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As empresas estão a passar cada vez mais dos carros para outras ofertas de mobilidade. Mas sabe como o estão a fazer? A Fleet Magazine esteve em Barcelona no maior evento de gestão de frotas da Europa e viu como isto está a acontecer.

O Fleet Europe Forum & Awards teve, neste ano, a sua maior edição de sempre com cerca de 700 participantes. Os maiores frotistas da Europa, líderes de compra e gestão de viaturas a nível mundial, grande parte dos fabricantes de automóveis, as gestoras, rent-a-car com ambições para os clientes profissionais, todos eles quiseram marcar presença em Barcelona, no dia 16 de Novembro (38 stands).

E porquê? Porque é lá que se discutem as últimas tendências do setor e é lá que se pode encontrar toda a gente. A Fleet Magazine foi parceiro oficial do evento e viu como a gestão de frota está a mudar para a gestão de mobilidade, tendência que já tinha sido adivinhada no evento anterior.

O primeiro painel levou logo responsáveis pela gestão de 79 mil viaturas, como prova da dimensão de frotas que estavam em causa. E falava sobre como os gestores de frota se vão transformar em arquitetos globais de mobilidade.

Romain Trebuil, da L’Oreal, apareceu num vídeo a explicar que desafio é este, ele que já tem alguns pilotos em teste na empresa. Desde já, o lema é: gerir a mobilidade para todos os empregados em vez de ser apenas sobre carros da empresa para um determinado grupo. Esta transição não é disruptiva; antes se vai desenrolar de forma gradual, de acordo com o que é possível fazer. “É preciso enquadrar este tema dentro do próprio negócio da empresa, mas ter também uma atitude de mudança”, disse.

Os restantes oradores do painel concordaram. Henrik Lundberg, da ISS World Services, que tem a seu cargo cerca de 25 mil viaturas, avisou que não se pode fazer tudo sozinho. “É preciso que a gestão de topo esteja de acordo, mas também considerar todos os outros stakeholders ligados à gestão de frota da empresa”. Velma Baptiste-Destouche, Global Health & Safety Manager da British American Tobacco, vincou por mais que uma vez a importância dos dados. “Os dados são muito importantes para saber o que é que podemos fazer. Não se trata tanto de viaturas, mas antes de tecnologia e de ler essa informação”.

 

Do local para o mundial

A conferência é europeia, mas acaba por ter uma vocação mundial. E para alterar os modos de ser clássicos para um conceito que traz tanta coisa de novo, é preciso avançar com segurança.

“É preciso fazer pilotos locais e só depois passar para soluções globais”, disse Daan Bieleveld, o único do painel já com o título de Global Mobility Manager, da farmacêutica Royal DSM.  E avançou com um pequeno conselho sobre como motivar as administrações para estas mudanças. “Temos que dar primeiro um exemplo positivo, antes de pedir tudo”. E estar preparado para as derrotas. “Nem todo os projetos se tornam globais, mas há diferentes oportunidades a níveis locais. Não devemos ter medo de tentar”, disse.

Para envolver as pessoas de cada país num projeto destes, é necessário saber as necessidades e tentar criar situações que as resolvam. “Tem tudo a ver com comunicação e formação”, disse Romain Trébuil. Mas do outro lado, existe também o aumento substancial de parceiros com quem os gestores de frota, agora de mobilidade, estão habituados a trabalhar. O que cria questões ligadas a escolha e decisão.

 

Quem serão os parceiros?

“Estamos a ver com parceiros, mas nem todas as soluções são aceites”, disse Lundberg. Já o gestor da Royal DSM explicou como faz. “A nossa função é mais holística e em vez de tentarmos inventar a roda estamos sempre a olhar para casos que já mostraram ser positivos”.

Trébuil disse que está sempre a procurar novos sistemas de mobilidade e a desenvolvê-las, seja a nível local, regional ou global. “Mesmo as coisas que já existem, como o carsharing, podem ser sempre melhoradas”, disse. “A entrada de millenials na empresa faz com que criemos sistemas que os agradem”.

Já da parte dos fornecedores, a proatividade tem sido menor. Lundberg deixou entender que a criação de um conjunto de fornecedores certificados é difícil. “Estamos à espera que os fornecedores façam o push, mas isso ainda não está a acontecer. E o contacto com as empresas disruptoras não é visível”.