Em 2023, os registos de novos veículos ligeiros na Europa aumentaram 14% face ao ano anterior, à medida que o fornecimento de componentes essenciais, incluindo semicondutores, normalizava. No entanto, no último trimestre do ano, o ritmo de crescimento abrandou, acabando por não ultrapassar os 6% face ao período homólogo.

A inflação parece estar mais controlada e as taxas de juro provavelmente terão atingido o seu pico. Neste contexto, a previsão atual da S&P Global Mobility aponta para uma estimativa de aumento de 2% do mercado de veículos ligeiros na Europa.

Um crescimento modesto é também esperado para 2025 e 2026, pelo que os volumes permanecerão bem abaixo dos níveis de 2019.

No entanto, é certo que a viatura se irá manter no centro da mobilidade empresarial, ao mesmo tempo que, do ponto de vista da gestão de frotas, assistimos a três grandes tendências:

1. A transição energética veio para ficar

Não há volta a dar! O processo de eletrificação vai prosseguir nos próximos anos. O Conselho da UE reconfirmou a proibição do motor de combustão interna para automóveis e carrinhas a partir de 2035, com exceção dos que utilizam exclusivamente combustíveis sintéticos. Para automóveis de passageiros, os BEV deverão tornar-se o tipo de motor mais vendido já a partir de 2025. É também de assinalar que, em média, na Europa, os preços dos combustíveis parecem ter estabilizado num nível… elevado, com o preço do gasóleo e da gasolina a não sofrerem grandes oscilações desde o último trimestre do ano passado.

Conselho europeu adota lei para simplificar carregamento de viaturas elétricas

No que diz respeito à eletricidade, os preços para as famílias estão agora a diminuir ligeiramente, após o forte aumento em 2022.

O principal motor da transição energética continuam a ser as empresas, bastante sustentado nos vários incentivos governamentais e fiscais. Os países nórdicos estão a liderar o caminho, juntamente com BeneLux. No entanto, Portugal também se encontra acima da média europeia no que diz respeito à venda de viaturas novas em 2023, com 32% de viaturas eletrificadas, face a uma média europeia de 23%, de acordo com os dados fornecidos pela ACEA.

As empresas procuram naturalmente be- neficiar dos incentivos fiscais. Porém, há também um claro sentido de responsabilidade de oferecer uma mobilidade mais sustentável aos seus colaboradores. Este esforço de substituir viaturas a combustão por eletrificadas envolve desafios que têm vindo a ser trabalhados.

De acordo com o último Arval Mobility Report, as empresas entrevistadas afirmam que, nos próximos 3 anos, 21% das viaturas das suas frotas serão 100% elétricas e 50% total ou parcialmente eletrificadas.

mobilidade
Incluído no Barómetro do Arval Mobility Observatory de 2023, este gráfico permite perceber que muitos constrangimentos ou barreiras que as empresas tinham ao uso de veículos 100% elétricos diminuíram significativamente nos últimos três anos. Facto que vai certamente contribuir para acelerar a transição energética das frotas, até porque a experiência das empresas que já utilizam viaturas elétricas irá certamente ajudar a tomada de decisão de muitas outras que ainda não avan- çaram (Resposta à questão “Quais os constrangimentos ao uso de viaturas 100% elétricas?”, com base em respostas de empresas em Portugal com experiência de viaturas 100% elétricas)

Subsistindo desafios à eletrificação, a verdade é que os constrangimentos à utilização de viaturas elétricas estão a diminuir. Questões como a insuficiência da rede de carregadores públicos, a autonomia das viaturas, a fiabilidade dos modelos ou mesmo a relutância dos colaboradores em utilizar uma viatura elétrica têm vindo a diminuir significativamente.

A este nível, penso que a ação da Arval e das gestoras de frota em geral, através da procura de novas soluções para os seus clientes, tem contribuído para uma transição energética mais simples e rápida. Por exemplo, englobando na oferta de renting várias soluções de carregamento, seja para casa do colaborador ou no trabalho, bem como para acesso à rede pública, com a faturação direta à empresa.

Ou seja, uma oferta integrada, que facilite a vida dos gestores e dos seus colaboradores.

Mas subsistem desafios. A criação de formas simples e fiáveis de medir o estado da bateria a cada momento, permitirá no futuro reduzir incertezas na utilização e recompra das viaturas. Em paralelo, devemos continuar a apostar na formação e pedagogia dos condutores para garantir uma melhor preservação das baterias.

Isto irá beneficiar o mercado de usados, o que naturalmente se irá refletir numa melhoria dos valores residuais destas viaturas e consequentemente numa diminuição do TCO.

Frota da Arval Portugal ultrapassará as 20 mil viaturas já este ano, diz José Pedro Pinto

2. Há uma crescente preocupação com o bem-estar e a mobilidade dos colaboradores

As empresas de hoje estão cada vez mais focadas na construção de um local de trabalho centrado nos colaboradores – e as deslocações diárias e viagens de negócios ainda desempenham um papel importante na sua experiência quotidiana.

Sendo a sustentabilidade uma preocupação das organizações e respetivas pessoas, nem todos os colaboradores têm as mesmas necessidades em termos de transporte.

Portanto, criar uma política de mobilidade sustentável que englobe diferentes soluções, não só demonstra o compromisso da empresa com a responsabilidade social, mas também ajuda a construir um local de trabalho com uma força de trabalho mais comprometida e produtiva.

A mobilidade inteligente ou smart mobility é, hoje, um eixo estratégico para muitas empresas e para a retenção dos seus colaboradores. A utilização de serviços de mobilidade partilhada de carros e bicicletas está a aumentar. Contrariamente, as trotinetes têm sido abandonadas por questões de segurança e regulamentares.

Verificamos, também, que soluções mais flexíveis em que se disponibiliza um orçamento de mobilidade estão a ganhar força, incentivadas por políticas fiscais favoráveis. É oferecido um valor mensal para a mobilidade do colaborador e este pode escolher onde o gastar, de acordo com as suas necessidades diárias.

Quando iniciámos o atual plano estratégico Arval Beyond em 2020, o tema “mobilidade” versus viatura era mencionado em 15% dos concursos para a gestão da frota. Agora são 80%! As empresas compreendem que a sustentabilidade envolve mais do que viaturas elétricas. Trata-se também de mobilidade e redução das suas emissões de CO2 em geral.

3. Maior foco em objetivos de segurança e de eficiência

Em paralelo com a eletrificação e a crescente preocupação com o bem-estar dos colaboradores, outros objetivos se colocam às empresas e às suas frotas com cada vez maior relevância, dos quais destaco:

  • O incremento e monitorização da segurança dos condutores na estrada com formação específica.
  • Uma gestão de frota com maior eficiência, quer em termos de TCO, quer da própria otimização de rotas das frotas operacionais.

Neste contexto, a conectividade das viaturas torna-se incontornável. A análise de dados de uma frota conectada (com a rigorosa proteção da privacidade dos condutores) e a extensão da vida útil da viatura, através de múltiplas utilizações, estará no centro da transformação para empresas e locadoras.

Focados na sustentabilidade

Na Arval, acompanhamos com muita atenção as novas tendências que acreditamos irão transformar o futuro da mobilidade. Estamos a iniciar uma reflexão estratégica, focados na melhoria da experiência do cliente no caminho da sustentabilidade.

Mas também em novas soluções para otimizar o TCO dos nossos clientes, orientando-os para o tipo de viatura certa, no momento e no local certo.

Iremos estabelecer novas parcerias para chegar a mais clientes e oferecer serviços de mobilidade mais flexíveis. Na base destes objetivos estarão os dados e a tecnologia ao serviço dos nossos clientes.