Os efeitos da Covid-19 voltaram a fazer-se sentir sobre a indústria e sobre o mercado automóvel em 2021.

Depois da queda de 23,7% registada em 2020, em relação aos resultados de 2019, o comércio de carros novos na Europa voltou a cair, desta vez 2,4%, em 2021.

De acordo com a ACEA, Associação Europeia dos Construtores Automóveis, os 9,7 milhões de carros vendidos na União Europeia em 2021 representam o valor mais baixo registado desde o início da actual série estatística (na década de 90).

Inclusivamente abaixo de 2013 e de 1993, os piores anos para a indústria automobilística.

A escassez de semicondutores e de outras matérias-primas essenciais é a causa principal de nova contracção do mercado europeu, arrastado pela redução das vendas na Alemanha.

Só este país, o maior mercado automóvel da Europa, matriculou menos 295 mil carros em 2021, perdendo 10,1% das vendas em relação a 2020.

Contudo, os grandes mercados mostraram comportamentos distintos: França e Espanha registaram um crescimento de poucos milhares de unidades, mas Itália conseguiu recuperar 5,5% face a 2020.

O mesmo aconteceu na Polónia (4,3%) e na Suécia (3,1%), enquanto nos Países Baixos a queda foi de 9,2% e na Bélgica de 11,2%.

Em Portugal, apesar dos constrangimentos do mercado, o volume de matrículas de carros de passageiros novos cresceu muito ligeiramente.

Ainda assim, o saldo positivo de 0,8% significa pouco mais do que uma média de 100 unidades vendidas por cada mês de 2021.

Fora da UE, o Reino Unido cresceu 1%.

mercado
Dados: ACEA, Associação Europeia dos Construtores Automóveis

Desempenho dos construtores na UE

A queda afectou os principais construtores europeus:

  • O grupo Volkswagen recuou 4,8%, com 2,4 milhões de unidades
  • A Stellantis, apesar de já contar com o grupo FCA (Fiat, Jeep, Chrysler e outras) desceu 2,1%
  • A fechar o pódio dos fabricantes, o grupo Renault perdeu 10,2%.
  • O grupo Daimler reduziu 12,4% e desceu para a sétima posição. Mas embora tenha visto a produção reduzida em mais de 86 mil unidades, o construtor alemão conseguiu elevar as receitas ao apostar em modelos e versões com margens de lucro mais elevado.Em sentido contrário:
  • O grupo Hyundai, que integra a marca KIA, cresceu 18,4%
  • O grupo BMW subiu 1,5%
  • O grupo Toyota ganhou 9,1%

Em Portugal, a marca e o modelo dominantes em 2021 têm o leão estampado: a Peugeot, destronando 22 anos de liderança da Renault em Portugal, e o Peugeot 2008, cujo número de matrículas superou as dos Renault Clio e Captur.