Após declaração do estado de emergência, a média de empresas de Manutenção e Reparação que mantiveram pelo menos 50% dos trabalhadores em horário completo é de 66%, o que vem reforçar a importância do sector da manutenção na atual crise provocada pelo novo Coronavírus (COVID-19) – assegurando o fornecimento de bens e serviços essenciais.

De acordo com a ANECRA – Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel, em 39% das empresas de Manutenção e Reparação automóvel, até 25% das viaturas assistidas são viaturas ao serviço de frotas. Noutros 39% do mesmo tipo de empresas, entre 25 e 50% das viaturas intervencionadas pertenciam a frotas empresariais.

Já no que respeita a frotas de viaturas afetas a Serviços Públicos, em 83% das empresas este tipo de viaturas não representa mais de 25% do total de viaturas assistidas. Em 13% das empresas inquiridas, as viaturas afetas a Serviços Públicos representam entre 25% a 50% das viaturas assistidas.

Estes são alguns dos resultados de um inquérito realizado pela ANECRA que procura contextualizar a situação do sector automóvel nacional antes e depois das inibições que a atual contingência sanitária impôs.

Faturação

Com os canais de distribuição a reduzirem a sua atividade, os centros de inspeção a fecharem e muitas empresas de reparação e manutenção (ainda a operar) a terem de adotar novos procedimentos de higienização na sua atividade diária, o sector sofreu até agora um considerável número de mudanças nas suas operações e faturação.

Os consumidores alteraram os seus hábitos e, consequentemente, deixaram de procurar bens e serviços; Um dos impactos da pandemia, que mostra já sinais de crescente visibilidade, é o financeiro, com 42% das empresas inquiridas a referirem que sofreram quebras na faturação de mais de 70%.

O número de empresas que manteve os volumes de faturação situa-se nos 3%.

É no sector do Comércio que se verificam as maiores quebras, com 65% das empresas a assumirem terem sofrido quebras de faturação superiores a 70%.

https://fleetmagazine.pt/2020/04/06/governo-suspende-comercio-presencial-de-automoveis-online-mantem-se/

Quanto ao sector da Reparação, a quebra no volume de faturação não foi tão acentuada quanto o sector do Comércio (-39%) – valor que espelha a ainda presente utilidade deste sector perante as transportadoras de bens essenciais.

Linhas de crédito

Muitas são, atualmente, as associações que intercedem junto do Governo para a criação de linhas de crédito que protejam as empresas do sector automóvel. A ANECRA foi uma das associações a exigir a adoção urgente deste tipo de medidas.

Em relação a utilizar linhas de crédito, “não há uma tendência claramente maioritária”, diz a ANECRA, com “apenas” 25% das empresas inquiridas a ponderar utilizar este tipo de apoio governamental. 31% das empresas refere não pretender utilizar linhas de crédito para apoiar os seus negócios, mas a maior fatia é a dos indecisos, com 44%.

Analisando o sector do Comércio, 30% das empresas pondera utilizar linhas de crédito, enquanto que 36% descarta essa possibilidade; 34% permanecem indecisos.

Já no sector da Reparação automóvel, a fatia menor cabe às empresas que dizem querer utilizar linhas de crédito (23%). 31% das empresas diz que não pretende utilizar este tipo de apoio. 46% das empresas permanecem indecisas.

Rede de emergência de oficinas

Há em cima da mesa a possibilidade das empresas de Manutenção e Reparação integrarem uma rede de oficinas de emergência.

51% das empresas mostram-se favoráveis a integrarem essa rede, enquanto 13% diz não estar interessada nesse cenário. 36% permanecem indecisas.

Comércio de Peças

A cadeia de abastecimento de peças continua a ser um elemento fundamental nas operações das empresas de Manutenção e Reparação, e 55% das empresas inquiridas referiram sentir “algumas dificuldades” em adquirir peças para a sua atividade. 16% referiu sentir “muitas dificuldades”. 22% referem sentir, no período atual, dificuldades pontuais e apenas 7% diz não ter sentido dificuldades no abastecimento de peças para as suas operações.

Universo inquirido

Foram validadas 481 respostas de empresas portuguesas. Os dados abaixo apresentados referem-se em exclusivo ao exercício da atividade em 2020 antes e após a primeira declaração do estado de emergência.

Das empresas que responderam ao inquérito da ANECRA, destaque para a predominância de respostas nas zonas da Grande Lisboa e Grande Porto, que juntas correspondem a mais de 50% de respostas.

Foram analisadas empresas nas seguintes áreas:

  • Reparação e Manutenção
  • Comércio de Peças
  • Comércio de Viaturas Novas
  • Comércio de Viaturas Usadas

86% das respostas a este inquérito foram dadas por empresas na área da Reparação e Manutenção, estando as 15% restantes ligadas ao Comércio de Viaturas Usadas, 8% ao Comércio de Peças e 5% ao Comércio de Viaturas Novas.

https://fleetmagazine.pt/2020/03/26/indicata-covid-residual-usados-comercio/

9% das empresas que responderam ao inquérito têm simultaneamente atividade em mais do que uma das quatro áreas supracitadas.

Conclui-se ainda, com este inquérito, que mais de metade das empresas consultadas têm até cinco trabalhadores (59%), 23% têm entre seis e dez trabalhadores e 18% têm mais de dez trabalhadores.

Para a ANECRA, os resultados obtidos por este inquérito permitirão um melhor e mais detalhado diagnóstico ao sector, o que permitirá apontar os seus riscos e carências e, a partir daí, traçar novos rumos. “Apontar caminhos e reivindicar a implementação de medidas governamentais que possam contribuir efetivamente para a sustentabilidade da atividade empresarial do sector”, diz a associação.

Consulte na íntegra o “Inquérito – Estado de Emergência Face ao COVID-19” da ANECRA