Em Portugal, apenas 7% dos condutores portugueses utilizam carro cedido pela empresa. Esta é uma das conclusões de um estudo que o Automóvel Clube de Portugal (ACP) divulgou, focado na caracterização do parque automóvel atual em Portugal e na perceção de como este poderá evoluir no futuro, nomeadamente na eletrificação.
Ainda sobre a propriedade do automóvel que os portugueses regularmente conduzem, o ACP diz que a maioria (78%) conduz regularmente o próprio automóvel, enquanto 14% utilizam carro de um membro do agregado familiar.
Por outro lado, perto de metade (51%) dos condutores portugueses adquiriu o seu carro a pronto pagamento, sendo que 19% recorreu a um crédito automóvel e apenas 2% contratou um serviço de renting para conduzir uma viatura. Outros 2% recorreram a um aluguer de longa duração.
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Relativamente à idade do parque automóvel conduzido em Portugal, considerando condutores que conduziram no último mês, quase metade (46%) conduz um carro com 12 anos, sendo que 39% dos portugueses conduzem carros com mais de 20 anos.
Já quanto às deslocações com o automóvel, a maioria dos inquiridos (67%) faz no máximo até mil quilómetros por mês com o seu carro.
Quanto à perspetiva de trocar de carro, mais de metade (55%) dos participantes deste inquérito admite vir a fazê-lo entre um a cinco anos, mas há um outro número a ter em consideração: 1/3 dos inquiridos diz não pretender voltar a comprar/trocar de carro.
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Ainda neste estudo, concluiu-se que a penetração de carros elétricos entre os portugueses é de 2,2%, sobretudo junto da população masculina, mais velha, de classe alta, habitante na região Centro do país.
“Apesar da maioria conduzir regularmente o seu automóvel (78%) e de não ter dúvidas em gostar de trocá-lo por outro com uma fonte de energia mais amiga do ambiente, o preço e a autonomia ou a ausência dela, são os principais entraves para que o façam”, refere o estudo.
A realidade nos parques automóveis onde os combustíveis verdes ainda têm pouco impacto, também reforça esta realidade, conclui o ACP.
Mas continua a haver desafios, nomeadamente no que respeita aos carregamentos: dos condutores com elétricos e que participaram no estudo, 43% assume dificuldades em encontrar lugares para carregar o seu carro e dois em cinco destes condutores revela que não é fácil carregar os seus carros elétricos em casa.
Relativamente aos percursos feitos com carro elétrico, 30% dos inquiridos diz fazer viagens apenas dentro da cidade, o que reforça a ideia de que este é um percurso ideal para este tipo de carros, nomeadamente entre casa e empresa. 28% diz fazer viagens de até 30 km e 25% refere já fazer viagens de média distância (entre 30 e 60 km).
Quanto à responsabilidade assumida com carregamentos, três em cada quatro dos inquiridos admite ser responsável pelo pagamento das despesas de carregamento do seu carro elétrico, sendo que apenas 6% dos entrevistados diz que essa despesa é suportada pela sua empresa.
Dados deste estudo do ACP revelam ainda que, a maioria dos proprietários de veículos elétricos faz entre um a três carregamentos semanais e gasta até sete euros por carregamento em casa e até 50 euros/mês a carregar o carro.
Metodologia do estudo
Estudo quantitativo com recurso a entrevistas telefónicas através do sistema CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing e com reforço amostral de condutores que possuem carros elétricos com entrevistas online através do sistema CAWI – Computer Assisted Web Interview.
A amostra telefónica recolhida é representativa da população portuguesa por género, idade e região.
Obteve-se uma amostra de 1.200 indivíduos, dos quais 130 foram excluídos por não terem carta de condução (1.070 amostra final da população). Obteve-se um reforço amostral de 480 condutores com veículos elétricos, que foram analisados conjuntamente com os 24 resultantes da amostra aleatória. Assim: amostra total de condutores: 1.550 (erro ± 2,54%) dos quais sem veículos elétricos: 1.046 (erro ± 3,1%) e com veículos elétricos: 504 (erro ± 4,5%).