A realização de trabalhos a prazo, projetos sazonais e a colocação ou mobilidade temporária de colaboradores requerem muitas vezes a procura pontual de uma ou mais viaturas. Os tempos de incerteza económica vieram dar uma dinâmica nova aos alugueres de curta duração. Concentramos neste artigo alguma da oferta atual de locação flexível, tanto de gestoras de frota como de empresas de rent-a-car.
Além das necessidades temporárias de mobilidade, vários fatores podem levar à procura de soluções de locação de prazo mais curto:
- Contratualização com maior flexibilidade de prazos, seja pela entrega antecipada da viatura ou antecipando a eventual necessidade de extensões sucessivas do contrato (algumas vezes com reajustes dos encargos, sendo que a dilatação do prazo inicialmente contratualizado pode até gerar uma redução do custo médio do aluguer);
- Uma resposta mais rápida na elaboração de propostas, efetivação do contrato e, sobretudo, entrega da viatura, que geralmente já está disponível, matriculada e preparada;
- Menos burocracia processual e financeira;
- Em alguns segmentos, pode significar poupanças significativas ao nível da Tributação Autónoma.
A COVID-19, a paralisação parcial da economia e as incertezas em relação ao desempenho da atividade da empresa acrescentam, em 2020, outras razões com efeito positivo sobre a procura desta solução:
- Atraso na entrega do modelo automóvel pretendido, por dificuldades de fornecimento das fábricas, devido aos atrasos da produção ou logísticos;
- Dúvidas quanto à evolução da economia, quanto ao rumo dos negócios em curso ou previstos, com grande impacto nas atividades com necessidades de transporte de mercadoria e/ou pessoal (empresas de aprovisionamento ou limpeza de escritórios, de distribuição de refeições ou de prestação de serviços sociais, por exemplo);
- Indefinição quanto à manutenção de postos de trabalho com viatura, como colaboradores da área comercial e quadros com direito a viatura de função;
- Incerteza quanto à política de frota futura, nomeadamente no que se relaciona com decisões de downsizing de atribuição de viatura ou de transição para outras formas de mobilidade, nomeadamente veículos eletrificados.
https://fleetmagazine.pt/2020/07/08/tributacao-autonoma-perguntas-e-respostas/
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O contributo do “novo normal”
“Ninguém obviamente estava preparado para este ‘volto já’ dentro de dois meses”, exclamava João Pedro Lopes, gestor de frota do Millenniumbcp, num depoimento a propósito da situação inesperada vivida este ano. Proferida em abril de 2020, a afirmação permanece em parte válida após o período de confinamento, com algumas empresas a vivenciarem um regime de lay-off e outras, cuja atividade o permite, a manterem os colaboradores em teletrabalho ou em regime misto, regressando em modo rotativo aos escritórios.
E o facto de continuarem a pairar algumas incertezas laborais referidas anteriormente – indefinição quanto ao modelo futuro de trabalho ou até em relação à manutenção do número de trabalhadores -, justifica o interesse de muitas empresas por soluções de aluguer até 12 meses, sem penalizações, caso seja necessária a devolução antecipada da viatura.
“O período atual que vivemos tem trazido enormes transformações ao tecido empresarial na aceleração da transformação digital, na alteração forçada dos hábitos de trabalho e das constantes adaptações necessárias perante a falta de visibilidade do ritmo da retoma para muitos dos sectores”, refere Duarte Guedes, CEO da Hertz Portugal.
Mas, se este “novo normal”, incerto ainda na sua extensão e forma, levanta dificuldades com novas exigências, gera também oportunidades inesperadas tanto para as empresas com frota como para os agentes prestadores de serviços de locação.
“A partir do final de março o mercado automóvel fechou e tornou-se extremamente difícil obter cotações de viaturas para mobilidade temporária. Quando nos apresentaram o FlexiPlan percebemos que tínhamos o melhor dos dois mundos: mobilidade imediata, com quilometragem ilimitada e franquia zero; e um preço muito económico, quando comparado com outras opções de mercado”, explica Bruno Marçal, gestor da frota automóvel, a aposta da Claranet Portugal neste produto.
Assim, um tipo de oferta muito dominada pelas empresas de rent-a-car, viu crescer neste mercado algumas gestoras de frota: ALD, Arval, Finlog e LeasePlan estão a promover soluções de aluguer flexível de curto prazo (alguns deste serviços já existiam mas ganharam maior expressão), com a vantagem de algumas locadoras incluírem mais do que uma viatura, ou tipo de viatura, no produto. Uma oportunidade que satisfaz as gestoras que rodam o parque existente reduzindo as necessidades de novos investimento, ou que aproveitam para fazer crescer a presença de viaturas eletrificadas na sua frota de aluguer.
https://fleetmagazine.pt/2020/07/27/eletrificacao-com-o-que-podemos-contar/
Assim é porque este momento tão particular está igualmente a ser uma oportunidade aproveitada por algumas empresas para testarem ou implementarem a transição elétrica da sua frota, justificada por razões de redução dos custos da frota, maior sustentabilidade ambiental ou pelo aumento das restrições à circulação urbana de veículos com emissões de CO2. Até porque a redução das necessidades de deslocação de muitos colaboradores, teve como consequência imediata a diminuição das necessidades de autonomia e a quilometragem média dos contratos das viaturas.
E, através de uma oferta cada vez mais ampla de soluções de mobilidade, mais empresas de rent-a-car concorrem com sistemas flexíveis de aluguer de viatura para particulares e empresas, procurando compensar, desta forma, a redução das receitas do sector do Turismo.
Contudo, a procura de fórmulas de aluguer de curto e médio prazo não provém apenas das empresas, sendo interessante constatar que, alguns factores que estimulam os clientes particulares, são partilhados pelas empresas:
- Indecisão relativamente ao tipo de viatura a adquirir (e esta pode ser uma oportunidade para “testar” as capacidades e o potencial operacional de um automóvel eletrificado);
- Dificuldades de obtenção de crédito ou incerteza quanto à forma de canalizar o investimento;
- Necessidade imediata de mobilidade para fins académicos ou profissionais, que não faça uso de transporte público devido a receios de contágio.
Daí que algumas propostas incluídas neste texto dirijam a oferta aos dois canais de negócio.
Tributação Autónoma
Alugar uma viatura por períodos bastante curtos não é uma novidade em muitas empresas; é até uma fórmula utilizada para reduzir o impacto da Tributação Autónoma nas viaturas com valor mais elevado. E fazem-no recorrendo geralmente a produtos específicos de empresas de rent-a-car, que dispõem de ofertas que cobrem todas as categorias e segmentos, de veículos comerciais a automóveis de passageiros premium.
De facto, para as locações de prazo até três meses e não renováveis, é aplicada uma taxa de tributação autónoma de 10%, igual à que atualmente é praticada para os encargos com viaturas ligeiras de passageiros com custo de aquisição até 27.500 euros.
Gestoras de frota
ALD
- ALD Flex, alugueres superiores a 30 dias, com alguns serviços incluídos e possibilidade de devolução, sem penalizações, após esse período;
- Viaturas novas e seminovas.
“Vivemos um momento de grande incerteza. O aumento de preços, o processo de transição energética, as novas formas de trabalho e o contexto económico, originaram a necessidade de soluções rápidas, eficientes e flexíveis, garantindo a mobilidade dos utilizadores e a atividade das empresas.”
– Nuno Jacinto, diretor comercial da ALD
ARVAL
- Mid Term Rental (MTR): períodos de 1 a 24 meses, vários serviços incluídos e duração do contrato livre de alterar a qualquer momento;
- Viaturas novas ou no máximo até três anos.
“As PME’s optam pelo Mid Term Rental porque precisam de uma solução totalmente flexível até terem a certeza de como irá evoluir o seu negócio ou porque ele é mais sazonal. As gran- des empresas recorrem a este serviço, seja porque têm colaboradores que se encontram em projetos temporários, seja para expatriados ou para colaboradores que estão à espera de uma viatura nova.”
FINLOG
- A gestora disponibiliza várias soluções de renting flexíveis, com mais do que um tipo de viatura ou associadas a outras formas de mobilidade, incluindo partilhada, nenhum dos quais de curta duração. Porém, o grupo do qual faz parte disponibiliza o Xtracars através da marca Guerin.
“A pensar neste novo panorama e no dia-a-dia cada vez mais exigente, tal como os negócios, seguimos de perto as necessidades dos nossos clientes para garantir soluções que lhes dão a melhor resposta, seja para otimização de custos, desenvolvimento sustentável e/ou proteção do ambiente. Nos próximos tempos teremos mais novidades que permitirão aos clientes ainda mais flexibilidade.”
– Pedro Saraiva, administrador da Finlog
LEASEPLAN
- FlexiPlan: alugueres superiores a 30 dias, diversos serviços incluídos e devolução sem penalização;
- Viaturas novas e seminovas.
“O FlexiPlan responde às necessidades do contexto em que vivemos, um período de incerteza a que as empresas mais uma vez têm de se adaptar. O sucesso fez com que o produto fosse tendo evoluções e melhorias e que agora apostássemos em torná-lo ainda mais simples e flexível, com a possibilidade de devolução do veículo sem custos, se os planos ou a duração dos projetos dos nossos clientes se alterarem.”
– Pedro Pessoa, diretor comercial da LeasePlan
RENT-A-CAR
AVIS
- Flex, alugueres superiores a um mês, renováveis mensalmente;
- Free Move, flexível na duração do contrato, tipo de viatura e alteração de condutores;
- Viaturas ligeiras de passageiros e comerciais
EUROPCAR
- Long Term, de 1 a 24 meses, com flexibilidade de devolução antes do final do contrato;
- Três níveis de oferta: Super Flex (mínimo de 30 dias), Flex (mínimo de três meses) e Flex+ (mínimo de 12 meses);
- Viaturas ligeiras de passageiros e comerciais novas ou com até um ano.
“Este tipo de resposta permite às empresas ter sempre uma viatura recente e atualizada, quer em design quer em tecnologia e, ao mesmo tempo, ter um orçamento estável nos custos mensais. Neste período de recuperação da economia este último ponto é fulcral na vida das empresas.”
– Nuno Barjona, Head of Marketing & Urban Mobility
FREE2MOVE
- Free2Move RENT, alugueres até 28 dias, renováveis até um ano;
- Viaturas ligeiras de passageiros e comerciais com quilometragem até aproximadamente 20 mil quilómetros.
FIRST RENT
- Alugueres de curta duração;
- Viaturas novas e seminovas até 1 ano.
“Oferece tudo aquilo que hoje os gestores de frota mais procuram: descompromisso.
A não obrigatoriedade de um contrato com um prazo definido, no momento em que a pandemia obriga a flexibilizar compromissos e a reduzir equipas.”– Tiago Barros, general manager da First Rent
GUERIN
- Ofertas Corporate com alugueres mensais;
- Gere a marca Xtracars, que se destaca por um processo inteiramente digital de aluguer diário ou mensal até um ano e com possibilidade de entrega no mesmo dia;
- Viaturas ligeiras de passageiros e comerciais em média com menos de 2 anos e até 50 mil quilómetros;
- Ausência de custos de cancelamento do serviço ou penalizações em alugueres superiores a um mês.
“Na Xtracars, a nova marca de mobilidade do Grupo Salvador Caetano, acreditamos que a vida é uma evolução constante e que a sua dinâmica é cada vez maior, mais digital e mais acelerada. Por isso, oferecemos uma solução de mobilidade rápida e flexível, com um processo 100% digital, ideal para quem procura flexibilidade e mobilidade sem compromissos.”
– Sérgio Ribeiro, administrador da Salvador Caetano Auto
HERTZ
- Minilease, para prazos superiores a um mês, renováveis mensalmente;
- Frota de viaturas ligeiras de passageiros e comerciais com idade média de seis meses.
“A flexibilidade do aluguer é procurada por quem tem necessidades pontuais (project driven ou de natureza sazonal) ou incertezas quanto ao desenvolvimento do negócio futuro. Um exemplo de uma utilização project driven é a adaptação de algumas empresas à mobilidade elétrica. Na Hertz temos desenvolvido parcerias para propor soluções completas de mobilidade elétrica que inclui tanto a componente carro como a de carregamento.”
– Duarte Guedes, CEO da Hertz Portugal
SADORENT
- Tarifas corporate até 12 meses, com variações de preços entre os seguintes intervalos: 1 a 2 meses, 3 a 6 meses, 9 a 12 meses;
- Flexibilidade total: se o cliente inicialmente optar por 2 meses e prolongar até aos 12 meses beneficia da tarifa mais baixa do aluguer, que será a dos 12 meses, desde o início;
- Total flexibilidade para adaptar as necessidades ao tipo de oferta, nomeadamente a possibilidade de interrupção do aluguer para troca pontual por outro tipo de viaturas (por exemplo uma viatura comercial), sem que sejam alteradas as condições iniciais;
- Viaturas com idade bastante variável dependendo da sua disponibilidade em frota.
“O renting contratual longo em tempos de incerteza aumenta o risco operacional das empresas, pelo que soluções com durações maiores ou menores, pontuais, cíclicas ou intermitentes, afiguram-se como mais ade- quadas. Transforma um custo fixo num custo variável (só existe se se consome), com um produto que pode moldar-se às necessidades do cliente.”
– Nuno Cerqueira, administrador executivo da Sadorent
SIXT
- Flex, alugueres de três meses a um ano, renováveis mensalmente e sem penalização a partir do período mínimo;
- Viaturas ligeiras de passageiros e comerciais de 2019 e 2020, com uma média de 15 mil quilómetros.
“Neste momento as ENI/PME são, seguramente, o mercado que mais nos procura e também para quem a Sixt direcionou alguns produtos, como o Flex. Sentimos claramente que esse é o grande dínamo da economia e que sofreu particularmente com esta pandemia.”
– Raquel Fins, diretora de comunicação e marketing da Sixt
VALPIRENT
- Tarifas corporate para uma solução 2 a 6 meses e superior a 6 meses;
- Exceto em contratos superiores a 12 meses, viaturas ligeiras de passageiros e comerciais com até dois anos e 75 mil quilómetros.
“O aluguer de média/longa duração através de RAC tem sido a solução para uma gestão de frota menos burocratizada e mais flexível que o renting tradicional. Este tipo de cliente procura-nos para um serviço de frota que não está necessariamente associado a uma matrícula, mas sim a uma necessidade, que pode ser volátil de mês para mês.”
– Ricardo Ramos, diretor-geral da Valpirent