frota está centralizada na EDP Global Solutions, empresa do grupo EDP responsável pelos serviços corporativos e partilhados.

Esta área é responsável por adquirir e gerir todas as viaturas do grupo EDP. O modelo de gestão prevê um alinhamento com todas as empresas do grupo, de forma a se identificarem anualmente as necessidades de compra. O ciclo de vida é gerido de acordo com regras definidas e previstas na política de gestão das viaturas de serviço.

Qual é o modelo de decisão quer de atribuição de viaturas, quer de negociação?

A atribuição é gerida com base na política de gestão de viaturas de serviço. A sua negociação é efetuada através de uma consulta anual ao mercado gerida pela Unidade de Procurement Global da EDP e de acordo com a política de compras existente no grupo.

Sendo que as viaturas são adquiridas para propriedade, qual é o modelo de alienação após o período da sua utilização?

As viaturas são alienadas após cumprirem os requisitos definidos na política de gestão das viaturas de serviço, de acordo com a idade da viatura, os quilómetros e a sua tecnologia.

Qual o grau de autonomia dos utilizadores das viaturas, nomeadamente na gestão de operações de rotina como manutenção preditiva, troca de pneus ou outra, como apresentação de despesas com a viatura? Possuem ferramentas de comunicação neste sentido, quer internas  (utilizador/EDP), quer outras, por exemplo entre o utilizador e a gestora, por exemplo?

A EDP revolucionou o seu modelo de comunicação com os colaboradores em  2018, com a implementação de uma plataforma de pedidos de serviço,  desenvolvida à medida das necessidades da área de frota.

Esta plataforma permite a total disponibilização dos serviços de frota ao colaborador em self-service.

Conseguem medir o resultado da criação desses automatismos, que foram uma das razões que justificou o voto para Frota do Ano por parte do júri dos Prémios Fleet Magazine?

Esta forma de aproximar a relação com o colaborador tem demonstrado resultados muito positivos:
• 95% de pedidos da frota em 2020 com um feedback positivo por parte dos colaboradores;
• 96% dos pedidos da frota geridos dentro do tempo definido nos níveis de serviço.

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Outro fator destacado pelo júri foi a eficácia do sistema interno de partilha de veículo. Podem explicar como se processa, o grau de recetividade e quantificar o resultado dessa decisão?

O “Car Fleet Sharing”, a plataforma interna para gestão das viaturas partilhadas, foi criada com os objetivos não só de melhorar a experiência dos nossos colaboradores na reserva de viaturas partilhadas, mas também para obter indicadores relativos à utilização das viaturas e promover a partilha da utilização das viaturas entre colaboradores da EDP.

Esta solução está integrada na app mobile disponível para os nossos colaboradores, assim como na intranet da EDP. Os resultados apresentados na aplicação mostram que é privilegiada a utilização de viaturas elétricas, assim como a partilha de viagens entre colaboradores.

Quando o colaborador pesquisa uma viatura, é apresentada por default uma viatura elétrica.

frota grupo EDP
À direita, Marta Belo, diretora dos Serviços Corporativos da Global Solutions, área responsável pelos serviços partilhados do grupo (incluindo a gestão da frota).
Ao seu lado Ana Cardoso, gestora de frota do grupo EDP.

Eletrificação da frota do grupo EDP

O que desencadeou o processo de eletrificação da frota e que desafios tiveram de enfrentar?

A EDP assumiu o compromisso de ser líder na eletrificação da economia. Perante este objetivo, definiu um conjunto de metas, entre as quais se inclui o compromisso de eletrificação de 100% da sua frota ligeira, em todas as geografias do grupo, até 2030.

Paralelamente, e alinhado com este propósito, a EDP assinou o Compromisso Lisboa Capital Verde 2020 – Ação Climática Lisboa 2030 e aderiu ao Pacto de Mobilidade Empresarial para a Cidade de Lisboa. Ambos com objetivos definidos para a eletrificação das frotas das empresas.

Com a evolução do mercado automóvel, no que se refere ao segmento dos elétricos, nomeadamente com maiores níveis de autonomia, foi possível aumentar o número de viaturas de serviço. Por isso, desde 2018 que temos superado a meta anual definida.

Consideraram algum tipo de formação para os utilizadores?

Para além de ações de promoção das viaturas elétricas (nomeadamente, através de eventos em parceria com as marcas que disponibilizaram modelos para test-drive nas instalações da EDP), está em curso um plano de comunicação sobre as viaturas elétricas e respetivas vantagens.

A EDP tem também um programa para a mobilidade sustentável, com um comité responsável pela implementação de diversas iniciativas na vertente da mobilidade elétrica, das quais destacamos a possibilidade de os colaboradores virem a ter um desconto na aquisição e na instalação de “Chargers EDP” nas suas casas, uma iniciativa que será implementada ainda neste semestre.

Em termos operacionais, como é feita a análise da distribuição das viaturas elétricas pelas diferentes áreas geográficas?

Através de uma análise das necessidades de cada área do grupo EDP e da autonomia dos veículos e do seu tempo de carregamento, foram identificadas as necessidades que poderiam ser garantidas com a utilização de viaturas elétricas.

Que desafios se colocam neste ou noutro âmbito relativamente à mobilidade elétrica? Nomeadamente a falta de oferta de viaturas para determinadas operações…

Há desafios num mercado que ainda está em crescimento. No caso concreto das operações da EDP, destacaríamos a falta de oferta de viaturas com autonomia superior a 500 quilómetros, o preço das viaturas e, também, as opções no segmento técnico.

Nomeadamente as pick-up e os furgões grandes.

Com que apoios puderam contar?

Com o incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Baixas Emissões (2020).

Que balanço pode ser feito desde o início do processo, nomeadamente em termos de redução de custos ou poupança de emissões?

Estimamos que, até 2025, sejam reduzidos mais de quatro milhões de euros na gestão da nossa frota, em comparação com 2018.

Já sobre as emissões de CO2, este indicador é reportado anualmente no Relatório de Sustentabilidade da EDP: em relação à frota, em 2019, as emissões de CO2 foram de 15 kt, uma redução de 3 kt face a 2016.

A experiência da EDP na utilização de veículos elétricos é de alguma forma útil para a atividade do grupo, enquanto fornecedor de soluções para a mobilidade elétrica?

A EDP tem a ambição de liderar o crescimento da mobilidade elétrica em Portugal, estando continuamente a desenvolver soluções de carregamento público e privado, de forma a tornar a utilização de um veículo elétrico cada vez mais fácil e integrada.

Assim, a utilização de veículos elétricos de forma diária e por colaboradores com funções distintas permite à empresa ter uma visão fundamental no desenvolvimento de novos produtos e soluções: a visão do cliente.

Frota EDP
A E-REDES é a nova designação da EDP Distribuição e surge por determinação da ERSE, que impôs a separação de imagem entre operadores do mesmo grupo económico

BI da frota do grupo EDP

  • Número de veículos: Cerca 3.000 viaturas, dispersas geograficamente por todo o país. Sensivelmente 70% dafrota afeta à E-REDES, a anterior EDP Distribuição
  • Marca(s), modelo(s) e tipologias de ligeiros predominantes: Principais modelos ligeiros de serviço: Renault Clio (17%), Toyota Auris (13%) e Fiat Grand Punto (12%). Mais de 620 do total da frota são viaturas elétricas ou plug-in
  • Idade média da frota: ligeiros de passageiros em média com seis anos; comerciais ligeiros em média com sete anos. Viaturas técnicas (pequeno furgão, grande furgão, pick-ups, chassis cabine, entre outros) têm, em média, nove anos
  • Modelo de aquisição habitual: Em Portugal, atualmente é aquisição para propriedade
  • Requisitos que geralmente constem no caderno de encargos das aquisições: seguindo uma estratégia de sustentabilidade e de promoção de boas práticas ambientais, todas as viaturas adquiridas têm como requisito um número máximo de emissões de CO2. São também considerados critérios de TCO e um limite mínimo de autonomia, no caso de viaturas elétricas ou híbridas plug-in. Viaturasde serviço técnicas com especificações ao nível do tipo de equipamentos e de características técnicas essenciais para cumprimento das funções
  • Política de frota: Existem políticas internas de utilização de viaturas do grupo EDP em Portugal. Têm como objetivo definir normas que promovam a segurança dos condutores, das viaturas e de terceiros, assim como garantir uma gestão de frota eficiente
  • Frota decorada? Para que modelo/função de viaturas? Todas as viaturas de serviço da EDP em Portugal estão decoradas com a marca e logótipos das empresas nas quais são utilizadas