Os motores bi-fuel são a promessa de uma solução mais económica e mais eficiente.

No entanto, excetuando frotas de transportadoras, ainda não estão muito presentes nas empresas. Será que podem ser uma alternativa ao gasóleo?

Por várias razões, a oferta de motores a gasóleo em veículos compactos é cada vez menor e os custos de utilização são cada vez mais elevados, por razões de preço e da tecnologia necessária.

Mesmo nos modelos familiares, os mais utilizados pelas empresas, está a assistir-se a uma procura cada vez maior por motorizações a gasolina e/ou híbridas, como comprovam os números de vendas automóveis de alguns dos mais importantes mercados europeus, incluindo o português.

Contudo, apesar do tremendo avanço dos motores a gasolina e até da sua combinação com soluções elétricas, estes continuam a não conseguir ser tão eficientes quanto os mais modernos motores a gasóleo.

A economia de consumos dos carros com motor diesel é tanto mais notória quando maior for o número de quilómetros percorrido, no caso de Portugal agravado pela “proteção” fiscal atribuída ao gasóleo.

Neste contexto de gradual abandono dos motores diesel, os modelos bi-fuel perfilam-se como uma alternativa viável no campo profissional.

Porquê apostar no GPL/GNV?

Na Europa, a procura por veículos a GPL e GNV está a crescer, embora não em número significativo.

Contudo, esta situação pode mudar em 2018, em resultado do apertar das emissões automóveis e do seu reflexo sobre o preço dos automóveis.

O uso do GPL (Gás de Petróleo Liquefeito) ou GNV (Gás Natural Veicular, GNC sob a forma comprimida ou GNL no estado líquido) em motores a gasolina é uma solução tecnologicamente menos complexa e mais barata do que a adição de dispendiosos catalisadores e filtros de partículas, necessários para que os motores a gasóleo possam respeitar as normas ambientais.

Por outro lado, o equipamento necessário para o funcionamento a GNV ou GPL ocupa menos espaço e tem custos de manutenção menos elevados.

quer saber quais as diferenças entre gpl e gnv? ou entre gnc e gnl?

O preço destes combustíveis que, apesar de fósseis, chegam ao retalho a menos de metade do preço do gasóleo, constitui o maior dos incentivos à sua utilização.

A desconfiança dos utilizadores e uma rede de abastecimento ainda insuficiente parecem ser, por enquanto, os únicos obstáculos a esta progressão.

Contudo, a pressão europeia e a vontade das marcas vai fazer crescer esta solução, desde logo nos carros compactos, nos utilitários e nos comerciais ligeiros.

O papel das empresas

Tal como nos carros eletrificados, o papel das empresas e organismos públicos parece fundamental para a aceitação desta solução.

E, atualmente, quem está a comprar mais a nível europeu são precisamente as empresas, como se verifica aqui ao lado, em Espanha, ou mesmo em Portugal, onde cerca de 70% das vendas de carros com sistema GPL instalado de fábrica foram registados para este canal.

Para estas é mais fácil contornar a questão do abastecimento, muitas vezes com a instalação de depósitos em instalações próprias.

Como no caso da Tagusgás que instalou sistemas de GPL em Toyota Yaris híbridos.

Enquanto distribuidora de gás para a zona de Santarém e Vale do Tejo, a Tagusgás pondera já avançar para a criação de postos de abastecimento GPL que sirvam não só carros da sua frota como de outros utilizadores.

Curiosamente, esta solução implementada pela Tagusgás – a conjugação de um híbrido com motor bi-fuel – pode vir a ser seguida pelo grupo Volkswagen, que a apresentou no recente Salão de Genebra através do concept Škoda Vision X.

A oferta de algumas marcas

GPLNo concreto, o que existe atualmente e o que se perfila em termos de oferta para os próximos meses?

Já há um número significativo de propostas com instalação de fábrica, a mais conhecida das quais é a gama FlexFuel da Opel, presente na quase totalidade da marca alemã.

Depois de ter presente no Dacia há vários anos, a Renault vai introduzir em Portugal o GPL nas gamas Twingo e Clio.

A aposta do grupo Volkswagen é no GNV (gama EcoFuel), que oferece melhor rendimento do que o GPL nos climas mais frios. Já existe desde o pequeno Up! ao familiar Passat ou no comercial Caddy, mas está presente também noutras marcas do grupo, como a SEAT, que está neste momento a desenvolver uma campanha com o Leon ST, especificamente direcionada para as empresas.

A integração da marca Opel veio também alavancar esta tecnologia no grupo PSA e, além da oferta que já existe na marca alemã, o grupo francês vai apresentar modelos GPL nas marcas Citroën e Peugeot, desde logo o 208 e o C3.

Outros construtores que já adotaram há muito esta solução e a têm estendido a toda a gama, incluindo comerciais, são a Fiat (dos pequenos Panda/500 aos novos Fiat Tipo e Jeep Renegade) e a Ford, incluindo no best-seller, Focus.

As marcas asiáticas também já estão a recorrer ao GPL em alguns mercados, como a Nissan, a Mitsubishi e, já em Portugal, a Kia com o anterior Picanto e a Hyundai com o i10.