A Comissão Europeia apresentou um pacote de medidas de Sustentabilidade e Mobilidade Inteligente. Desse pacote faz parte um conjunto de estímulos que visa impulsionar a aquisição de veículos zero-emissões e promover a mobilidade elétrica no velho continente.

A ACEA (Associação Europeia dos Construtores Automóveis), no entanto, vê esta visão irrealista. O diretor-geral da ACEA, Eric-Mark Huitema, diz mesmo que esta é uma “visão muito afastada da realidade atual”.

De acordo com a associação, havia cerca de 243 milhões de ligeiros de passageiros a circular nas estradas da União Europeia. Desses 243 milhões, apenas 615 mil eram veículos eletrificados – 0,25% da frota total europeia. “para alcançar os objetivos da Comissão Europeia, teríamos de multiplicar o número de veículos eletrificados em 50 vezes durante os próximos dez anos”, refere Huitema.

Apesar dos investimentos que têm sido feitos no desenvolvimento destas soluções de mobilidade e da sua crescente quota de mercado, a ACEA crê que ainda não estão reunidas as “condições certas” para que o mercado abrace tamanho aumento.

A própria Comissão Europeia reconhece que, para o aumento do volume de veículos elétricos (VE) a circular nas estradas europeias é necessária uma infraestrutura de carregamento robusta.

Eric-Mark Huitema vai mais longe e diz quanto mais exigentes são as metas climáticas, maior devia ser o investimento em postos de carregamento nas estradas europeias.

https://fleetmagazine.pt/2020/10/20/sector-automovel-europeu-acea/

A Comissão Europeia prevê que, em 2030, sejam necessários cerca de três milhões de postos de carregamento públicos para fazer frente ao aumento de VE nas estradas. No final de 2019 havia cerca de 200 mil pontos de carregamento em toda a Europa.

Os membros da ACEA pedem assim, novamente, aos legisladores europeus para exercerem lobby junto dos Governos nacionais para investirem em pontos de carregamento elétrico.

“A experiência mostrou-nos que uma abordagem voluntária a estes objetivos não produz efeitos”, diz Eric-Mark Huitema. O responsável diz que há Estados-membros “muito ativos”, ao passo que outros “pouco ou nada fazem”. Assim, para o diretor da ACEA, a AFID (Alternative Fuels Infrastructure Directive) deve incluir objetivos concretos de investimento em infraestruturas para todos os Estados-membros.

A ACEA destaca ainda o facto de o parque automóvel europeu ter uma média de onze anos de idade. Como resultado da descarbonização, os automóveis novos serão mais caros para muitos consumidores europeus. Para isso contribui o “factor pandemia”, cujos impactos económicos ainda se sentem e podem vir a condicionar a renovação da frota europeia rumo a uma maior mobilidade elétrica.