No seu mais recente livro 21 Lições para o Século XXI, o autor Yuval Noah Harari junta a sua voz a outros cientistas e pensadores identificando a inteligência artificial (IA) como um dos mais importantes avanços tecnológicos do nosso tempo, convidando-nos a reflectir sobre os desafios que se colocam à humanidade num futuro próximo.
A teoria que serve de fundação à IA data de 1950.
No entanto, apenas nas últimas décadas ganhou uma aplicabilidade prática mais vasta com a aprendizagem automática e está a acelerar à medida que factores convergentes ganham escala: Crescente quantidade de dados disponíveis, poder de computação e sofisticação dos algoritmos e métodos de treino.
A actual onda de inovação no campo da IA não nos traz na realidade inteligência, mas uma componente critica da inteligência: a previsão, defendem os autores de Prediction Machines: The Simple Economics of Artificial Intelligence. Previsão é o processo de completar informação emfalta.
A previsão pega na informação disponível (dados) e utiliza-a para gerar informação que não temos.
Apesar de parecer magia trata-se apenas de ciência de dados e programação e a sua aplicação prática já está disponível em imensas situações corriqueiras do dia-a-dia.
Desde a protecção do nosso cartão de crédito à detecção de spam no nosso correio electrónico. É o coração de serviços como os da Google ou Facebook e de assistentes virtuais como a Siri.
A MB Sprinter tem um novo sistema de organização e reconhecimento de carga: uma série de câmaras rastreiam automaticamente encomendas à medida que entram e saem do veículo
À medida que aplicamos a IA a problemas mais complexos, os autores defendem que o potencial de disrupção é enorme e ilustram com um caso que poderá envolver a transformação profunda da estratégia de uma conhecida empresa.
Propõem eles: Por exemplo, se a Amazon conseguir prever com precisão o que os compradores querem, ela pode pivotar do atual modelo de compra-depois-envio para um modelo envio-depois compra, fazendo-nos chegar a casa produtos ainda antes mesmo de os termos encomendado.
Esta mudança fundamental poderá transfigurar não só modelos de negócio inteiros como toda a estrutura de transportes e logística que conhecemos.
Não é por acaso que a indústria automóvel, neste caso a Daimler, façam uma das suas aproximações à IA no domínio da logística visando dar resposta ao crescimento do comércio electrónico e entregas porta-a-porta.
Recentemente a equipa responsável por pensar o futuro do transporte na Mercedes-Benz Vans lançou uma prova de conceito onde apresenta um novo sistema de organização e reconhecimento de carga.
Este equipa a nova Sprinter com uma série de câmaras que rastreiam automaticamente encomendas à medida que entram e saem do veículo.
Alimentado por visão computacional e IA, o sistema identifica e regista as encomendas à medida que estas são trazidas para o veículo e recomenda a posição de arrumação ideal com base no tamanho e no destino final da embalagem.
O sistema monitoriza continuamente o espaço de carga ao longo da rota e rastreia quaisquer alterações na localização de uma encomenda.
Em cada ponto de entrega, o sistema procura automaticamente o pedido do cliente e direciona o motorista para a respectiva embalagem por meio de LEDs instalados nas prateleiras e em todo o espaço de carga, permitindo operações mais rápidas e eficientes.
No entanto, as iniciativas da indústria automóvel neste campo não se ficam por aqui.
A tendência crescente de um veículo deixar de ser um meio de transporte pessoal desconectado para se transformar num nó inteligente hiper-conectado num complexo ecossistema de mobilidade torna absolutamente necessária a exploração do potencial da IA, a qual se encontra ainda na sua infância.
É entusiasmante poder assistir ao aparecimento dos primeiros assistentes pessoais inteligentes de apoio ao condutor, mas o mais interessante está para vir.
Esta tecnologia terá aplicação e trará benefícios em enumeras áreas da logística e mobilidade, mas não podemos deixar de destacar o salto tecnológico espantoso que é o projecto do veículo autónomo.
Só possível porque a IA começa a permitir o reconhecimento e mapeamento fiável de objectos em volta do veículo e porque a aprendizagem automática está a construir modelos de previsão com base na observação da nossa própria experiência de condução em ambiente real.
Se a blockchain poderá ser o sistema operativo onde corre o futuro da logística e da mobilidade a IA será a ferramenta principal, a qual promete criar numerosas oportunidades de melhorar operações, gerar novas fontes de negócio e reduzir custos.
http://fleetmagazine.pt/2018/10/11/blockchain-mobilidade/