Portugal tornou-se o mercado de automóveis usados mais forte da Europa durante o mês de junho – cresceu 36,2% face ao período homólogo, diz o mais recente relatório do Observatório INDICATA.
Já em maio Portugal tinha apresentado um crescimento de 20,8% face ao mesmo mês de 2019.
Não há, até à data, sinais de abrandamento, apesar das recentes medidas de confinamento e do estado de calamidade imposto em alguns concelhos da zona de Lisboa e Vale do Tejo.
No nosso país, junho trouxe um aumento nas vendas dos automóveis mais recentes (até três anos), com 50,4% de crescimento acima dos valores registados no ano passado. Já os veículos com idades entre os três e seis anos registaram também um aumento na ordem dos 38%.
O preço de retalho, que estava a descer durante o período de bloqueio, já estabilizou.
O preço está agora 2,4% abaixo dos níveis de fevereiro e não foi corrigido em alta. Esta tendência não deixa de ser surpreendente, diz o INDICATA, dado o assinalável desequilíbrio entre a oferta e a procura observada no mercado.
As vendas estão a atingir cerca de 800 unidades por dia, mas as entradas de stock novo no mercado registam uma média de 400 unidades por dia – a procura superou a oferta de forma a ter produzido uma queda de cerca de 8% desde abril.
Com a procura a exceder a oferta, num mercado que regista “alguma escassez de stock”, a estabilização dos preços de retalho sugere que os retalhistas estão a perder a oportunidade de reposicionar seletivamente em alta o seu stock, diz o INDICATA. Esta realidade verifica-se principalmente nas unidades de rotação rápida (onde a relação entre a oferta e a procura é particularmente favorável).
Comportamento europeu
O mercado europeu de usados aumentou 13,2% em junho e a procura superou a oferta, o que resultou numa escassez de stocks no retalho automóvel do velho continente. Praticamente todos os mercados europeus (à exceção do francês) estão a regressar aos números pré-bloqueio e encontram-se agora a operar acima do ano passado.
Os stocks dos retalhistas baixaram em 500 mil carros usados, comparativamente ao registado no início de abril. Segundo Andy Shields, diretor-global do INDICATA, a procura reflete-se nos volumes e nos preços da unidade de negócios de leilões Autorola Marketplace, com os preços de vendas e as taxas de conversão a continuarem a aumentar.
O aumento da procura verifica-se nomeadamente nos SUV e nos segmentos desportivos e de luxo, o que pode ser traduzido numa crescente confiança dos consumidores.
Andy Shields diz que há uma estabilização dos preços de retalho, mas que dadas as alterações dos preços de comércio, a escassez de oferta de stock fresco e a escassez de stock nos parques faz os retalhistas perderem oportunidades de revalorização e de aproveitarem para aumentar o retorno do seu investimento.
Para o responsável, existem oportunidades para quem leva em consideração e tem visibilidade sobre os veículos com maior rotação: “veículos em que a relação entre a oferta e a procura é favorável podem ser reposicionados em alta”, conclui.
Consciência ambiental
O relatório do Observatório INDICATA revela que, na maioria dos mercados, se verifica uma transição ambiental. A escolha por motorizações mais eficientes do ponto de vista ambiental é cada vez mais uma realidade.
Os veículos elétricos registaram, no canal de usados durante o mês de junho, um crescimento de 123%. Os híbridos também cresceram, com um aumento de 92% face ao período homólogo. Regista-se assim uma transição do diesel para motorizações mais limpas. Ainda que o gasóleo registe uma subida de 6% face ao ano anterior, este crescimento fica atrás do mercado com a passagem do volume para a gasolina, que regista um crescimento de 17% em termos homólogos.