Depois do mercado automóvel ter crescido 24% em 2015, as previsões da ACAP para 2016 são mais conservadoras e na linha do que já tinha antecipado há um ano: apenas 5% no caso dos ligeiros de passageiros e 7% para o segmento VCL.
Em termos absolutos, a ACAP antecipa que 2016 venha a fechar com um total de 221 mil novas matrículas de ligeiros, 194 mil das quais serão versões de passageiros.
Estas previsões ficam claramente abaixo dos primeiros valores de crescimento de Janeiro de 2016, que registou um aumento de 16% face ao mesmo período do ano anterior.
Não tiveram também em conta os possíveis efeitos das medidas anunciadas para o Orçamento de Estado de 2016, como o possível agravamento do Imposto Sobre Veículos (ISV).
A este propósito, Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, garantiu que o governo não ouviu a opinião da associação e que, face ao possível agravamento, pode existir o risco de uma forte desaceleração da procura vir a resultar em mais custos do que benefícios para as contas do Estado.
“O agravamento vai minar a confiança dos operadores e dos consumidores, logo isso vai interferir nas projecções de impostos que o governo está a fazer”, sintetizou Hélder Pedro.
José Ramos, vice-presidente da ACAP foi ainda mais crítico: “O mercado português não está a crescer, está é a recuperar, e medidas desta natureza podem vir a colocar em causa essa recuperação. Continuamos a não ser ouvidos, como fez o governo anterior e o PS tanto criticou. O que é preciso? Que, como os taxistas, façamos um protesto bloqueando a Assembleia da República com carros?”
Em resultado do crescimento do mercado português, as receitas do ISV aumentou 23,1% em 2015 face a 2014.
Já as receitas do Imposto Único de Circulação reduziram 0,2%. Apesar dos novos métodos de tributação introduzidos em 2007 terem resultado num aumento dos valores para o Estado e na redução da parte correspondente das autarquias.
Distribuição do mercado em 2015
Em 2015 foram vendidos em Portugal 213.645 veículos automóveis: 178.496 ligeiros de passageiros e 30.856 comerciais ligeiros.
Por segmentos, a distribuição dos ligeiros de passageiros foi a seguinte:
O financiamento AOV representou 13% das vendas em 2015 e o canal RaC foi responsável por 25% das matrículas, revelou a ACAP com base em dados próprios, da ALF e da ARAC.
Por tipo de combustível, em 2015, o mercado português absorveu 67,5% unidades com motor a gasóleo (71,4% em 2014), 29,8% (26,5% em 2014) e 2,7% movidos a outro tipo de energia (2,2% em 2014).
Fiscalidade Verde não produziu resultados
Em 2016 venderam-se 645 viaturas elétricas, 438 híbridos plug-in, 3058 híbridos elétricos convencionais e 639 veículos movidos a GPL ou GPN.
Apesar das primeiras 3 categoriais revelarem um crescimento acentuado face aos totais de 2014, ficaram aquém do esperado e desejado pela reforma da Fiscalidade Verde introduzida pelo anterior executivo.
Sobre este assunto Hélder Pedro lembrou que, se o propósito era a redução de emissões, “o incentivo ao abate de veículos em fim de vida teria sido a única medida real realmente viável, algo que repetidamente tem vindo a ser reclamada pela ACAP”.
Em resultado disso, a idade média do parque automóvel em Portugal tem vindo a aumentar, facto agravado pelo crescimento da importação de veículos usados: 25% em 2015 e 20% em 2014.
Assim, a idade média dos 5.798.700 veículos que se estima continuam em circulação em Portugal é, por categorias, de 11,8 anos dos comerciais ligeiros, 11,9 anos no caso dos ligeiros de passageiros, 14,6 anos para os pesados de mercadorias e 15,5 anos de pesados de passageiros.
Variação da idade média do parque automóvel nos últimos 15 anos:
