focusBaseado nas ideias do Fiesta, o novo Ford Focus vem recheado de equipamento e mantém a agradável experiência de condução que deu cartas na anterior geração. Consumos e melhorias nos interiores são pontos positivos

 

A versão carrinha tornou-se um modelo icónico nas frotas. Fiável, poupado, espaçoso, com boas prestações e um excelente chassis que trazia uma condução irrepreensível, o Ford Focus foi a aposta de muitas empresas quando pensaram adquirir os veículos para o seu parque.

Ao lado destas características havia também o preço, muito convidativo. Depois, o modelo foi envelhecendo, os valores residuais começaram a descer – houve Focus saídos das frotas por menos de 10 mil euros no comércio – e os concorrentes do seu segmento davam lugar a novas versões, entre as quais se destacavam os excelentes Opel Astra e Renault Mégane.

Entretanto, a Ford lança o novo Fiesta, um carro para o segmento inferior que, em termos de qualidade/preço, foi o rei incontestável até surgir o Volkswagen Polo. As virtudes do Fiesta começavam por ser uma excelente posição de condução e um grande motor que fazia aí a sua estreia: o 1.6 TDCi.

A Ford lança o Fiesta com um preço e uma campanha de combate e, dentro do carro, os argumentos não desiludiam. Era de facto um segmento B muito bem conseguido. O novo bloco trazia-lhe prestações notáveis e, mais que isso, consumos que se tornariam referência.

O Focus é o caso invulgar de um pequeno familiar que nasce das ideias para um citadino. Talvez porque seja época de redução de custos e as marcas tentem conquistar os clientes numa fase cada vez mais verde da sua vida, o novo carro da Ford aparece rejuvenescido, mas com um nível de equipamento que o posiciona, logo na versão de entrada, entre os mais completos.

A lista de equipamento de série fala por si: faróis de acendimento automático, retrovisores eléctricos e aquecidos, limpa pára-brisas automático, jantes de liga leve de 17″, vidros escurecidos, grelha dianteira activa (única em veículos do segmento C), estofos parcialmente em couro, ar condicionado automático, rádio CD com Bluetooth e ficha USB, botão de arranque Ford Power, sistema Stop/Start, controlo automático da velocidade, sistema de protecção inteligente, ESP, sistema Ford EasyFuel, sistema de controlo em curva, sistema de detecção de deflacção de pneus, aviso dos cintos de segurança nos bancos traseiros, sistema automático de estacionamento e sistema de chave inteligente.

Mas, já dentro do carro, o que se nota é que a Ford resolveu não tornar estes dispositivos como o principal elo de ligação entre o condutor e o carro, mas antes fazê-lo como já tinha feito com as edições anteriores. É a condução do carro, a experiência a bordo, o melhor do Focus.

Em primeiro lugar, tenta disfarçar uma tendência para a utilização de materiais pobres no painel de instrumentação (o principal defeito do Fiesta, quem se esquece daquela coluna central em plástico para os comandos do rádio?).

Depois, os mostradores do carro têm bastante informação e essa fica colocada nos sítios certos, muito mais claros do que parecem à primeira vista e que deixam ver se estamos ou não a fazer uma condução económica. Os comandos estão todos bem posicionados, a arrumação nas portas é mais que suficiente e a climatização nem se dá por ela. Pormenor interessante, os três botões de acesso rápido para ligar e desligar os sistemas start/stop, auto parking e os avisadores sonoros de estacionamento.

Normalmente, a FLEET MAGAZINE não se presta a considerandos de design, mas há uma coisa neste carro que é impossível deixar de referir: a alavanca do travão de mão. Totalmente desproporcional, com um mecanismo que obriga a um esforço do ombro inusitado, o travão de mão está para o Focus como a coluna central de equipamento esteve para o Fiesta. De resto, o conforto a bordo é bom. A posição de condução, como já foi referido, continua ser das melhores no segmento – como acontecia anteriormente – e, para quem goste de baixar os bancos, este modelo dá-lhe a oportunidade de o fazer até ao limite.

Para 173 km, em circuitos mistos, a FLEET MAGAZINE fez uma média de 4,9 l/100km, mas com um esforço de eco-condução a roçar o limite da paciência. O Focus não é um carro gastador, mas para isso é preciso aproveitar bem o binário e saber fazer as trocas de velocidade no momento certo. Parece mais fácil do que é; não foi nem uma nem duas vezes que a passagem de terceira para quarta nos lembrou que o binário era apenas de XXX.

O comportamento em curva é excelente e o carro adorna bem, explicação primária pelos pneus de baixo perfil. O motor parece bastante potente quando se quer, tem um regime bastante bem equilibrado entre as seis velocidades, pecando apenas nalgumas situações em baixa rotação. Mas de resto, acelera bem desde o início, mantendo a potência com relativa facilidade.

Feitas as contas, estamos aqui a falar num regresso aos valores da anterior geração. Mas o novo Focus não se apresenta tão surpreendente como já foi, pese embora o nível de equipamento e a experiência de condução, os seus maiores trunfos.