A análise Indicata relativa ao mês de Agosto evidencia o impacto que a crise de semicondutores está a ter sobre o mercado de veículos usados na Europa.

Com os tempos de espera de alguns modelos novos a estenderem-se por vários meses, os consumidores europeus voltam-se para o mercado de veículos seminovos.

Porém, também a oferta deste tipo de modelos está a reduzir-se, acelerando a rotação de stocks e pressionando o nível médio de preço das viaturas com menos de quatro anos.

Entre as causas para esta escassez de produto estão certamente a redução da produção do rent-a-car de 2020 e ainda o facto de algumas frotas de empresas estarem a estender os prazos de renovação das suas viaturas, quer devido à falta de veículos novos ou porque as viaturas em parque apresentam quilometragens mais baixas, devido aos períodos de confinamento e ao teletrabalho.

“Para evitar longos prazos de espera, os clientes estão a olhar para o mercado de usados quando querem trocar de carro. Isto está a dar um impulso ao mercado de automóveis usados em toda a região, que é no acumulado de Agosto 13,9% acima dos primeiros oito meses do ano passado e 10,6% superior ao mesmo período de 2019”, precisa o relatório do Indicata.

Por tipo de veículo, “a rotação de stock para o motor de combustão interna continua alta, com usados a diesel e gasolina a 7,6x em comparação com 5,7x para híbrido e 4,8x para BEVs”.

A nível europeu, VW Golf, Renault Clio e VW Tiguan são os modelos com maior volume de vendas entre os veículos com até quatro anos de matrícula.

A procura de automóveis elétricos usados também tem vindo a aumentar; cresceu 7% em Julho de 2021 e, embora a venda de BEV ainda tenha uma rotação de stock inferior aos veículos de combustão interna (de 4,8x face a 7,6x dos segundos), o “aumento mensal de 20% na rotação de stock mostra que a procura está a crescer”, refere o documento.

No que respeita aos 100% elétricos o pódio é preenchido pelo Renault ZOE, BMW i3 e Nissan Leaf.

O comportamento do mercado de automóveis usados em Portugal

Dependente da disponibilidade de stocks europeus para abastecer o seu mercado de veículos usados com poucos anos, o mercado português tem mesmo assim dado mostras de grande vitalidade.

“As vendas de automóveis usados online B2C nos primeiros oito meses de 2021 estão agora  21,5% acima do mesmo período de 2020 e são 22,6% mais altas do que em 2019”, mostra este relatório Indicata.

O efeito deste aumento da atividade já tem consequências: o stock de usados online B2C entrou, em Setembro de 2021, 15,5% abaixo do mês anterior e 16% abaixo dos níveis de Setembro de 2019, refere o estudo.

Renault Clio, Renault Mégane e Mercedes-Benz Classe A são os modelos com maior volume de comercialização de usados até quatro anos. Porém, o prémio de modelo com maior rotação em parque cabe ao Fiat Panda, “apenas 32,7 dias, em comparação com os 56,2 dias do Clio”.

Este gráfico confirma uma das consequências do aumento da procura e da redução dos níveis de stock: “estão a impulsionar o aumento dos preços dos usados”, conclui a análise do estudo Indicata relativa ao comportamento do comércio de automóveis usados em Portugal.