Reduzir, em três anos, mais de dois mil milhões de euros em custos fixos. Este é o principal objetivo do Grupo Renault para fazer face à saída da “crise excecional” que o sector automóvel atravessa, resultante da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19).

Está previsto um projeto de ajustamento dos efetivos, que terá por base medidas de reconversão, de mobilidade interna e de saídas voluntárias em três anos. Em França, 4.600 postos de trabalho serão abrangidos. No resto do mundo, a marca prevê reduzir a sua força de trabalho em outros dez mil postos de trabalho. A marca esclarece que este ajuste será sempre feito através de “diálogo exemplar com os parceiros sociais e as autoridades locais”.

A FLEET MAGAZINE falou com a Renault, que confirma que “não está em perspetiva uma redução da capacidade industrial em Cacia”. A fábrica portuguesa de Cacia será responsável, agora a partir do verão, pela produção exclusiva da caixa de velocidades JT 4 que equipará os principais modelos e motorizações da marca.

O fabricante automóvel quer restaurar a sua competitividade no mercado e assegurar o seu desenvolvimento a longo prazo no seio da Aliança. Assim, este plano de contenção de custos passa pela simplificação de processos, redução da diversidade dos componentes automóveis e ajuste às capacidades industriais do Grupo.

Não estando posta de parte a transição energética, da qual a Renault faz parte e onde aposta boa parte das suas fichas, o projeto permitirá “reforçar a resiliência da empresa”, bem como a geração de cash flow, refere o Grupo. Abordar as atividades operacionais de forma mais rigorosa é uma das bases do novo plano que consiste nos seguintes pontos e que terá um custo estimado de implementação de cerca de 1,2 mil milhões de euros.

https://fleetmagazine.pt/2020/05/14/renault-eletrificacao-empresas/

Estas são as principais medidas do plano do Grupo Renault:

Melhorar a eficácia e reduzir os custos de engenharia (aproveitando as competências da Aliança) em cerca de 800 milhões de euros:

  • A adoção do programa leader-follower da Aliança, o aumento da standardização na produção e a otimização de recursos estão no topo das prioridades
  • Desenvolvimento de tecnologias estratégicas nas unidades de engenharia de Ile-de-France, em Paris, e a otimização dos centros de Investigação e Desenvolvimento além-fronteiras

Otimizar o aparelho industrial com uma economia de cerca de 650 milhões de euros:

  • Transformar e redimensionar as unidades fabris, ajustando os efetivos de produção
  • Suspensão de projetos de aumento de capacidade previamente estabelecidos para Marrocos ou Roménia
  • Estudar a adaptação da capacidade de produção do Grupo na Rússia
  • Criação de um polo para a produção de veículos elétricos e comerciais ligeiros no norte de França, envolvendo as fábricas de Douai e Maubeuge
  • Criar um ecossistema de economia circular na fábrica de Flins que inclua a transferência das atividades da unidade de Choisy-le-Roi

Maior eficiência das funções de suporte para uma redução de perto de 700 milhões de euros:

  • O Grupo pretende reduzir os custos gerais e de marketing

Recentrar as atividades:

  • O perímetro de atuação da rede de distribuição do Renault Retail Grupo na Europa será recentrado
  • A participação do Grupo Renault na Dongfeng Renault Automotive Company Ltd. Na China será transferida para a Dongfeng Motor Corporation, bem como serão cessadas todas as atividades ligadas aos veículos térmicos, sob a marca Renault no mercado chinês